O ESPELHO DA HISTÓRIA: O ENSINO
DE HISTÓRIA NAS ESCOLAS INDÍGENAS E A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES ENTRE OS
APINAYÉS
Dhiogo Rezende Gomes
UFT
A identidade é
construída cotidianamente, todos os humanos as têm como o sangue que lhes corre
nas veias, definindo sua humanidade, única e plural ao mesmo tempo. As
concepções históricas e antropológicas, as modernas e pós-modernas se
constituem cada vez mais com teorias tecidas com abordagens sobre cultura e identidade.
O estatuto das “diferenças” se firmou nos estudos humanos e sociais compondo novas
definições e classificações do todo humano em sua vasta e complexa
multiplicidade.
Se diferenciando
do que vem a ser cultura, a identidade também é moldada no plano simbólico, ou
seja, apesar das distinções, não há identidade excludente ou desprendida da
cultura. De caráter mais objetivo e direito entre seus objetos e elementos
materiais e imateriais na construção do “ser” ou “não ser”, enquanto a cultura
se erige não totalmente, mas muito por processos do inconsciente, as
identidades remetem “a uma norma de vinculação, necessariamente consciente,
baseada em oposições simbólicas.” (CUCHE, 2002, p.176).
Oposições que
saltam aos nossos olhos como estruturas simbólicas, em redes dualistas como na
oposição entre o sol e a lua, dia e noite que são sustentáculos das vidas
sociais entre comunidades tradicionais em várias partes do mundo, entre as
quais, estão os povos Timbira do Brasil Central, como nos descreveu Curt
Nimuendajú com Os Apinayé (1939) e seu sistema social e mitológico de “metades”
com os Kolti, criados pelo Sol e os Kolre, pela Lua.
[...]
As duas metades são ligadas uma à outra não somente pelas trocas de mulheres,
mas pelo fornecimento de serviço e de retribuição de serviços recíprocos de
caráter econômico, social e cerimonial. Estes laços exprimem-se freqüentemente
em forma de jogos rituais, que traduzem a dupla atitude de rivalidade e de
solidariedade, que constitui o traço mais notável das relações entre as
metades. É o que acontece nas corridas esportivas do nordeste e do centro do
Brasil [...] (STRAUSS, 1982, p.108)
Menos destacado
e marcadamente elementar nas sociedades ocidentais, não indígenas, a dualidade
principalmente no seio das trocas sociais balizadas no parentesco, na exogamia
(direta ou indireta) convencionada na “proibição do incesto”, a humanidade, seja
em qualquer de suas organizações sociais, não se desenvolve sem os princípios
das diferenças formadoras de identidades, chaves da dinâmica social.
Temos então na
formação social dos povos indígenas por excelência, uma diferenciação destes
enquanto nações (distintas) diante da nação que historicamente as envolve em
seus planos dominantes, a ocidental, a européia, a portuguesa, a brasileira. Os
índios do Brasil, já tão identificados pelos outros, evidente no próprio equívoco
“colombiano” em 1492,“índios”, resistiram às intempéries do tempo e dos
contatos com a sociedade nacional que na construção da história do Estado-Nação,
quando não excludente das suas outras histórias, fazia-se “inventora” de negros
e índios recortados e remodelados a nação brasileira desejada pós “grito do
Ipiranga”. Como trata Jaime Pinsky (2001, p16), o indígena, ser, elemento da
história nacional que “distante e idealmente reconstruído, o índio não
incomodava, portanto.”
Diante de uma
história, conhecimento e disciplina escolar, como acontece a (re)construção da
identidade indígena Apinayé em suas escolas, levantadas em seus territórios?
Esta resposta, objeto de pesquisa que inclui tantas outras perguntas e
respostas, faz parte deste projeto de mestrado em ensino de história.
Depois das bases
legais da Constituição Federal e das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(anos 80 e 90), que garantem pelas letras das leis uma educação escolar
indígena, intercultural, bilíngüe e diferenciada nas concepções de conhecimento
e cultura dos povos tradicionais. Como se comporta e se desenvolve a partir do
ensino e aprendizado de história, a formação das identidades indígenas em meio
aos cruzamentos e trocas, nem sempre isonômicas entre os discursos, símbolos,
significados e sentidos entre o Ocidente e suas “outras margens”?
