CONSIDERAÇÕES
ACERCA DO DEBATE SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA E A EDUCAÇÃO HISTÓRICA NA
ATUALIDADE
Giovana Maria Carvalho Martins
UEL
A Educação, de maneira geral, é uma questão bastante debatida na
atualidade. A autora Hannah Arendt (1979) aborda sobre a crise geral que,
segundo ela, se instaurou no mundo moderno, sobretudo a partir dos anos 1950,
crise que afetou (e muito) a educação. Isto é motivo de preocupação, pois
“[...] os indivíduos nascem para o mundo” (ARENDT, 1979, p. 223). A autora
afirma que a escola é a mediação entre a casa, que tem o significado de
proteção, e o mundo, e que preparar os alunos para este mundo é papel do sistema
educacional: “a educação está entre as atividades mais elementares e
necessárias da sociedade humana, que jamais permanece tal qual é, porém se
renova continuamente através do nascimento, da vinda de novos seres humanos”
(ARENDT, 1979, p. 234) – e esta constante renovação resulta em constantes discussões
acerca do tema.
O ensino de História e a educação histórica são temas que se inserem
nesta questão de novos e atuais debates acerca da educação. A percepção de que
o aluno possui uma cognição específica para a aprendizagem de História é muito
debatida, e trabalha-se a metodologia e didática da História a partir da teoria
da História, e não da Pedagogia. Barca (2001) afirma que os investigadores
deste campo do conhecimento tem formação em História, Filosofia da História ou
Psicologia Cognitiva, e empenham-se na tarefa de estudar “os princípios e
estratégias da aprendizagem em História, de crianças, jovens e adultos” (BARCA,
2003, p.13). Os estudiosos deste tema buscam investigar a natureza do conhecimento
histórico, distanciando-se “de um critério generalista de categorização do
pensamento em níveis abstractos ou concretos, que foi estabelecido com os
contributos de Piaget e Bloom tendo por base ciências ‘exactas’ como a Física e
a Matemática” (BARCA, 2003, p. 13), de modo que se observa um distanciamento da
Pedagogia, conforme citado, e cria-se um campo dentro da própria História de
investigação das formas de ensinar e aprender.
A autora Gago (2004) afirma que “pensar a Educação e a História no
campo da ciência obriga necessariamente a refletir acerca de como é possível
educar historicamente” (GAGO, 2012, p. 60), dizendo ainda que tais preocupações
estão expressas em diversos estudos acerca das ideias de alunos e professores
acerca da História, aspecto que demonstra preocupação da comunidade científica em
torno do tema (cf. GAGO, 2012, p. 60). Ela ainda afirma que
a investigação em Cognição Histórica tem sido desenvolvida no Reino Unido, na América do Norte, no Canadá, de uma forma mais sistemática [...]. Neste campo de pesquisa, as dimensões relacionadas com a natureza da História, bem como as diferentes formas e estratégias de aquisição do conhecimento histórico, têm sido os focos principais da investigação, partilhando de preocupações originárias no Reino Unido” (GAGO, 2012, p. 70).
