Daniela Nascimento

A REPRESENTAÇÃO DE TIRADENTES COMO HERÓI NACIONAL
Daniela Maria do Nascimento
Fábio André Hahn
UNESPAR


Esta comunicação visa apresentar resultados de uma atividade elaborada e aplicada no subprojeto de Ensino de História: práticas, metodologias e espaços de formação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), do Município de Campo Mourão no Estado do Paraná.

O estudo que será apresentado aqui tem por objetivo apontar o caminho metodológico da investigação sobre as diferentes interpretações de Tiradentes enquanto herói nacional comemorado no feriado de 21 de abril. Assim como, contribuir para o entendimento dos alunos da educação básica sobre as representações criadas a partir das fontes e variadas possibilidades explicativas.

Ao elegermos as representações de Tiradentes como questão central a ser abordada no ensino de história com alunos da educação básica, procuramos compreender conforme destacou Flávia Eloisa Caimi ao abordar o provérbio popular de que “para ensinar história a João é preciso entender de ensinar, de história e de João”(CAIMI, 2009 p. 71).Portanto é preciso conhecer de História, de ensinar e conhecer nossos alunos. Para isso, partimos de uma hipótese inicial de que os alunos da educação básica tiveram, de modo geral, acesso a explicações equivocadas sobre a representação de Tiradentes como herói nacional, afastando-os da compreensão e das representações criadas sobre este personagem em uma conjuntura específica da política nacional.

Desse modo, para confirmarmos essa hipótese decidimos dividir a realização desse estudo em três etapas. Na primeira etapa dividimos a investigação em três momentos: No primeiro momento investigamos e selecionamos os discursos produzidos pela mídia sobre a figura de Tiradentes no feriado nacional do dia 21 de Abril de 2014. Em seguida, averiguamos a maneira como os livros didáticos (referente ao ciclo 2012-2014) utilizados nos colégios estaduais de Campo Mourão apresentam Tiradentes nos conteúdos escolares. Feito isto, buscamos compreender no terceiro momento o modo que a historiografia interpreta a construção e instituição de Tiradentes como “herói” nacional brasileiro.

Definida esta investigação preliminar, decidimos na segunda etapa por elaborar um breve questionário sobre Tiradentes e o aplicamos com os alunos da 2ª série do Ensino Médio do período matutino do Colégio Estadual Darcy José da Costa de Campo Mourão, para entender quais as representações que esses alunos tinham acerca de Tiradentes como herói nacional. Na terceira e última etapa, desenvolvemos e aplicamos uma atividade com base nos estudos realizados na primeira etapa e no conhecimento prévio que os alunos demonstraram ter ao responderem o questionário na segunda etapa.

Ao investigarmos os discursos produzidos pela mídia no feriado do dia 21 de Abril, selecionamos algumas publicações, entre elas destacaram-se: A luta de Tiradentes por Rodrigo Constantino (colunista da Veja); Conheça um pouco da história de Tiradentes, o mártir da independência do Brasil por Central Regional de Notícias (CRN); Governo de Minas mantém população fora da celebração da Inconfidência por Folha de São Paulo; Estátua de Tiradentes volta ao marco zero de Curitiba por Gazeta do Povo; 21 de Abril de 2014 por Portal Ouro Preto e Depois de 8 meses estátua de Tiradentes volta a praça por RPC TV.

Essas publicações foram propagadas no dia do feriado de 21 de abril de 2014, sendo selecionadas para uma investigação preliminar sobre a imagem de Tiradentes. As notícias selecionadas apresentaram discursos variados, confusos e equivocados no que diz respeito a representação de Tiradentes como símbolo nacional, além disso, as publicações em sua maioria associaram a imagem de Tiradentes apenas ao movimento da Inconfidência Mineira, retratando-o desde herói até mártir.

Os livros didáticos averiguados por sua vez, apresentam a imagem de Tiradentes de forma breve, em geral associada principalmente a sua participação na Inconfidência Mineira e sinteticamente a representação simbólica na consagração do regime republicano. 

Contudo, ao examinar alguns textos historiográficos, constatamos que esses apresentam de forma mais integrada uma interpretação que diverge em muitos aspectos das informações encontradas nas produções midiáticas e mais aprofundada e esclarecedora de como é apresentada nos livros didáticos. Tendo claro que é preciso considerar que o livro didático não tem o propósito de tratar de um conteúdo em seus pormenores. Portanto, o propósito da investigação é socializar, mesmo que seja de forma breve, a interpretação que prevalece na historiografia e que precisa chegar aos estudantes da Educação Básica, que de modo geral acabam absorvendo interpretações equivocadas divulgadas na grande mídia e pouco esclarecedoras nos livros didáticos.