A
imagem do índio resume, pois, referencias simbólicas do pensamento ocidental, e
inscreve nele um destino trágico: os selvagens foram o Outro do Ocidente “o
lugar no qual ele pôde ler sua diferença para em seguida querer suprimi-la...
não se sabe, por algum contragolpe estranho [o encontro] trará igualmente em si
a morte inesperada de nossa história, da história do nosso mundo em sua figura
contemporânea”. (LEENHARDT apud
NOVAES, 1999, p.11)
Como os Apinayé
situam-se enquanto povo diante e a partir da história que lhes é apresentada em
suas duas escolas, nas aldeias São José e Mariazinha, uma das disciplinas que
não tem professores licenciados em história, sendo estes “Kupen”, a definição
de “branco” na língua apinayé.
Lembrando que
esta história, a escola (construção/edificação), os recursos didáticos (livros
de história usados nas escolas não indígenas), os documentos oficiais e
burocráticos pertencem historicamente e logicamente ao Ocidente que a partir do
Estado brasileiro (Ministério e Secretárias de Educação) transpõem
respeitosamente aos direitos indígenas (ou não) os instrumentos para criação e
manutenção da educação escolar indígena.
Posição
estrutural e hierárquica que a escola indígena e seus membros índios (docentes,
discentes, comunidade escolar) ocupam em relação ao Estado e seus órgãos
competentes a educação, residindo conflitos e incoerências com o que constatou Pierre
Clastres (1979) em sua antropologia política. Pois as sociedades indígenas que
se estruturam politicamente sem o principio de uma autoridade exterior,
criadora de sua própria legalidade, avassaladora das bases e das dinâmicas
internas, ou seja, são sociedades que se colocam contra a idéia de Estado (no
sentido mais ocidental).
Assim não
podemos conceber que movimentos de resistência das identidades indígenas como a
Apinayé, Timbira, em seu território, se tenha politicamente o estatuto de nação
que se quer em certos movimentos nacionalistas separatistas como o Catalão na
Espanha, ou os regionalistas no Estado do Pará na pretensão de dividi-lo em
três unidades da federação. O que nada muda em relação à afirmação das
identidades culturais indígenas em meio aos processos de “purificação étnica”
do Estado Nacional onde a “ideologia nacionalista é uma ideologia de exclusão
das diferenças culturais. [...]” (CUCHE, 2002, p.188).
Como serão então
as estratégias para manutenção ou conquista dos princípios de definição do
mundo social (dos índios e não índios) a partir de seus próprios interesses no
espaço escolar indígena? Ao julgar sem muitos aprofundamentos de observação,
devida a berrante visão de “maus selvagens” (que podem também ser “bons”) dos
Apinayé em seus contatos cotidianos com a cidade de Tocantinópolis e seus habitantes
não indígenas, carregadas de preconceitos e equívocos sobre o “ser índio”, “preguiçoso,
sujo”, de pele pintada, olhos, cabelos e adornos denunciantes das diferenças
(diante dos “brancos”) e de uma identidade negativa.
Ou seja, há como
suscita Pierre Bourdieu (1989), uma luta coletiva pela subversão das relações
de forças simbólicas que use o estigma na destruição do próprio estigma? Nas
festividades e eventos da aldeia, dentro ou fora da escola, dentro ou fora das
aldeias, onde a partir ou de alguma forma, ligada a história ensinada, exista o
uso de elementos da identidade forjada pelos outros, que se fez negativa para
que esta se reverta positiva.
Um positivo que
vá além de assumir a "indianidade" com urucum e arte corporal, mas
talvez, como exemplo de uma argumentação dos modos de produção e de concepção
de trabalho para os povos indígenas historicamente, antes e depois dos
primeiros contatos quinhentistas. Longe da lógica mercantilista e depois
capitalista, os índios não serem “preguiçosos” e com retórica, justificarem a
dinâmica entre indígenas e natureza na manutenção harmônica da dupla
existência, algo que é uma dificuldade enorme para o modelo de desenvolvimento
não indígena, nada sustentável. Esperando-se então uma defesa crítica da
própria identidade indígena por eles mesmos, um combate entre o índio dos
outros e o índio dos índios.
Sendo as escolas
indígenas e não indígenas diferentes e em tanto, até opostas, algo as aproxima,
ambas ensinam e nelas há quem aprenda. Dessa forma há formações humanas, que
tendem a ser reproduzidas nos campos sociais para mais uma vez evocar Bourdieu.