Muitos autores, como Peter Lee (2011), Estevão Martins (2011), Siman
(2004), entre diversos outros, trazem debates que contribuíram
significativamente para as pesquisas neste campo específico da História. Lee
(2011) defende que “não se escapa do passado”, pois “ele é construído a partir
de conceitos que nós empregamos para lidar com o dia a dia do mundo físico e
social” (LEE, 2011, p. 20), de modo que é imprescindível o ensino e a
aprendizagem de História, pois não somos seres dissociados do tempo e do espaço
em que estamos inseridos. Outra citação de Lee afirma que
[...] é quase ‘ridículo’ perguntar qual é a utilidade da História ou porque é que a História deve ser aprendida. Se o nosso conhecimento do mundo presente nunca é um conhecimento ‘instantâneo’ e traz consigo algumas concepções substantivas do passado, então ser-se historicamente ignorante – e tão só ser-se ignorante (LEE apud GAGO, 2012, pp. 61-62)
Além disto, a aprendizagem histórica é importante no sentido de ajudar
no trabalho da criticidade do indivíduo, pois o ensino de História não
compreende (ou não deveria compreender) apenas decorar e repetir a matéria
contida no livro didático ou ensinada pelo professor, e sim o trabalho com
documentos, incentivando os alunos a questioná-los, ensinando-lhes o
pressuposto de que não existe “verdade absoluta” na História. Gago (2012),
citando Magalhães, afirma que os alunos devem ser estimulados a considerar a
História “[...] não como um repertório de datas e factos há muito sucedidos,
mas como uma arma para compreender o mundo, situar-se e intervir nele, num
tempo em que a diversidade marca o quotidiano” (MAGALHÃES apud GAGO, 2012, p.
62).
Neste ínterim, vemos hoje que o modelo de aula tradicional (expositiva,
centrada na figura do professor) dá lugar a novas propostas, que pretendem
colocar o aluno como construtor do conhecimento histórico (e não apenas
receptor passivo deste conhecimento). Uma destas propostas é a de aula-oficina,
desenvolvida pela historiadora Isabel Barca (2004), que defende que “neste modelo [de aula], o aluno é
efetivamente visto como um dos agentes do seu próprio conhecimento, as
atividades das aulas, diversificadas e intelectualmente desafiadoras, são
realizadas por estes e os produtos daí resultantes são integrados na avaliação”
(BARCA, 2004, p.132). Neste modelo, as aulas organizam-se por temas e há
objetivos a serem atingidos através do debate em sala de aula, de modo a levar
em consideração também as concepções e conhecimento prévios trazidos pelos
alunos.
Outro ponto a se destacar é que a educação histórica torna possível a
percepção da alteridade, pois o objeto da História é exatamente o outro: o
passado. Uma pessoa que tenha contato com a alteridade da História está melhor
habilitada a lidar com as diferenças cotidianas, visto que as divergências
estão presentes a todo momento. Porém, “a tolerância oferecida pela história
não é uma vaga sensação de simpatia ou perdão, que aceita tudo sobre a base de
bom senso humano e relativismo generalizado” (LEE, 2011, p. 39). O autor Lee
(2011) critica um senso comum difundido por muitas pessoas, inclusive por
alguns historiadores, de que a história ensina lições – o que não é possível,
pois o passado jamais é repetido: passa-se o tempo, mudam-se os locais e as
pessoas. Um evento do passado não pode ser “revivido” (cf. LEE, 2011, p. 28).
Para debater a questão do ensino-aprendizagem de História, é necessário
diferenciar o conceito de História. Estevão Martins (2011), teórico da História
que se debruçou sobre o ensino de História, afirma que tal conceito é aplicado
de maneira plural. São três seus usos: aplicação do termo para se referir
“[...] à totalidade das ações humanas no tempo e no espaço”, remetendo-se aos
atos concretos das pessoas, que são permeados por intencionalidades e imersos
na cultura de cada um. O segundo uso é “história” como “[...] o produto do
procedimento teórico-metódico da investigação do passado sob a forma de
argumento demonstrativo, consignado narrativamente [...]”, ou seja, a ciência
da História. Já o terceiro e último uso refere-se à historiografia. Martins
defende que há uma interdependência, uma interseção entre estas três
“histórias”, e “a historiografia é um subconjunto da história-ciência e esta é
um subconjunto da história como um todo” (MARTINS, 2011, p. 144). É desta forma
que os alunos em sua particularidade fazem parte da História, pois ela não se
dá somente nos eventos considerados grandiosos ou nas datas consideradas
importantes. O agir individual interfere no coletivo, e são as pessoas os
agentes da História cotidiana. Martins ainda defende que há duas formas de se
aprender História: através do ensino tradicional e da forma potenciadora, e
ambas as perspectivas são interdependentes:
o ensino tradicional (não confundir com conservador ou retrógrado) restringe-se à institucionalização do sistema instrucional do Estado e diz respeito ao "dar aula de História" nas escolas, da fundamental à superior. O ensino potenciador está relacionado com o papel estético da História na comunicação social em geral e seu efeito formador e conformador da consciência histórica nas pessoas e em suas comunidades (MARTINS, 2011, p. 52).
