ENSINAR HISTÓRIA
DA CHINA NO SUL DO PARANÁ: A EXPERIÊNCIA DE
UM NOVO MUNDO
QUE SE DESCOBRE
Helayne Cândido
Historiadora
& Psicopedagoga
UNESPAR
Antes de tudo,
esse é o relato de uma experiência de Ensino: uma experiência à ser
compartilhada, tendo em vista seus propósitos, limites e desafios. Mais que
simplesmente lecionar sobre a China, na disciplina de História, o que se
almejou, foi apresentar um mundo diferente para os alunos, para que eles
pudessem observar os costumes, as formas de pensar e de entender os fatos,
analisando e reconhecendo o que temos de parecidos e o que nos difere.
Tal experiência
ocorreu em turmas do 1º ano do Ensino Médio, do Colégio Estadual José de
Anchieta, na cidade de União da Vitória – PR. Sob a orientação e supervisão dos
Professores André Bueno, Dulceli Estacheski e Siclinde Werle, as aulas
aconteceram no período de 21/05/2014 à 06/06/2014. Para isso, foi elaborado um
plano de aulas em que traríamos temas diversos sobre China e Cultura Chinesa
para os alunos, tentando distanciar-nos de uma cronologia histórica já
estabelecida que define, a priori, o que se deve olhar sobre essa civilização. Como
uma das sociedades mais antigas do planeta, cuja continuidade histórica não
encontra paralelo no Ocidente, analisar a China exige outras abordagens.
O
que se sabe?
Já em nosso
primeiro encontro, após uma apresentação prévia de qual conteúdo trabalharíamos
e a forma como seriam avaliados, foi pedido aos alunos para que escrevessem
numa folha o que eles conheciam sobre a China: neste momento, as dúvidas, as
confusões, os estereótipos se revelam, e enfim, a curiosidade sincera - semente
do conhecimento - estava plantada. “Mas isso é China ou Japão?” –
perguntavam-se os alunos, diante de coisas triviais como o arroz, o papel ou a
escrita ideográfica.
Como meio de
chamar a atenção dos estudantes para um país tão distante, utilizou-se o texto
de Xiran, radialista chinesa que conta sobre sua passagem na Europa, e de
quanto um beijo no rosto, que para nós ocidentais é tão comum e corriqueiro,
pode se tornar um perigo em outra cultura. Em nenhum momento foi utilizada a
expressão ou a ideia de que uma cultura é melhor ou pior que outra. O que
pretendemos foi levar nossos alunos a vislumbrar um mundo que vai além dos
morros de nossa cidade, perceber que o que temos como verdade finita, nem
sempre é, e que conhecendo o outro, podemos construir melhor nossas perspectivas
sobre o outro e sobre nós mesmos: ‘[...] Eu os beijei um por um com muita
gratidão e amor, do fundo do meu coração. Desde então, tenho me deleitado com
essa bela linguagem corporal do Ocidente – mas só no Ocidente, nunca na China’.
(XINRAN, 2008) Se beijar é um problema de costume, como seria, então, descobrir
de que modo os chineses viam o mundo?
Partimos então
para a localização geográfica, fator este também importante para ser trabalhado
em História, pois o aluno precisa entender-se, dar conta de onde está,
compreender a localização de outros países, percebendo suas influências e o
trajeto que as mesmas fizeram através dos passos de nossos antepassados. É o
prazer de conhecer o mundo sem sair do lugar. Explicando a localização e
observando o mapa exposto no quadro da sala de aula, logo o material didático
e/ou pequena apostila foi entregue. E foi neste momento que se ouviu:
“Professora, este mapa está errado!” Este comentário surgiu devido ao fato de
que a figura que ilustrava o Mapa Mundo estava da forma como os chineses o
veem. Esta foi mais uma oportunidade de ressaltar aos estudantes que nem tudo
no mundo é apenas do modo como aprendemos desde pequenos.
Na visão antiga
chinesa, a China também era o centro do mundo, representado geograficamente
como o nosso, mas de ‘cabeça pra baixo’! A História nos serve para isso! Para
que a conheçamos e possamos perceber as semelhanças e diferenças entre os
povos, respeitando-os sempre e aprendendo com os episódios do passado.
Para muito além
de apenas repassar dados aos alunos, o que se desejou foi levá-los a conhecer
outras formas de pensar, e para isso trabalhamos com as filosofias de
pensamento e/ou Escolas de Pensamento. Foram elas: Confucionismo, Taoísmo e o
Legalismo, situando-os no tempo histórico da formação do Império.