Estas formações, na escola indígena em questão, tão envolta as concepções de um
estado e de uma educação integral (da diversidade), qual identidade prevalece
nas lutas simbólicas, ou há hibridismos de identidades multidimensionais entre
as identidades indígenas e ocidentais?
Todas as perguntas
deste texto, válidas a um trabalho de pesquisa que se debruce na evidencia
deste “espelho da história” na escola indígena Apinayé que deve servir a outros
povos indígenas em suas lutas pela conquista e domesticação da escola. Nas
salas de aulas de história, o que esta disciplina, na relação com outras, seus
professores, os livros com suas narrativas, ilustrações, símbolos, ícones, as
metodologias, o próprio currículo escolar compõem neste espelho? O que
comunidade e os estudantes indígenas vêem diante deste espelho, quais os
reflexos de história e identidades?
Será que a
imagem formada corresponde aos avanços de uma história cultural inclusiva dos
marginalizados da história oficial, da oralidade como fonte, dos conhecimentos
tradicionais face ao cientifico (nossa ciência), do imaginário e das
mitologias/cosmologias, de temporalidades que fogem a linearidade, como
elementos de uma história?
Ou há ainda
muitos traços de uma história dita positivista, que retrate aos estudantes
índios, heróis nacionais ocidentais? Muitos deles responsáveis pela destruição
de várias etnias. Sabemos que há pesquisas antigas e outras mais recentes,
sobre a participação indígena na Guerra do Paraguai, por exemplo, (MARQUES,
2004). Ou sobre os crimes contra os direitos humanos com tamanha crueldade a
vários grupos indígenas, com torturas e assassinatos brutais, cometidos por
agentes indiretamente ou diretamente ligados aos governos militares
(1964-1985), levantados pelas investigações da Comissão Nacional da Verdade
(2012-2014) em seus relatórios e fontes como o Relatório Figueiredo. Será que
nas aulas de história nas escolas das aldeias, professores e materiais
didáticos estão abordando mesmo que superficialmente estas outras histórias?
Respostas que
nos revelarão além do espelho (a História) recebido, mas também o feito ou
gerido nas escolas indígenas, parte delas, os seus reflexos, as imagens que
lhes saltam frente a estes povos que como já está firmado, contrariando
concepções anteriores da nossa própria história que dava certezas de índios
como peças de museus. (CUNHA, 2009, p.125) “A história dos povos indígenas no
Brasil está mudando de figura, até os anos 1970, os índios, supunha-se, não
tinham nem futuro, nem passado.”
Contudo,
observarmos, nas últimas décadas, por meio de movimentos de afirmação étnica,
que outro modelo escolar apareceu no cenário educacional: a escola dos povos
indígenas. Amparada em leis que constituem um modelo diferenciado e específico
de educação escolar, cada povo tomou para si a tarefa de elaborar currículos
escolares e propostas pedagógicas, informados por suas cosmologias. E, embora o
modelo escolar mais contundente nas aldeias ainda seja o da modernidade
ocidental, vê-se, cada vez mais forte, a busca de outros referenciais para
essas práticas escolares, construindo aos poucos escolas específicas e
diferenciadas, já reconhecidas pelas leis educacionais do país. (BERGAMASCHI E
MEDEIROS, 2010)
Índios com
passado, presente e futuro, de carne e de osso, não índios fossilizados ou
congelados no Brasil colonial, índios estudantes do ensino básico e superior,
mestres e doutores, professores, ativistas políticos, que jogam futebol e
correm com toras, que creem no voo de uma aldeia a outra dos pajés em seus sonhos
e que também usam as ondas de rádio, TV, celular e internet para comunicação e
informação.
Povos indígenas
com história, memória, cultura contribuintes na formação de identidades, sendo
o interesse desta pesquisa, saber e entender como e quais na escola indígena,
em meio aos contatos interétnicos, sabendo-se que não é tarefa fácil, pois a
identidade por meio da “identificação” reconhecedora das diferenças
fronteiriças entre uns e outros. Sobre a “identificação” como processo
incompleto em sua construção, (HALL, 2013, p.106) “Ela é, nunca, completamente
determinada – no sentido de que se pode, sempre, ‘ganha-la’ ou ‘perde-la’; no
sentido que ela pode ser, sempre, sustentada ou abandonada.”
