Jefferson Lima

'EU, TU, ELES'
OS QUADRINHOS E A AUTOBIOGRAFIA: ESCRITA DE SI DENTRO DA SALA DE AULA
Jefferson Lima
UDESC


A proposta deste ensaio visa problematizar, e levantar a ponderação sobre as Histórias em Quadrinhos como ferramentas autobiográficas. Não apenas a proposta de uma autobiografia ficcional, mas sim de um conjunto de impressões, representações, no tempo e espaço, além de sua utilização dentro do espaço de sala de aula. Tal ponderação surgiu a partir através de uma inquietação junto aos meus alunos que, surpresos, descobriram que eu também lia quadrinhos. Em tal experiência foram separados os seguintes quadrinhos para análise e leitura: Hadashi no Gen (Gen – Pés descalços) criado por Keiji Nakazawa, que narra à história de um sobrevivente da bomba atômica de Hiroshima; Palestine (Palestina) do jornalista Joe Sacco, apresenta a experiência do autor de Jerusalém até a Faixa de Gaza; E por fim Los Três Amigos, trio fictício de personagens que são, na verdade, caricaturas de seus criadores (Angeli, Laerte e Glauco) e apresenta o cenário underground de uma forma estereotipada crítica.

Para uma melhor compreensão serão separados em quatro momentos. O primeiro deles fará um levantamento sobre o conceito de autobiografia e escrita de si, num segundo passo será proposto uma análise entre a escrita de si/autobiografia e os quadrinhos. Em sequência faço, brevemente, uma reflexão sobre os quadrinhos como ferramenta didática. Concluindo será realizada a análise dos três quadrinhos em questão, visando apresentar as especificidades de cada um.

Escrita de si ou autobiografia – ponderações cautelares
Primeiro deve ficar clara a diferenciação entre escrita de si e autobiografia. Entendo a escrita de si a partir das ponderações de Michael Foucault que apresenta a escrita de si adquire como uma ação determinante na elaboração sobre si. Ao apresentar o processo de escrita no período da Antiguidade Clássica e nos primeiros anos do Império Romano. Para Sêneca, por exemplo, era preciso ler, mas também escrever (FOUCAULT, 1992. p. 146). Foucault ressalta a relevância da escrita para o “cuidado de si” no seguinte trecho:

A escrita constitui uma etapa essencial no processo para o qual tende a askêsis: ou seja, a elaboração dos discursos recebidos e reconhecidos como verdadeiros em princípios racionais de ação. Como elemento de treinamento de si, a escrita tem, para utilizar uma expressão que se encontra em Plutarco, uma função etopoiéitica: ela é a operadora da transformação da verdade em êthos (FOUCAULT, 1992. p. 147).

Ou seja, para o autor o processo de escrita de si não é apenas um suporte da memória, mas devem ser pensados, também, como exercícios que serão utilizados constantemente, reverberando nas ações diárias dos indivíduos. Tais processos também não devem ser vistos como diários, mas sim como objetos que possuem um aparato de informações constantes, que trazem um conjunto de seleções de discursos.

Para escrita autobiográfica, tomo de empréstimo as considerações de Philippe Lejeune, para o autor a narrativa autobiográfica inspira-se sempre, ao menos em parte, na preocupação de atribuir sentido, de encontrar a razão, de descobrir uma lógica ao mesmo tempo retrospectiva e prospectiva. No artigo intitulado 'O Pacto Autobiográfico', Lejeune começa apontando o questionamento sobre a possibilidade de se definir o que é autobiografia. Para o autor, autobiografia deve ser entendida como uma narrativa retrospectiva em prosa que uma pessoa real faz de sua própria existência, quando focaliza sua história individual, em particular a história de sua personalidade.

É como se o autor criasse, a todo tempo, um autorretrato de si mesmo, sendo a autobiográfica uma continuidade de autorretratos adaptados a cada aspecto próprio das representações conjugadas à ação do narrador no momento de sua retrospectiva.  Lejeune afirma que a passagem da individualidade pela escrita “não significa de modo algum eu ela seja uma ficção” (LEJEUNE, 2008, p. 104), sendo a escrita apenas um prolongamento do trabalho de criação de identidade narrativa.

Entendo que dentro das escritas de si podem ser inseridas as autobiografias, e no caso dos quadrinhos analisados elas são representadas de diversas maneiras, mas antes de adentrar as especificidades dos objetos propostos é importante apresentar os próprio género dos quadrinhos, e suas particularidades.