Sempre buscando
uma aula expositiva-dialógica com vídeos e figuras, nada superou dois momentos:
vivenciar a caligrafia chinesa e experimentar um prato tipicamente chinês, que
para o espanto de todos, era o pastel. Sim, aquela comida da qual suas mães
sempre preparam ou encontram em qualquer lanchonete ou festa de aniversário, é
um prato chinês! O recheio do mesmo foi especial: carne suína, repolho,
champignon e gengibre. E não sobrou nenhum!
Vivenciar a
caligrafia chinesa foi o momento de entrar em contato com uma arte milenar.
Muitos estudantes comentavam da dificuldade, e demonstravam interesse em
aprender novas palavras de um sistema de escrita absolutamente diferente do
nosso: e que, todavia, os encantava, pois que baseado no desenho, na imagem, é recurso
atrativo para os estudantes.
Portanto,
aprender História parte do pressuposto de que se precisa colocar-se no lugar do
outro e vivenciar novas experiências, fazendo sentido na vida do estudante e
para que assim a aprendizagem se realize. Assim o aluno começa a elaborar uma
consciência histórica, da qual ele pode não ter vivido, mas experienciou e
colocou-se no lugar, compreendeu e formulou sua linha de pensamento. É a tão
simples e sonhada empatia, da qual se todos trabalhassem mais, seja em uma sala
de aula de uma universidade, seja numa sala de jardim de infância, seja nas
famílias, a sua visão de mundo seria mais ampla e melhor:
Se “aprender” for entendido, fundamental e genericamente, como processo no qual as experiências e as competências são refletidas interpretativamente, esse conceito de aprendizado diz respeito ao que se discute aqui: a contribuição da ciência da história para o desenvolvimento daquelas competências da consciência histórica que são necessárias para resolver problemas práticos de orientação com o auxílio do saber histórico. (RÜSEN, 2007, p. 94)
E
como os chineses pensam?
Voltando as
escolas de pensamento, na tarefa intitulada como “O julgamento do Imperador
Qin”, o objetivo era de que os alunos conhecessem e lessem sobre tais
filosofias e em grupos, defendessem as ideias dessas escolas durante suas
apresentações, bem como, comparassem as formas de pensar com a nossa, ocidental
e europeia. Em pauta, estava saber se o primeiro soberano chinês, Qinshi
Huangdi [que governou a China entre 221 a 210 a.C., e criou o império que hoje
conhecemos, incluindo a grande muralha e o mausoléu dos guerreiros de
terracota] teria sido um bom ou mau governante. Cada grupo deveria expor seus
pontos de vista, incorporando os saberes de uma escola [confucionista, taoísta,
etc.]. Com isso, buscou-se exercitar o imaginário sobre a mentalidade chinesa;
e, para além disso, perceber o que se mantém presente até os dias de hoje e por
qual motivo. Perceber como um povo consegue manter raízes tão fortes em sua
história, sempre voltando seu olhar para o passado, entendendo que seu presente
é fruto/resultado de milhares de anos.
Na China, podemos
entender que o que se acreditava, se tentava colocar em prática, se vivenciava!
Tais linhas de pensamento surgiram em um momento de crise e de guerras na China
Antiga, e a sociedade clamava por mudanças. Neste contexto, apareceu a figura
dos filósofos.
Os Confucionistas
primavam pelo desenvolvimento moral e pelo direito de todos à educação, para
assim desenvolver o pensamento das pessoas para construção de uma sociedade com
mais harmonia. O Taoísmo defende o desprendimento material e a busca pelo Tao, que seria a origem de todas as
coisas. E por fim, os Legalistas, que eram muito radicais, e acreditavam que as
leis deveriam ser rígidas e firmes para estabelecer a ordem da sociedade.
Ainda que os
conteúdos fossem breves, os alunos podiam manifestar e projetar sobre os
chineses sua crenças, visões e reflexões, revelando a si mesmos o quanto os
pensares chineses estavam ora distantes, ora próximos, de nossas realidades.
E
afinal, para que serviu?
Mas, afinal de
contas, de que serve trabalhar a história da China Antiga numa instituição de
ensino no sul do Brasil?
A disciplina de
História nos proporcionar uma viagem no espaço e no tempo, se assim desejarmos.
Longe das ‘certezas’ apresentadas por outras disciplinas, a História nos lança
no mundo absolutamente real do conhecimento – sempre incerto, movediço, mutável
– do qual a China ainda é um de seus aspectos mais surpreendentes para nós.