Siman (2004) afirma o
conhecimento na escola não se processa diretamente entre o sujeito (aluno) e o
objeto a ser conhecido. Há entre eles a mediação do professor e a ação mediada
da linguagem, das ferramentas e dos signos (SIMAN, 2004, p. 82). Citando
Laville, ela afirma que “a história não é uma ciência fácil. Principalmente
para as inteligências inacabadas [...]. A história é provavelmente a mais
abstrata das disciplinas” (LAVILLE apud SIMAN, 2004, p. 83), já que não pode
ser submetida à experimentação da mesma forma que as ciências da natureza, por
exemplo. É neste sentido que o professor deve atentar para a forma como
constrói sua aula: é essencial que os alunos se sintam parte do que está sendo
ensinado (literalmente, parte da História) e que a aula seja atrativa, visto
que não há uma conta, fórmula ou experiência em laboratório que explique a
História. Outra questão é a pluralidade de olhares da História, questão
trabalhada por Gago (2004). A História contém múltiplas perspectivas debatidas
por diferentes autores que se pautam em diversos suportes documentais, e Gago
defende que
[...] o papel primordial do professor neste caso, é trabalhar em direção do “desmontar” de ideias de “opinião” e distorção intencional, tentando conduzir a compreensão dos alunos para um grau de sofisticação e de maior elaboração. A multiperspectiva pode ser perigosa se não se proceder ao desenvolvimento deste tipo de pensamento, pois substitui o dogma de um passado oficial pelo desamparo provocado pelo confronto com a diversidade (GAGO, 2004, p. 66).
Outro autor que cabe mencionar
é Rüsen (citado por Schmidt) que afirma que aprendizagem histórica é “[...] a
consciência humana relacionada ao tempo, analisando o tempo para ser
significativo, adquirindo a competência de dar sentido (significado) ao tempo e
desenvolver esta competência” (RÜSEN apud SCHMIDT, 2009, p. 33). Ele defende
que a aprendizagem de História é um processo que consiste em, de forma
consciente, localizar os fatos entre dois polos, como um movimento duplo, de
maneira que primeiro se adquire a experiência no decorrer do tempo (de maneira
abstrata, e aqui se insere a subjetividade de cada sujeito) e depois o sujeito
pode analisá-la (objetivismo do sujeito), de modo que isto implica que o
ensino-aprendizagem de História implica também num movimento de
autoconhecimento (cf. RÜSEN apud SCHMIDT, 2009, p. 33). Rüsen defende a
existência de uma cognição histórica situada, cujos princípios são a
experiência, a orientação e a interpretação, e tais princípios cognitivos são o
que diferenciam o processo cognitivo da ciência da História e pressupõem os
recursos ou materiais pelos quais são construídas as teorias históricas – os
conceitos e categorias históricos (cf. RÜSEN apud ACHMIDT, 2009, pp. 36-37).
Em suma, percebe-se a
importância das investigações ligadas ao ensino de História e do
desenvolvimento da concepção de educação histórica, visto que o que se tem,
atualmente, é uma diferenciação entre este campo e o da Pedagogia, pois
entende-se que o aluno necessita de uma cognição específica para aprender
História. É marcante também o papel do professor neste ínterim, visto que ele
atua como mediador e, independentemente do modelo de aula por ele adotado, deve
levar em consideração que os alunos não são “tabula rasa”, pois trazem
conhecimentos anteriores consigo, e não podem trabalhar com documentos, que são
essenciais tanto na pesquisa quanto no ensino de História, de maneira livre.