Para isso, partimos da obra A Formação das Almas de José Murilo de Carvalho. Nesse livro, Carvalho (1990) discute sobre a manipulação nos símbolos da República e no imaginário popular, como meios de legitimação do novo poder que estava se constituindo no período da formação da República brasileira. Carvalho problematiza o modo como Tiradentes veio a se tornar um herói nacional, visto que, os elementos que contribuíram para sua instituição e aceitação não foram construídos de uma hora para outra, mas historicamente.

Posto isso, observamos que cada fonte, seja ela mídia, livro didático ou investigação acadêmica, trata sobre o tema de Tiradentes com um enfoque diferente. Sendo assim, buscamos elaborar uma atividade na qual pudéssemos abordar essa discussão em sala de aula com os alunos, proporcionando a eles o contato com esses diferentes discursos e fontes.

No entanto, antes de elaborarmos uma atividade, decidimos por desenvolver e aplicar um breve questionário para entender quais os conhecimentos dos alunos acerca deste personagem histórico. O questionário foi aplicado com 38 alunos da 2ª série do Ensino Médio com idade entre 16 e 18 anos. Diante da pergunta: Para você, o que é comemorado no feriado nacional do dia 21 de Abril? 92% dos alunos afirmaram ser Tiradentes e 8% alegaram não saber. Entretanto, apesar da maioria dos alunos que responderam o questionário ter afirmado saber o que era celebrado no dia do feriado, esses apresentaram respostas das mais variadas possíveis frente a seguinte questão: Para você, quem foi Tiradentes? Nessa questão, teve quem respondeu que “ele foi um dentista, e lutava por um Brasil melhor, por esse motivo ele ficou conhecido como Tiradentes”, outro respondeu “foi um dentista que lutou contra alguma coisa, por isso morreu enforcado” e teve quem disse ser “aquele cara que morreu enforcado para dizer independência ou morte”. De modo geral, o que se verificou na maior parte das respostas foi a associação do personagem Tiradentes com a profissão de dentista, sem compreender qual a sua representação histórica.

Por conseguinte, concluída as duas primeiras fases dessa investigação sobre a representação de Tiradentes como herói nacional, enfrentamos o desafio de elaborar uma proposta de atividade que permitisse ao professor da educação básica trabalhar com o conteúdo acerca dessa temática e, concomitantemente, problematizar os discursos variados acerca da instituição do feriado nacional do dia 21 de Abril com seus alunos no ambiente escolar.

O livro didático, de acordo com Jörn Rüsen (2011), é a ferramenta mais importante no ensino de história. No entanto, não devemos entendê-lo como o único instrumento a ser utilizado em sala de aula. Na maioria das vezes, o professor se depara com a necessidade de buscar auxílio em outros materiais e ferramentas metodológicas para desenvolver os conteúdos.

Nessa direção, optamos por elaborar uma atividade utilizando a ferramenta metodológica WebQuest. Essa metodologia é constituída por uma investigação orientada na Web, aliando os recursos tecnológicos a uma proposta pedagógica consistente. AWebQuest é constituída por seis componentes: introdução, tarefa, processo, recurso, avaliação e conclusão. Esses componentes conforme João Batista Bottentuit Junior e Clara Pereira Coutinho (2012) orientam o caminho que o aluno deve percorrer para realizar com êxito a tarefa que lhe foi designada. Contudo, é necessário enfatizar, que apesar da atividade ser desenvolvida na internet e a interface da proposta guiar o aluno pelo caminho que ele deve que percorrer, o professor atua como mediador nesse processo de ensino e aprendizagem.

Após apresentar essas breves considerações sobre a metodologia WebQuest, voltamos a proposta de atividade que desenvolvemos e aplicamos em 2014 com os alunos da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Darcy José Costa.

A atividade foi elaborada na Web em formato de Blog. Nela o aluno teve a tarefa de elaborar um texto jornalístico comparando as representações de Tiradentes na mídia, no livro didático e na historiografia.



