PERCEPÇÕES NA
ESCOLA CAIC EM PARNAÍBA-PI: UMA VISÃO DAS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS NAS DISCIPLINAS
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS E ESTÁGIO SUPERVISIONADO II
Gustavo
Silva de Moura
UCAM
Fabiano
Santos de Sousa
UFPI
Introdução
Este trabalho tem como finalidade mostrar a visão e as percepções dos autores sobre
a educação no campo da prática docente, usando de recursos tecnológicos como
suporte nas aulas ministradas no 9º ano da escola CAIC (Centro de Atendimento
Integral à Criança e ao Adolescente). Queremos mostrar ás influências das
teorias e metodologias da História, nas futuras e presentes práticas escolares.
Mostrando que temos que ter uma preocupação com o modo de uso das tecnologias (BRASIL,
1998 p.88).
Essa vontade de mostrar para
outros profissionais e alunos dos cursos de Licenciatura em História de
variadas instituições de ensino superior, faz com que esse texto seja uma
espécie de diário de campo, relatando no decorrer dele as concepções tiradas
dessa experiência, que inicialmente se tornou relatórios exigidos às
disciplinas e agora em um artigo cientifico, fazendo com que haja uma maior difusão
dessa visão, onde isso contribui efetivamente nas angustias de estudantes que
assim como nós um dia, enfrentamos pela primeira vez uma sala de aula.
Todo referencial foi colocado no
final do texto, foram usados como direcionamentos nas aulas teóricas, fazendo
com que fossem (des)construídos algumas percepções sobre o ensino, dando um
direcionamento na construção desse texto e das atitudes tomadas durante as
experiências, fugindo assim de certa forma das construções do modo tradicional
e trazendo visões e sentimentos adquiridos pelos autores.
Vivemos hoje uma época em que a
informação está em constante movimento, mais do que em outros tempos, pois a
possibilidade de chegada da informação as pessoas se encontra mais presente,
vemos que em um simples click, um texto, imagem ou som, pode virar uma noticia
em várias partes do mundo, essa influência é muito presente na vida da
juventude atual.
Os meios de comunicação podem ser
usados como uma arma importante no ensino da escola, mas uma das matérias que
mais se beneficia com esses meios é o ensino de história.
A História é o estudo constante
das práticas humanas, estamos fazendo história constantemente, usando imagens,
vídeos ou músicas, podemos levar o aluno à perceber as transformações das
praticas humanas, cada tipo de arte é fruto de seu tempo, uma imagem de uma
manifestação em 1968 não pode ser repetida na atualidade, uma obra de arte do
mesmo modo, pois as influências e condições sociais são outras.
Vemos que constantemente nas
escolas os alunos falam de temas relacionados com, internet e televisão, onde
devemos ver a oportunidade de direcioná-lo ao conteúdo proposto pelo professor,
o livro didático já nos dá essa oportunidade, vindo em algumas indicações de
filmes, também com imagens anexadas aos textos, fazendo com que haja a
ilustração do que está escrito, isso prende a atenção do aluno, se usado
corretamente, pois o fluxo constante da informação faz com que a dispersão
aconteça mais rapidamente, pois a cada segundo chegam mais informações para
aquele aluno.
Nas escolas de Parnaíba vemos que
no ensino de história começa a haver essas transformações, pois está havendo
uma renovação dos professores da cidade, isso está sendo causado principalmente
por conta do curso de História que desde os anos 2000 está formando novos
professores, fator que influencia no maior uso desses meios, pois muitas das
vezes os professores mais antigos relutam em usar desses meios dispostos pela
modernidade, mas temos que ressaltar que não são muitos que ainda persistem nas
práticas tradicionais. Um exemplo se faz na escola CAIC, onde o livro didático
traz muitas imagens que são essenciais no aprendizado, alguns professores usam
também o artifício da imagem em movimento, pois um filme ou documentário usado
de maneira certa contribui significantemente ao assunto, que está sendo
abordado pelo professor no momento.