Martins (2011) sintetiza a importância do ensino de História afirmando que ele
“[...] encontra sua missão mais destacada no estabelecimento da correlação
substantiva entre a vida quotidiana do presente e o passado historiado”
(MARTINS, 2011, p. 43), e é isto que os professores devem levar em consideração
quanto buscam ensinar História para seus alunos.
REFERÊNCIAS
BARCA, Isabel. Educação Histórica: uma nova área de investigação. Revista
História. Porto: Departamento de História, Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, III série, vol 2, 2001, pp. 13-21.
_________. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In. Para uma educação
de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro
de Investigação em Educação (CIED)/ Instituto de Educação e Psicologia,
Universidade do Minho, 2004, p. 131 – 144
CAINELLI, Marlene Rosa. A escrita da História e os conteúdos ensinados
na disciplina de História no ensino fundamental. Educação e Filosofia,
Uberlândia, v. 26, n. 51, p. 163-184, jan./jun. 2012
GAGO, Marília. Educação e cognição em História. In: GAGO, Marília. Pluralidade de olhares: Construtivismo
e Multiperspectiva no processo de aprendizagem. Moçambique, EPM/CELP, 2012, p.
60-86.
LEE, Peter. Por que aprender História?. Educar em Revista,
Curitiba, n. 42, p. 19-42, out./dez. 2011. Editora UFPR.
MARTINS, Estevão C. de Rezende. História: consciência, pensamento,
cultura, ensino. Educar em Revista, Curitiba, n. 42, p. 43-58, out./dez.
2011. Editora UFPR. Disponível em:
<
http://www.scielo.br/pdf/er/n42/a04n42.pdf>. Acesso: 12/08/2014
SIMAN, Lana Mara de Castro. O papel dos mediadores culturais e da ação
mediadora do professor no processo de construção do conhecimento histórico
pelos alunos. In: ZARTH, Paulo A. et al (orgs.). Ensino de História e Educação. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2004.
Boa tarde,
ResponderExcluirEm seu texto, você tratou sobre a aula oficina, idealizada pela professora Isabel Barca. Quais são os desafios que o professor encontra ao optar por realizar aulas-oficina e, em sua opinião, quais vantagens esse modelo de aula possui em relação às aulas tradicionais?
Obrigada,
Raquel de Medeiros Deliberador
Universidade Estadual de Londrina
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOlá Raquel, boa tarde.
ExcluirObrigada pela sua pergunta!
Acredito que as aulas-oficina são benéficas em relação às aulas tradicionais pois elas priorizam o aluno enquanto sujeito, ou seja, ela depende da interação e da participação do aluno para que aconteça, diferentemente da aula tradicional, que muitas vezes é apenas expositiva e se resume às explicações do professor, por vezes ainda sem interação por parte dos alunos. Desta maneira, as aulas-oficina mostram-se mais atraentes para os estudantes, e trazem necessariamente documentos, de maneira que os alunos entrem em contato com eles e entendam que a História não é apenas "decorar" a matéria.
Sobre os desafios, é certo que uma aula-oficina é bem mais trabalhosa que uma aula expositiva, pois o professor deve pensar o conteúdo levando em consideração as particularidades de cada sala de aula (e não simplesmente "padronizar" uma aula para todas as turmas). Além disto, por vezes há a dificuldade em encontrar documentos adequados para a discussão que se deseja promover, pois muitos não estão disponíveis prontamente ou não podem ser manuseados ou mesmo levados para sala de aula (os mais antigos sobretudo). Porém, acredito que são questões que podem ser superadas e que a aula-oficina é um modelo bastante atraente de aula.
Olá, Giovana. Parabéns pelo seu texto.
ResponderExcluirEm se tratando da aplicação da aula-oficina idealizada pela profa Isabel Barca, na sua opinião e com sua experiência, quais seriam as condições ideais de espaço e duração da aula para que uma boa aula-oficina pudesse ser aplicada?