Em História,
podemos conhecer os fatos que influenciaram o desenrolar de acontecimentos e
compreender, ou pelo menos tentar, o porquê do presente. E você pode se
perguntar: mas o que a China tem a ver com Paraná? A partir do momento que se
entende que somos diferentes neste mundo, que existem outras formas de pensar e
encarar esse mesmo mundo, que eu posso aprender com o diferente, que eu posso
admirá-lo, posso até criticá-lo se assim o conhecer, eu entenderei pra que
serve estudar História.
Ou seja, a
aprendizagem precisa ser significativa, e trabalhar com a História é trabalhar
com o desenvolvimento da consciência histórica de nossos alunos, para que ele
possa se orientar em relação ao mundo. Não apenas ao mundo que o cerca. Mas
pelos vários e diferentes mundos que temos no nosso planeta:
A cultura histórica nada mais é, de início, do que o campo da interpretação do mundo e de si mesmo, pelo ser humano, no qual devem efetivar-se as operações de constituição do sentido da experiência do tempo, determinantes da consciência histórica humana. (RÜSEN, 2007, p. 121)
Ora bolas, nossa
educação é formulada de maneira ocidental, com fortes bases europeias e
modismos, que mudam de tempos em tempos. É natural não encontramos evidências
no ensino sobre a história asiática, mais especificamente sobre a China, ou
resumi-la ao seu aspecto econômico apenas, em páginas rápidas dos livros
didáticos.
Mas também não
podemos ser cruéis e dizer que os livros estão fracos. Sim, eles apresentam
sucintamente outros aspectos da história mundial, que se o professor não explorar,
passarão desapercebidos e inexplorados. Sendo assim, estudar, por exemplo, a
forma de pensamento desse povo tão antigo, cujas invenções fundamentais do
papel, bússola, pólvora ou imprensa foram cruciais para a história humana, nos
faz refletir sobre importância de compreender mais suas filosofias antigas, ou
seja, olhando para o outro, eu também olho para mim, e me re-entendo, e me
reinvento, e reaprendo.
Para trabalhar o
ensino de uma história tão distante, é preciso torná-la próxima e palpável. A
todo o momento buscou-se fazer comparações do que temos de semelhante e o que
temos de diferente do povo chinês, levando os estudantes a refletiram o que se
tem de positivo e/ou negativo. Longe de ditar o que é certo ou errado em
qualquer cultura, o que se buscou primeiramente foi analisar o que sabemos
sobre eles e o que podemos aprender com eles. Numa sociedade altamente
presentista como a nossa, vislumbrar o apreço que o povo chinês tem por seus
antepassados é no mínimo admirável e exemplar.
Nesse sentido,
fazê-los observar o porquê de não serem distribuídos igualitariamente tais
conteúdos, como o continente europeu, por exemplo, é plantar a semente da
problematização, ou seja, tirar o véu de seus olhos e fazê-los perceber outro
tipo de mundo e que nem tudo é como já lhe foi dito ou entregue como
conhecimento pronto.
E é exatamente
este o papel do professor: levar nosso aluno a se perguntar “e se?” Esse
questionamento é a porta que se abre para o aprender mais e não reduzir o
estudo a apenas tópicos prontos, decorados e automáticos. Lecionar história é
proporcionar aos nossos estudantes uma nova leitura de mundo.
REFERÊNCIAS
RÜSEN, Jörn. História viva: teoria da história:
formas e funções do conhecimento histórico / Jörn Rüsen; tradução de Estevão de
Rezende Martins. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2007.
XINRAN, Xue. O que os chineses não comem. Tradução
Ricardo Gouveia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Indicações
Didáticas
WANG, Tao.
Explorando a China. São Paulo: Ática, 1996.
LAI, Po Kan. Os
Chineses. São Paulo: Círculo do Livro, 1980.
SCHAFER, Edward.
China Antiga. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.
PERGUNTAS
Carl Rogers defende que a aprendizagem deve ser significativa, plena
de sentido, experiencial. A partir do momento que se oferece novos
conhecimentos aluno, o interesse dele só tem a aumentar. Isso ocorreu
na sala? Os alunos ficaram instigados? por Letícia Mello
RESPOSTA PARA LETÍCIA MELLO.
Sim Letícia! Foi perceptível o interesse dos alunos. Mas isso foi algo gradativo. De início, houve certa postura defensiva da parte deles, como se fosse apenas mais uma aula, resumindo a China aos pequenos dados do livro didático. E não tiro aqui o seu valor, mas levar conteúdos para além dele, foi o que despertou o interesse dos alunos pelo tema.