WebQuest: As representações de Tiradentes. Disponível em: http://webquesttiradentes.blogspot.com.br/

Como a WebQuest é uma metodologia de trabalho colaborativo, os alunos tiveram que produzir o texto coletivamente em grupos composto por três alunos. Para realizar a tarefa, o ícone “processo” orientou e disponibilizou opções de sites de pesquisa (selecionados na primeira etapa desse estudo), trechos de livros didáticos e alguns aspectos dos textos historiográficos que sintetizam a questão. No item de “avaliação” os alunos tiveram acesso a informações que destaca como seriam avaliados no fim da atividade.Entretanto, antes dos alunos realizarem a atividade, desenvolvemos em sala uma aula de interação com o tema que seria abordado. Durante a realização da atividade a participação dos alunos foi elemento de destaque. Entretanto, a maioria apresentou dificuldades no momento de elaborar o texto jornalístico, pois alegaram não ter muito conhecimento acerca desse gênero textual. Com este fato tivemos que repensar as ações, alterando a tarefa e solicitar aos alunos que escrevessem um texto sobre as diferentes representações de Tiradentes, de modo que, expressassem a opinião pessoal.

Apesar dos alunos terem apresentado dificuldades na escrita para a realização de uma parte da tarefa, na exposição oral demonstraram domínio do tema e dos procedimentos da investigação realizada. Os alunos problematizaram a implantação e o significado do feriado nacional brasileiro e a representação criada de Tiradentes como herói da República. Isso demonstrou que o objetivo proposto no início da pesquisa sobre a representação de Tiradentes como personagem histórico pode não ter sido satisfatória em todos os aspectos. No entanto, permitiu com que os alunos compreendessem o tema a partir de uma multiplicidade de interpretações para além da escrita do texto como resultado final. Desenvolveram habilidades cognitivas pela interação com diferentes fontes históricas sem se restringirem apenas na investigação no livro didático, chegando à conclusão de que existem diferentes interpretações e veículos de informações sobre um mesmo tema estudado. Neste caso, em especial, compreenderam de que Tiradentes, comemorado no feriado de 21 de abril, dia de sua morte, esta mais diretamente associado simbolicamente a República em constituição do que a própria Inconfidência Mineira. A imagem de “herói” nacional comemorado é resultado da conjuntura política republicana em transição, que necessitava criar uma identidade nacional para se consolidar. Tiradentes foi representado como elemento integrador da constituição desta identidade.

Referências:
BALLAROTTI, Carlos Roberto. A Construção do mito de Tiradentes: de mártir republicano a herói cívico na atualidade. Antíteses, vol. 2, n. 3, jan.-jun. de 2009, pp. 201-225.
BOTTENTUIT J. João Batista; COUTINHO, Clara Pereira. Recomendações de qualidade para o processo de avaliação de WebQuests. Ciência e Cognição; Vol 17 (1), 2012, pp. 73-82.
CAIMI, Flávia Eloisa. História escolar e memória coletiva: como se ensina? Como se aprende?. In: MAGALHÃES, Marcelo; ROCHA, Elenice; GONTIJO, Rebeca. (org). A escrita da história escolar: memória e historiografia. 1ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. pp. 65-79.
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da república no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
MISTURA, Letícia; CAIMI, Flávia Eloisa. Herói, ainda que tardio: uma análise do ensino da história sobre o mito de Tiradentes. Revista Latino-Americana de História. Vol. 2, nº. 6 – Agosto de 2013 – Edição Especial.
RUSEN, Jörn. O livro didático ideal. In: SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Resende (orgs). Jörn Rüsen e o ensino de História. Curitiba: Editora UFPR, 2011, p. 109-127.



20 comentários:

  1. Por que ainda hoje Tiradentes é tão pouco lembrado, pois conforme pesquisa a luta de Joaquim Jose da Silva Xavier era em prol do povo brasileiro e por isso foi enforcado no dia 21 de abril que ficou sendo feriado nacional.