Referências
BERGAMASCHI,
Maria Aparecida; MEDEIROS, Juliana Schneider. História, memória e tradição na educação escolar indígena: o caso de
uma escola Kaingang. Revista brasileira de história, São Paulo, v.30, n.60,
2010. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010201882010000200004&lng=pt&nrm=iso>.
acessos em12 março. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-01882010000200004.
BOURDIEU,
Pierre. O Poder Simbólico. Lisboa:
Bertrand Brasil, 1989. 313 p.
CUNHA, Manuela
Carneiro da. Cultura com aspas e outros
ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2009. 440 p.
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais.
Bauru: Edusc, 2002. 255 p.
PINSKY, Jaime et
al (Org.). O ensino de história e a
criação do fato. São Paulo: Contexto, 2001.
LÉVI-STRAUSS,
Claude. As estruturas elementares do parentesco.
Petrópolis: Vozes, 1982. 540 p.
CLASTRES,
Pierre. A sociedade contra o estado.
Porto: Afrontamento, 1979. 211 p.
MARQUES, Adriana
Vargas. Um exército invisível: a participação dos indígenas na guerra contra o
Paraguai. Revista Urutágua: revista
acadêmica multidisciplinar,Maringá, v. 10, n. 10, p.1-7, 03 dez. 2004.
Quadrimestral. Disponível em: <http://www.urutagua.uem.br/010/10marques.htm>.
Acesso em: 15 fev. 2015.
NIMUENDAJÚ,
Curt. Os Apinayé. Belém: Museu
Paraense Emílio Goeldi, 1983. 146 p.
NOVAES, Adauto
et al (Org.). A outra margem do ocidente.
São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 525 p.
HALL, Stuart.
Quem precisa da identidade? In: SILVA, Tomaz
Tadeu da (Org); HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn. Identidade
e diferença: A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis:
Vozes, 2013. Cap. 3. p. 103-133.
VERDADE,
Comissão Nacional da. Povos Indígenas e
Ditadura Militar: Subsídios à Comissão Nacional da Verdade 1946-1988.
Relatório Parcial 01 de 30/11/2012. Brasília: Cnv, 2012. 35 p.
________________.
Relatório: textos temáticos.
Brasília: Cnv, 2014. 402 p.
Parabéns pelo excelente trabalho. Gostaria que você, Dhiogo, fizesse algumas considerações sobre um determinado aspecto do estudo historiográfico do indígena: os índios são, talvez, o maior registro que temos do Outro que a civilização ocidental teve e assassinou. Podemos resgatar seu passado com os limites da História Oral?! De qualquer forma seu estudo aponta o mais importante que é o presente e seu futuro aprendendo com as experiências do passado.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirCom a nova história cultural, diminuíram as rejeições e "olhos tortos" da história tradicional para com as fontes orais, história tradicional que em épocas de tentativas de extermínio destes povos, quando representava os índios, assim fazia dentro de projetos nacionais de formação e criação de uma identidade nacional, invisibilizando ou distorcendo o índio real e portanto histórico. Vemos que a "história" que reverenciava apenas povos de escrita, a "civilização" como estágio a ser alcançado pelos povos agrafos e "primitivos", já não está entre nós, ao menos não com força, o que não quer dizer que tais concepções tradicionais e equivocadas sobre os indígenas não estejam no senso comum e demais espaços fora da academia. A história oral como metodologia cresceu muito, até pelo crescimento das incursões da história a partir da década de 80 nos âmbitos da história e cultura dos povos indígenas, em plena interdisciplinaridade com a antropologia, arqueologia, paleontologia, sociologia, principalmente a primeira. Este passado está na mitologia, cosmologia, vivo, em movimento e em elo com o presente destes povos, reavivados não só pela oralidade, mas pelo complexo cultural no que tange festas, cerimoniais, rituais e a própria resistência/existência destes povos que são mais de duas centenas, falantes de mais de 180 línguas, diversos, portanto povos de histórias, passado, presente e futuro.
ExcluirBoa noite Dhiogo,
ResponderExcluirachei bem interessante e importante a problematização apresentada no seu texto sobre a "construção" das identidades, inclusive dos indígenas, mais especificamente dos Apinayés. Sei que sua pesquisa está em andamento, mas você teria informações ou obervações sobre se os contatos estabelecidos entre os professores não indígenas e as comunidades indígenas, em que lecionam, acarretam alterações, reelaborações nas identidades dos envolvidos nesse processo?