Histórias em quadrinhos – especificidades do objeto numa escrita de si autobiográficas
Ao pensar nesse processo de escrita de si, é vital entender o processo de permanência dos objetos estudados. Nesse ponto entendo que “Só se pode estudar a intimidade daqueles que deixaram algum tipo de escrita de si ou que foram objeto de minuciosa descrição” (CONCEIÇÃO, 2013,p.37). E a partir disso compreendo que as Histórias em quadrinhos, por serem objetos impressos, que tendem a perdurar durante determinado tempo, e são vinculados a um processo de distribuição, partem dessa escolha, dessa “permanência”.

As Histórias em quadrinhos podem ser analisadas no mesmo diapasão das pesquisas historiográficas voltadas para a imprensa e o impresso. A historiadora Maria Helena Rolim Capelato define que “todos os jornais procuram atrair o público e conquistar seus corações e mentes. A meta é sempre conseguir adeptos para uma causa, seja ela empresarial ou política, e os artifícios utilizados para esse fim são múltiplos.” (CAPELATO, 1988, p.15). É possível estender essa lógica para as publicações de histórias em quadrinhos.

No processo de confecção de uma publicação em quadrinhos, alguns elementos acabam se diferenciando, como por exemplo: público alvo, núcleo editorial, autores, proposta de conteúdo, entre tantas outras possibilidades. Para que tais elementos sejam  compreendidos dentro de uma publicação como as HQs,é importante que, primeiramente, estes pontos sejam pensados junto às especificidades do documento quadrinho. 

As principais especificidades dos quadrinhos, que devem ser levadas em conta são: “gênero discursivo” específico das histórias em quadrinhos, ou seja, se as HQs têm a intencionalidade de serem vistas como “quadrinhos de super-heróis” ou “quadrinhos infantis”, cada uma delas demanda uma ponderação específica sobre qual  público alvo ela se destina;qual a inclinação ideológica/política do(s) autor(es)  ou  núcleo  editorial  da  publicação  detém,  e  se  esses  pontos  são latentes, ou não, na publicação; se a proposta da revista pode ser “encaixada” em algum seguimento social – grupos urbanos, identidades, representações e afins.

E é a partir desse ponto que os quadrinhos autobiográficos devem ser pensados, em sua especificidade e diferenciação. O processo de confecção de um quadrinho que lida com a escrita de si autobiográfica, a meu ver, se vale não apenas do processo de criação de outras formas de HQs, mas sim de uma ponderação pontual, e de uma pesquisa “histórica” para sua construção. Como aponta Bernard Lahire, sobre as escritas de si:

“En forçant à expliciter l'implicite et à mettre en ordre l'experiénce, la mise en forme écrite (de la simple liste aux récits les plus fournis) tranforme le flux constant des événements vécus, dont on n'aqu'une maitrise pratique, en événements détachés de la réalité continue de l'experiénce, explicités dans un langage et analyspes par l'opération même de sélection des traits pertinents de leur description et des modalités de leu narration” (LAHIRE, 2008, p. 171).

Assim sendo, esse processo de explicitar a linguagem, o processo de mergulho no objeto narrado/narrativa, dos autores, trazem um conjunto de contágios muito pertinente as reflexões historiográficas.

A partir disso, acredito, que os três exemplos a seguir dão conta de apresentar, ainda que de forma breve, três situações dos quadrinhos autobiográficos em específico. O quadrinho “histórico”, o jornalístico, e o cartunesco.

HQs e Sala de aula – Pontos de reflexão
Ao entender que vivemos em uma sociedade plural, que se utiliza de diversas formas mídiaticas na sua confecção, trazer estes cenários para a sala de aula vai de encontro as demandas e posturas diferenciadas para o ensino de história. Novas abordagens, e métodos, são parte culminante da aproximação entre professores e educandos.

Nesse sentido o professor deve assumir o papel de criador, e viabilizador, de possibilidades distintas para a aprendizagem. E é nesse ponto que vejo as HQs, como aponta Vergueiro(2010), tem se tornado importante ferramenta didática no processo de ensino e aprendizagem.

Além disso, a própria utilização das HQs como ferramenta de apoio pedágio está assegurada tanto na LDB (Lei de Diretrizes e Bases, quanto nos PCNS (Parâmetros Curriculares Nacionais).