Praticar a caligrafia chinesa, por exemplo, foi uma forma de despertar tal interesse. Muitos vinham até mim, perguntando como se escrevia outras palavras e seus nomes.
Levar uma comida tipicamente chinesa foi algo que os surpreendeu também. Afinal de contas, o pastel é algo que eles comem cotidianamente, sem pensar sua origem.
Fazê-los perceber o que temos de diferente, o que temos de parecidos, o que podemos aprender com a cultura chinesa, perceber outras maneiras de pensar e entender o mundo, foi meu objetivo a todo o momento.
Penso que não atingimos a todos os alunos de uma forma igualitária, até mesmo por uma questão de empatia referente aos temas, mas alguns deles apresentaram um crescente interesse sim!
Ao término das aulas a sensação era de querer aprender mais, por parte dos alunos. E isso foi muito gratificante! Quando na verdade, quem mais aprendeu fui eu.
Grata pela pergunta!
Que materiais podemos usar para ensinar China nas escolas? Tens
indicações de livros? por Mauro Brandão
RESPOSTA PARA MAURO BRANDÃO
Olá Mauro! Penso que como convite a curiosidade dos alunos pelo tema, o livro “O que os chineses não comem”, da autora Xinran, é uma boa forma de lhes chamar a atenção. Em meu estágio, utilizei o texto “No Ocidente, um beijo é só um beijo. Se ao menos isso fosse verdade no lugar de onde vim.” Ele é o relato de um diário, de uma chinesa que viveu alguns anos na Europa e é muito atual. O deste trecho, por exemplo, é de 2003.
Os alunos ficaram atentos para ouvir e surpresos, afinal, o sentido de um beijo pode se modificar de acordo com o continente em que você está. Fazê-los perceber que há outras formas de entender o mundo para além dos morros da minha cidade, foi meu desafio.
Nas minhas aulas utilizei o exercício da caligrafia chinesa e a culinária, orientada pelo meu professor André Bueno. Sugiro que visite o blog deste meu professor para conhecer mais sobre a cultura chinesa e “Explorando a China” de Wang Tao é um bom começo. “A cultura chinesa”, por Yu Dong, Zhong Fang e Lin Xiaoling, também é um bom livro para ser utilizado em sala de aula.
Gostaria de ter proporcionado a experiência do Tai Chi Chuan, mas isto fiquei devendo.
Grata pela pergunta!
Boa tarde, Achei muito interessante sua proposta de abordagem! É
realmente uma proposta diferente e nova, especialmente por se tratar
da China, um país cuja cultura parece estar tão distante de nós. Sou
do norte do Paraná, e aqui percebemos visualmente a influência
japonesa imigrante, de modo que se torna menos complexo trabalhar com
o Japão (que mesmo distante geograficamente, está próximo a nós
culturalmente graças à contribuição imigrante). Desta maneira,
gostaria de lhe perguntar... quais foram os maiores desafios que você
encontrou na realização do seu trabalho em sala de aula, tanto
metodologicamente quanto em relação à recepção dos alunos? Houve
receio por parte dos professores/diretores da escola em abordar um
assunto tão "fora" da grade pré estabelecida? Obrigada, Giovana Maria
Carvalho Martins
RESPOSTA PARA GIOVANA.
Olá Giovana!
Sim, houve dificuldades no início, no sentido de que talvez os alunos pensassem que as aulas se resumissem apenas ao livro didático. Penso que o mesmo é a ferramenta base para iniciarmos uma aula. Mas é preciso ir além dele.
Um dos únicos pontos em comum com a China que existe na minha cidade é uma pastelaria da qual a dona é chinesa. Embora todos os alunos não tenham relacionado este fato à origem do salgado que comem cotidianamente, procurei trazer a “China” para perto deles, fosse com a experiência da caligrafia chinesa, fosse saboreando o pastel, fosse levando eles a perceber uma forma de pensar diferente.
Penso que meu encantamento pelo tema, foi algo primordial para envolver os alunos. Meu desejo era mostrar para eles, um mundo diferente do que eles conhecem.
Resistência por abordar o tema existiu sim! No próprio meio acadêmico pelo fator da distância geográfica, talvez. Mas o interessante no ensino de História é, penso eu, apresentar, estudar, conhecer outras culturas e aprender com elas.