Emilene Ceará Baroza - professora de História da Escola Técnica de Campinas - SP;
Olá professora. Minhas imersões e contatos com alguns sujeitos da escola indígena, professores, lideranças e alguns estudantes levam a dizer que sim, há alterações, reelaborações nas identidades. Penso que todo contato interétnico acarreta em mudanças dos dois lados, a questão é como se dá a mudança e seus resultados entre os envolvidos. Minha pesquisa tratará desses relacionamentos e como a história disciplina e conhecimento funciona como espelho, ou seja, como os apinayés se veem diante de uma história e tudo que há nela, as representações e simbolismos recebidos, (re)significados e então constituidores de uma imagem gerada neste "espelho".
ExcluirAcredito que trabalhar nas escolas indígenas a história sobre os indígenas é muito interessante haja vista que eles fizeram parte do inicio da nossa história. Eles percebem que grande parte da cultura deles ficaram para trás?
ResponderExcluirSirlene Pio
A pesquisa em estágios mais avançados me permitirá responder melhor. Contudo algumas informações me dão conta de que a "domesticação" da escola como instituição educacional está em pleno processo pelos povos indígenas, estes demonstram grande interesse e abertura para a apropriação da escola como instrumento de luta e resistência contra os prejuízos e malefícios históricos do processo de contatos. Portanto eles (em partes e de formas variadas), assim como a antropologia percebem que suas culturas não se perdem, mas assim como humanos que mudam com o tempo, as culturas se transformam, se reelaboram.
ExcluirConforme o texto estudado nas ultimas décadas obervamos um grande avanço em suas lutas pela conquista e domesticação na escola com educação indígena, com direito e valorização da cultura e de seus costumes, fora da modernidade ocidental, a constituição proporcionou abertura para a identidade indígena.
ResponderExcluirO assunto em questão foi estudado no projeto Multidisciplinar no Colégio Estadual do Campo Gabriel Segundo Scipione-EFM, no ano de 2014, e onde a comunidade escolar descobriu pais de alunos que nasceram em aldeias que viviam em situações precárias sem alfabetização no Mato Grosso.
Diante da realidade hoje, porque ainda a maioria dos profissionais Educadores nas aldeia são constituídas pelos profissionais que vem de fora para ensinar e aprimorar o conhecimento da cultura e os costumes dos índios?
Vanda Maria Reino de Souza.
Os dados mais atualizados, os últimos Censos, que inclusive incluíram nas pesquisas a educação indígena, mostram que a maior parte do professores são indígenas, já há cursos de graduação intercultural em algumas universidades formando professores de várias etnias que regressam para atuar em suas comunidades. A autonomia indígena na produção e divulgação dos seus conhecimentos é complexa, pois mesmo quando índios são professores, eles passaram por estruturas, concepções pedagógicas, formações e professores matrizados na sociedade nacional e de cânone Ocidental quanto a Ciência, tecnologia, conhecimento.
ExcluirDe acordo com o texto, nas últimas décadas houve um avanço na educação indígena, mas o que impede a maioria dos índios a ter acesso a formação de nível superior?
ResponderExcluirElaine Neves de Oliveira
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOs indígenas atualmente são menos de 1% da população brasileira, menos de 1 milhão. Há um número proporcionalmente razoável de cursos superiores de educação intercultural para indígenas, há também sistemas de cotas e bolsas permanência. A educação indígena começou a ser incluída e pensada nos planos nacionais para educação recentemente e aberturas de mais cursos e vagas para áreas de interesse desses povos estão em processo. Há alguns expoentes como Gersem Baniwa, um exemplo de indígenas que são mestres, doutores, professores, médicos, advogados... Uma maior e expressiva participação de índios no ensino superior se dá pelas enormes barreiras a estes povos que tem sistemas de pensamento diferentes, contudo tem que demonstrar em provas, testes, exames habilidades e competências complexas e de difícil decodificação e reinterpretação para o mundo indígena. Dentro do complexo de diferenças culturais, a linguística que é também simbólica, é uma grande barreira para o ingresso e permanência de indígenas nas faculdades
ResponderExcluir