Utilizar os quadrinhos como ferramenta pedagógica agregam na construção do senso crítico, político e estético. Como cita Mendonça:

Reconhecer e utilizar histórias em quadrinhos como ferramenta pedagógica parece ser fundamental, numa época em que a imagem e a palavra, cada vez mais, as associam para a produção de sentido nos diversos contextos comunicativos (MENDONÇA, 2007, p.207)

Ora, entendendo a importância das HQs, que muito já foram estudadas dentro das pesquisas acadêmicas, como ferramenta pedagógica. Juntando a proposta de representação realizada pelos autores das HQs, pensados num processo autobiográfico, me proponho a adentrar na especificidade dos objetos apresentados aqui.

Gen, Joe Sacco e Los três amigos – diferentes autobiografias nos quadrinhos
O primeiro trabalho apresentado aos educandos foi a produção japonesa Gen – pés descalços. Criado pelo autor Keiji Nakazawa a obra conta sua experiência como sobrevivente a bomba atômica lançada sobre Hiroshima. Inicia a narrativa a partir dos dias que antecederam o trágico incidente até o início do “renascimento” da cidade. Embora claramente Nakazawa esteja sujeito às subjetividades de seu lugar de fala e de suas “cicatrizes”, é possível encontra um testemunho que visa mostrar  o  que  aconteceu  naquela pequena cidade japonesa.

Já o projeto de Joe Sacco segue na linha do jornalismo em quadrinhos, dentre vários trabalhos Palestina foi primeiro lançado como uma série de nove gibis nos anos 90. Transformou-se em dois livros e, cada história, num capítulo. O primeiro volume da HQ Palestina: uma nação ocupada foi publicado em 1993 e, no Brasil, em 2000. Vencedor do prêmio American Book Award , em 1996, divide-se em cinco capítulos em que são tratados diferentes assuntos: campos de refugiados, prisões, torturas eas mulheres palestinas. O segundo, Palestina, na Faixa de Gaza, foi publicado no Brasil em 2004 e dedica-se a mostrar  a maneira como vivem os palestinos nesse local.

Já as publicações Los três amigos dos cartunistas Laerte, Angeli, Glauco e depois Adão, foi um conjunto de história publicadas nas revistas Chiclete com Banana, Geraldão e Piratas do Tietê da editora Circo durante a década de 1990, e que foram, posteriormente, compiladas e lançadas em uma revista em quadrinhos intitulada Los três Amigos. As histórias, com temática western, fazem uma crítica a diversos stocks da sociedade, além de apresentar, de maneira ficcional “pero no mucho” espaços da cidade de São Paulo -  como a Vila Madalena, Centro e afins – e “mazelas” sociais. Fazendo uma análise do cenário brasileiro dos anos 1990, com sua reabertura política, processos neoliberais, e reverberações de uma geração impregnada de uma senso de “globalidade”, as histórias vertem pelos mais diversos assuntos do cotidiano brasileiro.

Finalizando este ensaio, apresento as multiplicidades dos quadrinhos em uma perspectiva da autobiográfica, e a utilização desse material em sala de aula, além de suas especificidades. É obvio que existem muitas outras HQs a serem abordadas, mas este é um breve ensaio, e espero que aguce os futuros licenciados sobre o tema e a aplicação no cotidiano escolar.

REFERÊNCIAS
CAPELATO, Maria Helena. Imprensa e história do Brasil. Contexto, Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
CONCEIÇÃO, Adriana Angelita. A prática epistolar e suas sensações: sentir, escrever (falar) e ler (ouvir). In:_____. A prática epistolar moderna e as cartas do vice-rei d. Luis de Almeida, O Marquês do Lavradio: sentir, escrever e governar 1768-1779. São Paulo: Alameda, 2013. P. 33-134
FOUCAULT, Michel. A escrita de si. In: ____. O que é um autor?. Lisboa: Passagens, 1992, p. 129-160.
LAHIRE, Bernard. De La réflexicité dans la vie quotidienne: journaul personnel, autobiographie et autres écritures de soi. Sociologie et sociétes, vol 4, no.2, 2008, p. 165-179
LEJEUNE, Philippe. Autobiografia e Ficção. In: _______.O pacto autobiográfico. De Rousseau à Internet. Ed. UFMG, Belo Horizonte, 2008, p. 103-109
MENDONÇA, M. R.S. Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos. In: DIONISIO, A. P.; A. R. Machado e BEZERRA, M. A. Gêneros textuais & ensino. 5. ed. Rio de Janeiro: Lucena, 2007.
RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro. (Org.). Como Usar As Historias em Quadrinhos na Sala de Aula. São Paulo, Ed: Contexto, 2010