Rebecca Carolline Moraes da Silva
Olá, Rebecca, boa tarde.
ExcluirObrigada por sua pergunta!
Acredito que tudo depende da maneira que o professor planejar a aula-oficina em questão. De maneira geral, seria sempre bom que ele dispusesse de mais de uma aula (limitar aulas-oficina a apenas 45-50 minutos é bastante complexo, pois em muitos casos o professor precisa "correr" com o conteúdo - digo isto por experiência própria) e que também houvesse espaço para que os alunos pudessem se reunir e discutir os documentos e propostas da aula, ou mesmo para que eles possam realizar de maneira satisfatória as atividades propostas. Porém, cabe ao professor adaptar-se às particularidades da escola: se não há tanto espaço assim na sala de aula e ele deseja uma discussão com todos ao mesmo tempo, ele deve tentar buscar algum outro espaço na escola, por exemplo. Se não dispõe de mais de uma aula de 45-50 minutos, deve tentar propor atividades que possam ser feitas em casa. E assim sucessivamente.
Giovana, gostaria que você fizesse algumas considerações sobre a educação e a sociedade. A realidade brasileira não tem historicamente raízes fincadas na importância da educação. Para o aluno, o livro didático e discurso(monótono para eles) do professor é o único contato que terão na vida com a disciplina e com a importância da História. Como podemos lutar sozinhos imersos em uma historicamente profunda desmotivação, desapego e desvalorização dos bens intelectuais?!
ResponderExcluirOlá Rafael, boa tarde
ExcluirObrigada por sua pergunta!
Acredito que é necessária muita força de vontade por parte sobretudo dos educadores. Creio que cabe ao professor motivar e incentivar os alunos no sentido tanto da valorização da História em si quanto dos bens intelectuais de maneira geral. Muitos professores acabam sendo não só "exemplos" para os alunos pela forma como trabalham com a sala e ensinam, mas também são vistos como amigos da turma, visto que a escola é um local de convivência no qual os alunos passam grande parte de seu tempo.
Acredito que a mudança começa no pequeno, e que se nós, enquanto professores, divulgarmos e buscarmos solidificar tais valores (relacionados à valorização da leitura, à preservação de monumentos históricos, ao gosto por aprender, etc.) com nossas turmas, já estaremos fazendo a diferença.
Sobre isto, acredito que cabe ao professor utilizar-se de recursos diversos em sala de aula para motivar aos alunos, e que o próprio mestre valorize a sua aula e dê a ela a devida importância (pois se nem mesmo o professor se prepara e se dedica às suas aulas, como esperar que o aluno faça o mesmo?). Um exemplo que posso sugerir, visto que em minhas aulas de estágio pude notar que muitos alunos não tem contato com literatura, é utilizá-la como recurso didático e mostrar aos alunos que livros podem ser "legais" e ainda assim são meios de aprender. E isto é importante pois é sabido que muitos jovens e adultos não tem o hábito da leitura hoje, por diversos motivos ,e um deles é exatamente o desinteresse. E nisto, o professor tem papel fundamental.
Oi ,Giovana.Tudo bem??
ResponderExcluirGostei muito do seu texto, parabéns....
Você foi muito feliz ao dizer que os alunos em sua particularidade fazem parte da Historia.
Tenho uma pergunta:
Como demostrar a importância que nossos alunos tem uma participação na Historia???
Acredita que as similaridades encontradas entre personagens históricas e a atualidade de nossos alunos poderia ser uma ponte para mostrar-lhes essa participação???
Wander Alexandre Araújo Miranda .Bauru-SP
Olá Wander, boa tarde.
ExcluirObrigada por sua pergunta!
Acredito que é necessário sempre levar em consideração esta questão pois é bem mais fácil o aluno se interessar por algo e aprender coisas com as quais ele se identifica. Um conteúdo que não esteja relacionado à vida cotidiana (ou que o aluno não veja tal relação) é bem complexo de ser ensinado e aprendido.