Com isso podemos levar para além
das paredes da escola o constante aprendizado da história, fazendo com que o
objetivo principal que é a formação do pensamento crítico reflexivo no aluno
seja alcançado, pois a autonomia de informação do aluno o vai levar para temas
que contribuam positivamente para o seu crescimento pessoal e futuramente
profissional, lugares onde a relação humana se faz constante.
Descrição
do Ambiente Escolar
A escola CAIC está localizada no
Conjunto Betânia I no Bairro Piauí, na zona urbana de Parnaíba, a escola está
inserida numa comunidade de baixa renda, a maioria dos alunos fazem parte do
programa Bolsa Família.
O IDEB (Índice
de Desenvolvimento da Educação Brasileira) é considerado baixo em relação ao
índice nacional, apesar disso alguns alunos já foram premiados em concursos de
âmbito nacional, como a Olimpíada de Língua Portuguesa e Matemática, muitos que
concluíram o ensino fundamental (regular e EJA) foram aprovados em exames de
admissão em escolas técnicas de nível médio da cidade.
A Escola Municipal Prof.(a) Albertina
Furtado Castelo Branco - CAIC oferece o nível de ensino: Ensino Fundamental (6°
ao 9° ano); Educação de Jovens e Adultos e Ciclos nos turnos matutino,
vespertino e noturno. Possui aproximadamente 1.085 alunos.
O quadro de pessoal é constituído por
uma diretora, um diretor adjunto, uma coordenadora, uma secretária, três
auxiliares de secretária, três técnicos de informática, cinquenta e seis
professores e dezesseis funcionários de serviços gerais. A escola dispõe dos
seguintes recursos audiovisuais: retroprojetores, aparelhos de DVDs,
televisores, aparelho de som, notebook, computadores e data show. De acordo com
a coordenadora esses recursos são utilizados com muita frequência pelos
professores, principalmente o auditório com a finalidade de passar algum filme,
onde o controle é feito na coordenação, onde existe uma ficha de horários para
organizar seu uso na escola.
Alguns projetos são usados de modo a
garantir uma permanência e a promoção dos alunos, tornando-o um sujeito ativo
que busque a construção de uma sociedade justa e igualitária, capaz de
transformar o ambiente que vive. Sendo a escola, um espaço físico, pedagógico,
político e cultural que promova um ensino aprendizagem valorizando as
diferenças com um trabalho contínuo e sistemático de modo a formar sujeitos de
plena cidadania, críticos, capazes de produzir conhecimento, transformando-os
em aprendizagem concreta que venha viabilizar e favorecer o crescimento social
da comunidade parnaibana. De acordo com a coordenadora alguns projetos são
aplicados como: Artista na Literatura e Mostra Cultural na escola.
Outros projetos são aplicados principalmente
por alunos de faculdades públicas e privadas, onde a mesma relatou que a aceitação
por parte dos alunos é bem proveitosa. A participação dos pais se dá de maneira
regular, quando se tem a entrega de notas dos alunos, são apenas os pais que
podem pegar, mas segundo a coordenadora os pais sempre são bem-vindos na escola,
podendo solicitar uma reunião com a direção e a coordenação no momento que
desejar.
Exposição
descritiva e analítica dos resultados da visita In Loco e o paradigma de Ensinar e Aprender
Foi
conseguida uma conciliação das duas disciplinas na questão de localidade, pois
como as duas foram ministradas no 7º período do curso de Licenciatura Plena em
História, fez com que as observações feitas numa escola servissem diretamente
na construção dos relatórios de ambas disciplinas.
Ao todo na disciplina Educação e Tecnologias Contemporâneas se cumpriu uma carga horária de 60 (sessenta) horas, 50 (cinquenta) destinaram-se a teoria e 10 (dez) para o planejamento e observações em salas de aula, na escola CAIC, para elaboração e aplicação de um questionário com professores e alunos e posteriormente apresentação de um relatório. Em Estágio Supervisionado II, formam 100 horas, sendo dividas em 40 (quarenta) para planejamentos e regência e 60 (sessenta) para aulas teóricas.