27 comentários:

  1. Como podemos ensinar um aluno a elaborar sua própria autobiografia sem constrangi o aluno na sala de aula.
    Aluna Ana Maria Margotti

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Ana, primeiro você pode explicar que a função da autobiografia é a de pensar um espaço onde ele é livre pra criar livremente. Inserir num cenário mais "fantástico" é uma das formas de dar vazão a criatividade sem expor o educando. A forma como o Angeli, Laerte e Glauco fazem isso nos quadrinhos do Los Três amigos é uma delas. Existem vários outros, se pegar os exemplos do Hq Persépolis da Marjane Satrapi, que falei acima, ou do Maus do Art Spiegelman (que fala sobre o Nazismo na segunda guerra) são bem interessantes.
      Espero ter ajudado. Um abraço.

      Jeff

      Excluir
  2. A escrita de si é quando o indivíduo escreve sobre as impressões subjetivas de um determinado momento vivido por ele mesmo. E a autobiografia é quando o indivíduo escreve retrospectivas de momentos vividos por ele. Sendo assim, dentro das escritas de si podem estar inseridas as autobiografias, mas e nas autobiografias podem ou não estar inseridas de escritas de si? Rubiamara

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Rubiamara, boa pergunta. Partindo da idéia do Foucault, não apenas impressões subjetivas. Elas são objetivas, e a escrita de si também é um método. Colocar em palavras, de forma ordenada, as informações da memória, demanda um processo constante. Lembre-se esses processos são uma seleção de discursos, assim sendo não são subjetivos, são objetivos, têm um porquê. Podem falar de qualquer coisa, mas são uma escolha de quêm escreve, uma triagem. Um exemplo de escrita de sí seriam as colunas de jornal, elas trazem as opiniões do autor sobre diferentes assuntos, não são diarias, mas têm uma constância. Falam de diversos assuntos, mas fazem parte de uma escolha do autor. Determinam um assunto em detrimento de outro.

      A autobiografia tenta encontrar sentido na escrita de um indivíduo sobre sí mesmo, de forma retrospectiva. É uma espécie de autoretrato, um processo de criação de identidade.

      Suncitamente, as autobiografias fazem parte das escritas de si, mas as escritas de sí podem ser muitas coisas além da autobiografia (diários, jornais, cartas, fazem parte das escritas de sí).

      Espero ter ajudado.

      Um abraço.

      Excluir
    2. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
  3. A proposta de problematização sobre as Histórias em Quadrinhos como ferramentas autobiográficas é separadas em quatro momentos. O primeiro deles faz um levamento sobre o conceito de autobiografia e escrita de si. De uma forma sucinta, diferencie a 'autobiografia' e 'escrita de si'.

    Gerusa Carolina Kestering

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Gerusa, dá uma lida alí na resposta que eu coloquei para a Rubiamara. Acho que ela dá conta da sua pergunta.

      Espero ter ajudado.

      Um abraço

      Jeff

      Excluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. A utilização de HQ's em sala de aula é, de fato, interessante, visto que o acesso a estes hoje em dia é bem mais fácil através da internet e é algo que torna a aula mais dinâmica. Fugindo um pouco da escrita de si e da autobiografia, você considera válido trabalhar em sala de aula quadrinhos mais conhecidos (como O Capitão América e Os Vingadores, visando o foco nessa obras pelo cinema Hollywoodiano) para o estudo das duas Grandes Guerras no início do século XX e seus efeitos sobre a sociedade?
    Rebeca de Melo Araújo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oí Rebeca. Eu, particularmente, acho super valida a utilização. Mas lembrando o cuidado que deve ser feito com o material. Contextualizar o aluno que essa é uma interpretação, que é uma obra de ficção, que traz um conjunto de idéias. Que parte de um núcleo editorial - que têm interesses de consumo, que está inserido dentro de um cenário capitalista, etc. Deve ser levantado com os alunos, mas pensar que uma das formas de apresentar a eles um dos pontos de vista é, sim, super valido.

      Você pode, por exemplo, utilizar o quadrinho "Entre a Foice e o Martelo" pra mostra como é a interpretação de um escritor americano sobre um Superman que cai na URSS. Vale muito a pena o debate entre os educandos.