Creio que cabe ao professor buscar não só relacionar o conteúdo estudado com a atualidade, mas também procurar estratégias para que os alunos entendam conceitos/conteúdos relacionados à História de forma a sentirem-se parte disto. Um exemplo seria incentivar os alunos a produzirem as próprias fontes históricas, como propondo-lhes que realizem entrevistas com pessoas mais velhas para estudas a História local, por exemplo. Ou ainda, propor um "tour" crítico ao museu de História da cidade, incentivando-os a serem críticos e reflexivos, e não apenas aceitarem todos os discursos que lhes são passados sem questionarem os mesmos.
Penso ainda que mais importante que encontrar relações entre personagens históricas e a atualidade dos alunos é desconstruir a noção que muitos tem de que apenas grandes chefes de Estado ou "heróis" são personagens da História. Acredito que o professor deve incentivá-los a refletir que eles mesmos, na escola em que estudam, no bairro em que vivem, fazem parte da História da cidade, do país, da História em geral. É claro que devemos ensinar também os chamados "personagens históricos", pois é necessário que saibamos nossa História, mas não da forma como estamos acostumados (que é geralmente decorando a data da morte de Tiradentes, por exemplo) - pelo contrário, devemos sempre procurar ensinar de maneira a desenvolver a criticidade do indivíduo. Não devemos ignorá-los, mas tampouco devemos exaltá-los de modo que os alunos pensem que História é apenas aquilo que aconteceu há muitos anos e que está nos livros. Pelo contrário, por mais que os nomes deles não estejam em livros didáticos, eles também são sujeitos históricos e a cada dia contribuem para a História.
Olá, parabéns pelo texto. Gostaria que você pontuasse se os pesquisadores costumam apresentar distanciamentos entre a Didática da História e as metodologias do ensino de História numa perspectiva da pedagogia.
ResponderExcluirJannaiara Barros Cavalcante
Olá Jannaiara, boa tarde.
ExcluirObrigada por sua pergunta!
Muitos autores, especialmente Jörn Rüsen, Peter Lee, Estevão Martins, Maria Auxiliadora Schmidt, entre outros, trabalham com a perspectiva da Didática da História e com a compreensão de que é necessário um trabalho específico para que se ensine e aprenda História de maneira satisfatória. O que podemos observar, especialmente nos últimos anos, é um distanciamento cada vez maior da Pedagogia e a consolidação deste campo da Didática que investiga também a cognição histórica, e os princípios e finalidades desta estão embasados na própria ciência histórica.
[...]o ensino de História não compreende (ou não deveria compreender) apenas decorar e repetir a matéria contida no livro didático ou ensinada pelo professor, e sim o trabalho com documentos, incentivando os alunos a questioná-los, ensinando-lhes o pressuposto de que não existe “verdade absoluta” na História.
ResponderExcluirCom base na afirmação do texto acima, além dos materiais didáticos geralmente utilizados, quais metodologias podem ser aplicadas para melhor utilização de filmes, músicas, arte e dança no ensino História, buscando instigar os alunos para formação de seu senso crítico e transformador como cidadão?
Geraldinéia Aparecida Santos
Olá Giovana Martins.
ResponderExcluirParabéns pelo texto.
Observando o espaço do professor no processo de ensino-aprendizagem em história qual seu papel no contexto onde a disciplina história tem a função primeira de contribuir para construção de visão crítica no alunado? Quais elementos representam barreira para o desligamento do professor de história na formulação da consciência histórica em sala de aula?
Atenciosamente
João Pedro P. Rocha
É de extrema importãncia que o aluno entenda que os acontecimentos da paasado influencia no presente, e que o presente influenciara na história futura. O que fazer para que os alunos tenham esse pensamento critico?
ResponderExcluirSirlene Pio