    Aluna: Raimunda Dionísio Neta

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    1. Raimunda, primeiramente agradeço pelo seu comentário.
      Tiradentes apesar de ser uma figura emblemática e talvez a mais importante, tem pouco destaque nos dias atuais. Com a formação do partido Republicano no século XIX até meados do século XX sua imagem foi alvo de grande exaltação, após isso, não se tem dado tanto importância a esse personagem histórico em âmbito social. Entretanto, quero chamar a atenção para a sua afirmação quando diz que a luta de Tiradentes "era em prol do povo brasileiro e por isso foi enforcado". A Inconfidência foi um movimento que ocorreu no Estado de Minas antes mesmo de ser Estado, pois naquele momento o Brasil ainda era uma colônia. Talvez seja um tanto audacioso o que vou afirmar, já que tem vários estudos que discutem isso, mas a luta não era por uma libertação do Brasil enquanto país e, sim pela autonomia do território mineiro que sofria sérias interferências de Portugal. A elite mineira ansiava por ter participação política. Durante o processo de Conjuração Tiradentes se mostra perigoso para a coroa, pois devido a sua facilidade de persuasão e por frequentar todos os ambientes, as suas ideias começaram a se propagar. A coroa com o intuito de apagar a Inconfidência e Tiradentes da memória popular decreta o enforcamento de Tiradentes, pois essa era também uma forma de imbuir medo naqueles que estavam presenciando aquele momento para que tal fato não se repetisse.
      Agora tratando da questão do feriado. Tiradentes não é homenageado com o feriado por causa do seu enforcamento em Minas. Por trás disso há toda uma conjuntura política do projeto republicano que estava se instalando quase um século depois de sua morte. A república precisava derrubar a imagem de D. Pedro que era símbolo de independência e da monarquia e apresentar uma nova imagem que representasse o regime que viria a se instalar. O movimento da república trazia um discurso de liberdade, de cidadania, de bem comum na qual o seu principal alvo era o povo. Ou seja, se a monarquia governava para os seus e tinha o poder centralizado nas mãos do imperador, a República traz no seu discurso e principalmente no "Manifesto Republicano" que o governo seria para o povo. Posto isso, Tiradentes foi a figura que mais se encaixou nesse discurso. Tiradentes é apropriado pela república e a apropriação de sua imagem foi historicamente entronizada na memória popular por dois motivos: primeiro devido o próprio apelo do personagem, pois como diz Cecília Meirelles Tiradentes é um herói enlouquecido de esperança e transformação e segundo por ser uma figura misteriosa e que pouco se sabe, pois ele veio ganhar um rosto a partir das movimentações da República.

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  2. porque os alunos de hoje tem dificuldade de entender os textos de ensinos de historias sobre os acontecimentos do passado? Explique? Melânia Presa da Silva

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    1. Melânia, agradeço pela pergunta.
      Essa é uma questão importante e interessante de se refletir. Quando tratamos de ambiente escolar devemos levar em consideração que em uma sala existem alunos com perfis variados. Na maioria das vezes as dificuldades que um tem não é a mesma que o outro apresenta, por isso o cuidado em não apontar uma dificuldade. Contudo, um dos caminhos para compreender a dificuldade dos alunos em apreender os conteúdos de história, pode estar no professor. Esse não deve se preocupar apenas em saber de ensinar e do conteúdo, mas procurar aprender também sobre aquele para quem está se ensinando. Assim, os laços de relações se estreitam e as dificuldades que até então estavam ocultas podem começar a se tornar visível.

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  3. porque os alunos de hoje em dia tem dificuldade de entender os textos de ensino de historia sobre os acontecimentos do passado? Explique ? Melânia Presa da Silva

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  4. Boa noite, gostaria de saber se essa construção desses heróis nacionais são, de certa forma, ensinadas nas séries iniciais? E se temos como orientar (em forma de projetos, seminários) alguns professores que muitas vezes não tem formação em História? Se existe algum tema relacionado a isso? (Viviane Regina Árcega de Souza)

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Viviane, agradeço pela sua pergunta.
      No momento posso falar um pouco sobre o ensino da construção do herói nacional Tiradente - pois não me recordo de haver outros heróis com a representatividade que este tem - no Ensino Médio pelo fato de não ter analisado como esse tema é abordado nas séries iniciais. Pelo que analisei nos livros didáticos acredito que seja poucos os casos em que a construção de um herói seja ensinado nos conteúdos escolares. Sabemos que o livro didático é a ferramenta mais utilizada em sala de aula e se depender apenas dele fica difícil abordar essa questão. Tiradentes aparece nos conteúdos ligado apenas a Inconfidência, há uma nota ou outra, isso é quando tem, sobre o herói. Outro ponto importante foram os resultados obtidos na aplicação do breve questionário, nele os alunos demonstraram equívocos e informações desconexas a respeito desse personagem histórico. Destarte essas informações mostram que esse tema não foi bem trabalhado no Colégio onde ocorreu a pesquisa.
      Sobre a existência do tema no que diz respeito ao ensino, tenho pesquisado e não tenho encontrado materiais significativos. Nesse trabalho que estamos realizando estamos estudando uma maneira de ajudar os professores a abordar essa questão em sala de aula, pois temos consciência de que os professores da educação básica não dispõe de tempo para de aprofundar em assuntos que são escassos até mesmo nos guias didáticos. Para isso, trazemos a proposta metodológica WebQuest que está disponível na rede por meio desse link http://webquesttiradentes.blogspot.com.br/ . Após aplicada, vimos que a proposta ainda precisa ser melhorada, mas não deixa de ser um passo para aproximar dos professores para que eles trabalhem com o tema. Pretendemos aperfeiçoa-la ainda mais, para que de fato ela contribua