      Um grande abraço.

      Jeff

      Excluir
  6. O texto traz a HQ como um possibilidade de ferramenta pedagógica, para trabalhar as autobiografias na história. Que outra, ferramenta pedagógica, poderia também ser utilizada para trabalhar gênero autobiografia?
    Marcianita Siqueira Bine

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Marcianita.

      Então, você pode utilizar a confecção de diários, blogs, vlogs, quadros, pintura em gesso, entre tantas outras opções.
      Eu, particularmente, sou grande fã dos vlogs e blogs pra isso. Existem vários exemplos na internet, tanto no youtube, quanto no google.
      Outra boa ferramenta são as redes sociais. Porquê não criar um twitter onde os educandos escrevam um pouco de cada ano de sua vida?

      Um abraço.

      Jeff

      Excluir
  7. Vicente Moreira da Silva13 de maio de 2015 às 11:54

    Interessante pensar nessa possibilidade de se utilizar as HQs como recurso pedagógico para o ensino de História. Penso que nessa perspectiva de trabalho, a pesquisa deve ser intensa em relação à postura do professor e se constitui como um desafio (diria também, pedagógico) também para o aluno.

    Uma outra perspectiva que já utilizei (e demais colegas de área) nas aulas de História, foi de que a partir de um determinado conteúdo, os alunos pudessem produzir as HQs, a partir dos conceitos abordados nas aulas (Mas isso é assunto pra uma outra prosa; em outro momento, creio)
    Como resultado da proposta, analisei(amos) positivamente a experiência, pois a mesma serviu de parâmetro para a diversificação metodológica nas aulas, bem como despertando no aluno a produção criativa.

    Vicente Moreira da Silva
    Iretama

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Vicente, te recomendo a leitura do livro "Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula" da Angela Rama e do professor Waldomiro Vergueiro. É bem introdutório e pode te dar algumas sacadas legais pra utilização das HQs como ferramenta pedagógica.

      Existem sites na internet para produção de tirinhas também. Eu mesmo já utilizei em sala de aula. Mas uma das coisas que é interessante pensar, para as HQs, não é apenas a utilização do recurso. Mas ver os quadrinhos como fonte, que trazem intencionalidades e posições políticas.

      Um abraço

      Jeff.

      Excluir
  8. Os quadrinhos afastam as crianças e adolescentes do mundo dos livros ou podem representar, na verdade, um valioso recurso pedagógico em sala de aula?
    Marineide Correia de Camargo
    Campina da Lagoa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Rafael Moura Roberti15 de maio de 2015 às 05:29

      Marineide, creio que se os quadrinhos forem utilizados como uma Introdução para o mundo dos livros eles significarão uma aproximação. Do contrário, favorece a atual "moda nerd": o consumo de um mundo fechado em si.

      Excluir
    2. Oi Marineide

      Olha, sinceramente, eu acho que os quadrinhos aproximam os educandos do processo de letramento. E quando aguçados, vão sim, se tornar leitores de quadrinhos e livros. O que acho engraçado é, não apenas, a reticência de alguns professores com a utilização dos HQs (que sinceramente eu quase não tenho visto nos lugares onde tenho passado, ainda bem...), mas com livros tambêm. Seria o mesmo que dizer que por gostar de música, filmes, séries, games, um aluno não vai gostar de ler. Depende de muitos outros fatores.

      Um grande abraço

      Jeff

      Excluir
    3. Oi Rafael, não entendi o consumo de um mundo fechado em si. A "moda nerd" é um veículo de consumo como tantas outras Tribos Urbanas, como os punks, góticos, playboys, funkeiros, entre outros. Achei meio simplista teu comentário, poderia explanar um pouco mais?

      Além disso, não gosot de pensar nos quadrinhos como introdução, não da pra colocar questão de valor entre os livros e os quadrinhos, são formas de repassar idéias. Seria o mesmo que falar que o teatro é mais, ou menos, importante que a literatura.

      Um abraço

      Jeff

      Excluir
  9. A partir da diferenciação apresentada no texto entre " Escrita de si e a autobiografia" qual das metodologia torna se mais adequada para o Ensino de História ?

    Elaine Neves de Oliveira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Elaine

      As duas, uma não impede a utilização da outra. Ali eu apresentei uma perspectiva de como utilizar as HQs que versam sobre os dois temas.