As
aulas teóricas envolveram o estudo e a socialização de como os professores
podem se utilizar da tecnologia e as práticas e visões da educação, onde foram
trabalhados textos dessa temática e PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais),
fazendo uma explanação dos temas abordados em sala, para gerar uma discussão a
respeito de como os professores levariam conteúdos de História para a sala de
aula usando ou não as tecnológicas.
No
decorrer das discussões foram feitas varias indagações, a respeito do ensino e
foi levantado se estávamos preparados para trabalhar diretamente com as novas
tecnologias e como deveríamos abordar tais conteúdos nas séries iniciais, visto
que essas fases do ensino têm preferência para conteúdos que visam à formação e
repasse de conteúdos rápidos em sala de aula e os professores não poderiam dedicar
um tempo com outras atividades.
Foi
falado de deficiências que os cursos de Licenciatura da cidade de Parnaíba e no
contexto geral, têm para com as práticas pedagógicas voltadas às tecnologias,
onde as mesmas não são trabalhadas da maneira correta para certas situações na
área da educação, como alunos que não gostam de apenas assistir filmes e
professores que não se adequam a novos meios de como mostrar e tentar repassar
os conteúdos. Portanto é pertinente a reflexão do Professor Fernando Seffner,
onde ele fala que o exercício da docência é provisório, pois as percepções vão
mudando junto com as gerações, fazendo com que uma atualização seja necessária
(2012, p. 133).
Posteriormente
foi feito uma observação em campo com a finalidade de perceber se os
professores usam e como estes, aplicam nas suas respectivas disciplina, no
nosso caso de História, na sala de aula ou estão usando outras abordagens em
suas aulas a fim de repassar o conteúdo para seus alunos.
A
observação e estágio foram feitas em uma escola da rede pública municipal de
Parnaíba - PI mencionada anteriormente. Os professores da escola na sua maioria
possuem formação a mais de seis anos. Sendo aplicado inicialmente um questionário
direcionado para suas práticas em sala de aula, onde foram levantados alguns
questionamentos sobre a sua formação, didática, metodologia, ensino, estruturas
educacionais, e principalmente acerca da disciplina de História e se a
tecnologia e seu uso encontram viabilidade nas suas aulas.
De
acordo com os professores o ensino deve ser de transmissão crítica que possa
levar os alunos a (re)descobrir os conhecimentos, mediando um processo de
interação reflexiva a fim de que o discente seja capaz de aprender
significantemente os conhecimentos existentes e assim construir novos que o
ajudem em sua formação. Trocando assim valores, despertando o senso crítico dos
alunos, em relação aquilo que lhe está sendo ensinado, sendo imprescindível o
uso não apenas do livro didático mais sim de outras formas nesse processo.
Foi
relatada também a questão das dificuldades encontradas pelos discentes em suas
atividades, como: falta de alguns equipamentos tecnológicos na escola e numero
de salas multimídia em relação às turmas que são muitas, dificultando o uso das
mesmas, em alguns casos tem que se reservar com meses de antecedência.
As
salas de multimídia quando usadas servem de aparato para algumas questões que
ficaram fora da sala de aula, como: mostrar imagens que o livro não contempla e/ou
alguma musica relacionada com o tema. Sempre que possível fazendo relação de
conteúdos assistidos com sua realidade, dessa forma a aprendizagem se torna
mais significativa, além de relacionar com temas da atualidade vistos nas mídias
ou souberam informalmente, sendo essa uma saída para reaver o interesse dos
alunos.Os alunos recebem muito bem o uso das tecnologias que a escola dispõe,
onde os mesmos relataram que gostam dessas aulas porque assim o conteúdo se
expande para o cotidiano e se reconhece nele (SILVA, 2013, p. 26).
REFERÊNCIAS
AQUINO, Julio Groppa. A indisciplina e a escola atual. In:
Rev. Fac. Educ. vol.24 n.2 São Paulo July/Dec. 1998.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: história. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,
1998.
DAVIES, Nicholas. Elementos para
a construção do Currículo de História In: II
Encontro de Professores Pesquisadores na Área de Ensino de História. Rio de
Janeiro: Universidade Federal Fluminense, 1995.