A professora regente da classe me deu total liberdade para trabalhar o tema e meu orientador foi quem me auxiliou para que eu desempenhasse bem as aulas.
Grata pela pergunta!
As mídias presentes na vida dos alunos, de forma muito constante pode ser uma influência no que diz repeito a formação de um aluno questionador, uma vez que devido ao grande numero de informação ele pensa que não mais perguntar para aprender?
ResponderExcluirOlá Mazilda! Concordo com você que nossos alunos são pouco questionadores. Ao mesmo tempo que penso que dúvidas aparecem quando você começa a estudar algo. Por exemplo: no início de nossas aulas o silêncio imperava. Quando questionados sobre diferenças entre China e Japão, altamente divulgado pelas mídias como sendo a mesma coisa, as dúvidas apareciam e o interesse começou. Penso que então eles perceberam que nem tudo que está pronto nas mídias é verdadeiro e isso nos impulsiona a aprender mais. Fazê-los perceber a diferença entre informação e conhecimento é primordial. E como professora, penso que essa vontade por aprender deve partir de nós educadores, no exemplo, envolvidos e ouso dizer, apaixonados pelo que fazemos, que "seduz" os alunos e, com esperança, faz com que eles se espelhem e queiram aprender também! O prazer do conhecimento é único! Minhas aulas não tiveram uma chuva de questionamentos. Poucos alunos se manifestavam durante a aula. Mas o sino tocava, eu me preparava para sair da sala e alguns vinham até mim para fazer perguntas. E isso foi algo que me deixou instigada: porque esperar o final da aula? Ora, estamos falando de adolescentes, que talvez não se sintam a vontade para perguntar na frente da turma. Foi o que pensei e dei liberdade para que viessem conversar comigo e vieram. Não posso ser professora só dentro da sala de aula. Sou uma sonhadora na educação. Mas sou realista também: sei que não atingi a todos. Mas, se um deles lembrar da minha aula ou de nossas falas rápidas no corredor, já terá valido a pena!
ExcluirExcelente forma de trabalhar a questão do Outro! A pergunta da Mazilda Borges é ótima e partilho com ela o interesse de vê-la respondida.Ainda assim, gostaria de alguns apontamentos quanto a uma questão me inquieta bastante ultimamente: como pode a escola, remar sozinha, sem respaldo ou valorização de sua importância por parte da sociedade em que ela está inserida?!
ResponderExcluirOlá Rafael! Penso que a educação é uma causa de gente corajosa e ousada! A educação no nosso país tem muito por melhorar e também por ser valorizada. E esta valorização precisa vir de toda a sociedade, envolvendo não só os profissionais de educação, mas penso que a família precisa entender a importância da educação na vida das pessoas. Independente do que o ser humano será um dia, a criança, o adolescente e os pais deles precisam entender que a educação é uma parte importante da formação da pessoa. E quando digo "formação da pessoa" isso envolve sim o conhecer "o outro"para se conhecer também. Mas como isso será importante numa sociedade que prioriza o ensino da matemática, por exemplo? Não estou aqui tirando sua importância, mas entenda, me parece que estudar História, estudar a história de outras culturas não é tão importante, então pra quê estudar? E volto a ideia inicial: qual o papel de todos os agentes da educação? Que tipo de "pessoas" estamos formando? Então, essa valorização começa comigo: pelo prazer que sinto em estar em sala de aula, em envolver meu aluno e fazê-lo compreender a importância do que estou ensinando. E principalmente, acreditar no que eu faço. Esse trabalho de conscientização de sua importância, talvez seja um trabalho que levará tempo para vermos nossa educação como sonhamos. Mas eu preciso começar fazendo a minha parte, envolvendo alunos e também seus pais. Diria que principalmente seus pais. No meu cotidiano em sala de aula, tenho dias que saio frustrada sim! Afinal, educação não são só flores. Mas tento fazer minha parte da melhor maneira possível. Não posso deixar de sonhar...
ExcluirQue gratificante que voce conseguiu alcançar seus objetvos no ensino de história da China, pois não é esse o interesse que encontramos por parte dos alunos. Voce concorda?
ResponderExcluirSirlene Pio
Sim, a sensação inicial quando entrei em sala de aula, não foi de muito entusiasmo por parte dos alunos. Mas, conforme o tempo foi passando e fomos desconstruindo algumas inverdades, o interesse foi surgindo. Claro que nem todos ficaram apaixonados pelo meu tema. Mas acredito que eles passaram a olhar o outro de forma diferente e era isso que eu almejava.
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