      Você pode utilizar as HQs, ou os documentos com escrita de sí (como jornais, diários, blogs, revistas, e etc.) ou autobiografias (livros, quadrinhos, músicas) para o Ensino de História. Fica a seu cargo.

      Uma dica de Música é a canção "Wake me up when september ends" do grupo Green Day. O vocalista criou a canção pro processo de perda de seu pai. É uma das diversas formas de escritas de sí.

      Um abraço

      Jeff

      Excluir
  10. Raimunda Dionísio Neta14 de maio de 2015 às 06:19

    Podemos ver que as estoria em quadrinho são um ótimo recuso para sala de aula,a menta é sempre conseguir um bom resultado dessa forma o Professor consegue ampliar mas o conhecimento de seu aluno.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Raimunda. Não apenas ampliar, mas problematizar né? Não adianta nada jogar um monte de informação pro aluno, ele precisa se apropriar disso e transformar seu mundo a partir desse conteúdo.

      Obrigado

      Jeff

      Excluir
  11. Maria Cristina Gasques Campos14 de maio de 2015 às 11:24

    Como identificar a "escrita de si" em autobiografias? Exemplos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Um exemplo é o livro On The Road, do Jack Kerouac. Quando ele escreve sobre as situações que teve na estrada, e se coloca nelas, está trazendo uma escrita de sí, dentro da autobiografia.

      Espero ter ajudado

      Abraços

      Jeff

      Excluir
  12. Como realizar a transposição didática das HQs, citadas no ensaio, para o ensino de história?

    ResponderExcluir
  13. Oi Pessoal, recebi a pergunta da Diana por Email. Segue a pergunta e a Resposta.

    Olá
    Primeiramente o texto é ótimo. E o assunto também. Segundo que trazer essa
    possibilidade de trabalhar com os quadrinhos é inspiradora, não só aumenta
    as "ferramentas" e diversifica as fontes, mas também porque quebra ou tenta
    quebrar a visão da não viabilidade da HQ como fonte ( está aumentando
    estudos com HQ e História e isso é muito bom). Existem muitas HQs entre
    populares e não tão conhecidas que imagino como funcionaria na sala de
    aula. Hitler do Tezuka e outros que tratam de questões políticas e
    históricas, até mesmo a noção de herói nas HQs norte americanas, a Segunda
    Guerra eo contexto de criação dos super heróis que hoje fazem tanto
    sucesso, são muitos temas , e muitas vezes até inesgotáveis.
    Sobre os exemplos citados, entendo o limite de espaço para explicar cada HQ
    com detalhe, fora Gen do Nakazawa eu desconhecia os outros dois (o
    cartunista Angeli eu conheço, mas não nesse trabalho citado)Achei muito
    interessante. Minha pergunta seria se dentro desses exemplos as denúncias
    sociais são mesmo autobiográficas (ou estão falando das dificuldades
    sociais do outro em forma de denúncia)? E mais uma vez é muito rico um tema
    ligado a HQ estar presente aqui . Diana Jane Barbosa da Silva

    Oi Diana, obrigado, espero que o texto ajude nas suas pesquisa. Te recomendo três eventos bêm legais com temática de quadrinhos. Os artigos deles podem ajudar nas suas perguntas.
    https://aspasnacional.wordpress.com
    http://www.vinetasserias.com.ar/
    http://www2.eca.usp.br/jornadas/

    Além disso, tivemos nas duas ultimas edições do Simposio Nacional de História artigos com a temática das HQs, vale a pena conferir.

    Quanto a sua pergunta, as denúncias são feitas a partir da autobiográfia do autor, falando de um cenário onde ele pode observar o problema. Este exemplo é usado nos trabalhos de Joe Sacco e do Angeli. Mas existêm exemplos de trabalhos autobiográficos com a experiência de vida do autor de diversos problemas sociais, posso recomendar a leitura do próprio Gen, ou o quadrinho Fun Home da Alison Bechdel.
    Espero ter ajudado. Um abraço.

    Jeff

    ResponderExcluir
  14. HQs - É uma proposta bastante atrativa para os educandos e aos professores é cabível a sua operacionalização e mediação visando torná-la uma importante ferramenta didática no processo de ensino aprendizagem conforme salienta Vergueiro(2010). No atual momento social, a Educação Brasileira, especificamente, os professores necessitam de capacitação mais técnica para operacionalizar os recursos que a Internet disponibiliza para dinamizar as diferentes formas de aprendizagem tornando-a mais qualitativa e aprazível.

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.