SEFFNER, Fernando. Comparar a
Aula de História com ela mesma In: História:
Rio Grande, 2012. P. 121-134.
SILVA, Isaac Fonteles da. Concepções Pedagógicas e Práticas Docentes:
Possibilidades do uso das novas tecnologias no ensino de história. Parnaíba: Universidade
Estadual do Piauí (UESPI), 2013. (Monografia de História).
SILVA, Marcos Antônio da;
FONSECA, Selva Guimarães. Ensino de
História hoje: errâncias, conquistas e perdas. In: Revista Brasileira de
História. São Paulo, v. 31, nº 60, p. 13-33 – 2010.
TIMBÓ, Isaíde Bandeira. Alternativa
de intervenção social para o estágio supervisionado: Minicursos em questão. In:
HISTÓRIA& ENSINO, Londrina, v.
12, p.123-140, ago. 2006.
Muito interessante o trabalho de vocês, principalmente porque evidencia uma questão pertinente no nossos dias que o uso da tecnologia na sala de aula. Acredito que a falta de estrutura em relação aos equipamentos tecnológicos é geral, as escolas vivem uma crise em infraestrutura que dificulta que os professores utilizem estes recursos.
ResponderExcluirGostaria de saber se na disciplina de Educação e tecnologias contemporâneas vocês desenvolvem práticas de ensino e aprendizagem virtual como construção de blogs, aprendizagem com o moodle , repositórios digitais ? Faço esta questão, pois acredito que como professores utilizando esses recursos digitais devemos incentivar os alunos a produzirem e compartilharem saberes na web, mas sobretudo ensina-los à utilizar esse "turbilhão de informações" de uma perspectiva critica.
Alexandre Wellington dos Santos Silva - você observam a recorrência destes apontamentos em outras instituições de ensino em Parnaíba?
ResponderExcluirPerguntas: Acesso a novas tecnologias é inserção social? A falta delas é necessariamente uma exclusão? A Internet é mais que uma ferramenta?! O Tablet é melhor ou diferente do livro?!
ResponderExcluirSó mesmo através de estágios podemos vivenciar a realidade das escolas, quando não somos os profissionais e nem aluno da mesma. O que explica eesa má distribuição de tecnologias em nossas escolas?
ResponderExcluirSirlene Pio
Olá, não conseguimos responder individualmente cada pergunta, por conta disso, estamos respondendo cada pergunta em sua seguencia, desde já agradecemos todos os questionamentos feitos. Segue abaixo as resposta:
ResponderExcluirBruna C Marino Rodrigues. Na disciplina em questão desenvolvemos um blog, sendo este uma das formas de avaliação exigida da disciplina, dentre as varias temáticas que surgiram, a escolhida por nós foi o Cinema Brasileiro como temática nas aulas de História o link do blog é: http://cinemaemaula.blogspot.com.br/
Sobre o contato com moodle e repositórios digitais tivemos contato brevemente, somente em uma explanação por um professor convidado do curso de Ciência da Computação, sendo que este professor tinha como temática de pesquisa a informática na educação.
Alexandre Santos. Sim, há essa recorrencia em outras escolas em Parnaíba, pois tivemos alguns contatos com outras instituições por meios de outras disciplinas pedagogicas que mostraram isso.
Rafael Moura Robertti, de certa forma sim, pois o acesso a novas tecnologias favorecem o aprendizado do jovem, assim como a inserção dele em outros meios. Dependendo do meio social onde este jovem está, pode significar sim uma exclusão. Cada recurso tem sua particularidade não sendo coerente a exclusão de um pelo outro, tendo cada um suas particularidades e contribuições para o ensino
Sirlene Pio, acreditamos que essa má distribuição se dá por conta da gestão de cada local, em alguns casos os recursos até existem, mas os gestores não sabem como utilizar ou há algum desvio, fato comum no Brasil, mas temos alguns exemplos mostrando que um gestão responsavel pode trazer varios beneficios para o ambiente escolar e educação local.
Att.
Fabiano Sousa Santos
Gustavo Silva de Moura