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  5. O idealismo de Tiradentes o levou a se envolver de corpo e alma na Inconfidência Mineira (movimento revoltoso ocorrido em 1789, na cidade de Vila Rica, hoje Ouro Preto, a favor da emancipação do Brasil da Corte Portuguesa).E para a população hoje a inconfidência mineira teve um papel importante para o Brasil?
    Vanda Maria Reino de Souza

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    1. Vanda, agradeço pela sua pergunta.
      Tiradentes teve um papel importante no movimento mineiro. A conjuração se caracterizou como uma revolta em que se buscava libertar o território de Minas do domínio da coroa. Não vejo essa luta como a emancipação de um país, mas sim como uma revolta local, que teve seus valores refletidos, assim como as outras duas conjurações, no projeto da República.
      Sobre a importância da Inconfidência Mineira para o Brasil atual no ponto de vista populacional, esse é um questionamento que carece de estudo para ser respondido. Nessa pesquisa desenvolvemos o trabalho com 38 alunos do Ensino Médio. Sendo assim não se pode ainda fazer afirmações generalizadas.

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  6. O texto inicia abordando que “esta investigação tem como suporte teórico e metodológico os pressupostos da investigação em Educação Histórica, no sentido de que a forma como os indivíduos mobilizam os conhecimentos históricos e constroem a sua consciência histórica conferem sentido a História e a si mesmos.
    De acordo com as reflexões preliminares do estudo, afirmar-se que o ensino de história em sala de aula tende a narrar acontecimentos, como fatos já pré-demarcados e que aquilo que Koselleck argumenta que o acontecimento precisa ser visto como modalidade temporal não se concretiza. Os alunos perdem com isto a dimensão que “só com o mínimo de anterioridade ou posteridade se consegue a unidade de sentido que forma um acontecimento a partir dos incidentes” (KOSELLECK, 1993, p. 142), sem preocupação de criar relações explicativas abertas.

    Partindo das afirmações acima, e ao estudarmos pontos mais específicos relativos a descoberta do Brasil, encontraremos vestígios claros que revelam o domínio do catolicismo e a influência do Papa (autoridade maior), além de que Portugal e Espanha eram as potências mundiais da época, bem como ambos teriam condições de investir na descoberta e exploração de novas terras, porém quando os portugueses chegam as terras brasileiras e encontraram a madeira Pau-brasil surge o interesse pela exploração desta terra. Diante destas afirmações e outras, levando em consideração a dimensão de Koselleck de anterioridade ou posteridade, quais as práticas pedagógicas que podem ser utilizadas para que os alunos explorem as entrelinhas dos textos apresentados para estudo e tenham maior conhecimento dos fatos implícitos nos acontecimentos da disciplina de História, podendo reconhecer-se como agente desta descoberta?
    Fabíola Elisa de Araújo

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  7. Qual foi o resultado obtido pelas etapas elaboradas?
    Marcia Aparecida Orsi

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    1. Maria, agradeço pela sua pergunta.
      Na primeira etapa se verificou que existe uma relação complexa entre as representações de Tiradentes apresentadas na mídia, no livro didático e na historiografia. Tiradentes na mídia aparece como herói, personagem e Mártir da Inconfidência Mineira. No livro didático ele pouco aparece e é mencionado como integrante do movimento da Inconfidência. Na historiografia a construção de sua imagem está estreitamente relacionada com a República.
      Na segunda etapa aplicamos um questionário com 38 alunos do Ensino Médio para compreender a representação que esses estudantes tinham de Tiradentes. Diante das resposta constatamos que eles não possuem um entendimento claro sobre a figura do herói nacional brasileiro.
      Na terceira e última etapa, desenvolvemos e aplicamos uma atividade utilizando a metodologia WebQuest. Ela permitiu trabalharmos os conteúdos de diferentes fontes (mídia, livro didático e historiografia) em sala de aula. Por ser a primeira aplicação essa metodologia precisa ser melhor lapidada, mas após o desenvolvimento dessa atividade os alunos elaboraram questionamentos sobre a construção de Tiradentes como herói nacional. Com isso, percebeu-se que os alunos por meio de uma investigação orientada, começaram a formar uma concepção de Tiradentes como personagem histórico.

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  8. Rafael Moura Roberti12 de maio de 2015 às 07:49

    Como 'transformar' o aluno em agente da descoberta se criar relações explicativas abertas exige um enorme corpo de conteúdo e conceitos históricos antes?! Do contrário, a história se torna um trabalho simplesmente ficcional.

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  9. Esse tema Tiradentes é muito trabalhado nos 4° e 5° ano do ensino fundamental, claro que de forma mais simples.Você teve dificuldade para os alunos trabalharem sobre Tiradentes, por serem alunos do Ensino Médio?

    Sirlene Pio

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    1. Sirlene, agradeço pela sua pergunta.
      Quando apresentamos o tema para os alunos eles se mostraram bem receptivos e interessados, pois a maioria interagiu e levantou questões. Acredito que a maior dificuldade surgiu no momento em que eles foram expor a opinião pessoal na escrita, alguns demonstraram certa ociosidade e até mesmo dificuldade em escrever. No entanto, eles ficaram mais à vontade durante a exposição oral de suas investigações. De modo geral, foi um tema bem tranquilo de ser trabalhado.

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  10. Com toda certeza para os alunos e para o professor é um tema muito interessante de trabalhar principalmente pelo desfecho ou final dessa história.Quais resultados você percebeu á partir desse trabalho de re/desconstrução,e ainda, se o interesse deles (alunos) em relação a outros temas melhorou, e quais foram os avanços percebidos por você a partir da intervenção pedagógica na turma trabalhada?

    Atenciosamente: José Roberto Wosgrau

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    1. José, o desfecho do processo de construção de Tiradentes como herói nacional é realmente interessante de ser abordado. Desde o momento em que aplicamos o questionário e desenvolvemos a atividade, percebemos que os alunos se sentiram atraídos pelo assunto. Afinal, a comemoração do feriado é algo que está presente no cotidiano deles. Deste modo, conforme o tema foi sendo trabalhado eles perceberam que tinham uma compreensão equivocada sobre Tiradentes. Alguns alegaram que para eles o feriado de Tiradentes era um dia descanso, não imaginavam que pudesse haver toda a discussão que foi desenvolvida por trás desse personagem histórico.
      Quanto os avanços percebidos por meio da intervenção. Observou-se que eles compreenderam que há diversas interpretações e variadas possibilidades de fontes sobre um mesmo assunto. Eles não precisam ficar presos apenas as informações que o livro didático traz. Um dos alunos até relatou que o que mais chamou atenção nele é que eles não precisaram reescrever tudo o que estava nas fontes, pelo contrário, eles tiveram de ler e analisar, para formarem uma opinião sobre o tema e essa opinião não foi desconsiderada ou algo do gênero, mas sim discutida.

      Agradeço pela sua pergunta e espero ter respondido suas dúvidas.

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  11. quando se pergunta quem e Tiradentes a diversas respostas será que está sendo pouco lembrado ou não é bem trabalhado em sala de aula? Maria Aparecida Rodrigues Terra

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    1. Maria, agradeço pela sua pergunta.
      Essa é uma questão que estamos buscando responder. Ao realizarmos uma análise nos livros didáticos do Ensino Médio utilizados nos colégios estaduais de Campo Mourão, constatamos que Tiradentes é citado como integrante do Movimento da Inconfidência Mineira. Existe uma breve nota que dá notícia sobre a sua consagração como herói na Proclamação da República. Contudo, as informações são as mais rasas possíveis. Em 2015 ocorreu a troca de livros didáticos. Ao verificar a coleção adotada para esse novo ciclo, averiguamos que as informações sobre Tiradentes diminuíram ainda mais. Ele aparece apenas como alguém importante para a Conjuração Mineira, não há nenhuma relação dele com a República. Diante desses fatos, podemos concluir que pelo menos na rede de estadual de Campo Mourão, não há condições de abordar essas questões para compreensão de Tiradentes como personagem histórico a partir dos guias didáticos. Portanto, ao levar em consideração que o livro didático é a ferramenta norteadora dos conteúdo escolares e pela atividade que desenvolvemos com os alunos, percebemos que esse conteúdo se estiver sendo trabalho em sala de aula, certamente não está sendo bem desenvolvido. Por vezes, nós como professores também não temos uma compreensão de Tiradentes como personagem histórico. Apesar de ter ganhado um rosto, Tiradentes ainda precisa ser (re)conhecido.

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