Maria Cristina Pastore
FURG
Introdução
A
preocupação dos educadores do ensino de História tem sido de conectar os
conteúdos aplicados, direcionados para o dia a dia do aluno, relacionando a
teoria com o que é experimentado na prática. Através dessa visão, os
professores de história aplicam metodologias diferenciadas, inovadoras, focando
despertar e incentivar a observação, a prática e a contextualização. Esta
inserção na escola pode ser realizada através de projetos ou incluir no
currículo. Entretanto existe a
necessidade do profissional de possuir habilidade na transposição didática,
adequar os conhecimentos universitários à realidade do aluno.
O
presente artigo tem como finalidade relatar as atividades pedagógicas desenvolvidas
na turma de primeiro ano do ensino médio da escola Estadual Bibiano de Almeida,
na cidade do Rio Grande/RS. Estimulamos durante todo o percurso da experiência
a reflexão sobre a relação do local da saída de campo, o cemitério,
entrecruzando com a problemática do falar em morte e seus arcanos como práticas
sociais e debates históricos.
Objetivamos com essas atividades, a possibilidade dos
adolescentes se apropriarem desse conhecimento e da relação que a experiência
educativa pode auxiliar na formação do indivíduo crítico perante a uma
sociedade alheia às questões sobre morte. Criar probabilidades de exercer a liberdade
e o agir de forma empírica em questões relacionadas com a vida e a morte, facilitando
a abertura de diálogo nas demandas aqui analisadas e afastadas do convívio
comunicativo entre as famílias e também do cotidiano escolar.
A partir do local escolhido, o desafio é criar possíveis
metodológicas que provocam reflexões e sejam diretamente ligadas ao processo
formativo do aluno como cidadão consciente de seu papel na sociedade e no
mundo. Completam as projeções desse trabalho ações que incentivam a
prática artística relacionada ao tema.
Proposta de Trabalho
Elaborar
o plano de aula, pensando nas possibilidades, nas variáveis, no diálogo, no
domínio do conteúdo, capaz de conquistar o aluno, é de enorme responsabilidade,
e permite “um certo” controle sobre o andamento
da aula. Embora a aula possa percorrer caminhos próprios, o plano de
aula torna-se uma maneira de traçar um fio condutor, e caso perca-se o foco, é
possível voltar ao ponto em que aconteceu o desvio. Respeitar esse desvio
também faz parte da aula, do ensinar e aprender, porque é nesses desvios que
acontecem trocas de experiências significativas, podendo acontecer a aprendizagem
marcante e permanente tanto para o educando como para o educador.
.
De acordo
com Pinsky (2009, p. 09) novos temas devem ser incorporados como parte do olhar
sobre a história no ensino e daí para novas e enriquecedoras visões do mundo,
portanto a visita ao cemitério garante seu lugar nessa nova perspectiva de
ensinar história. O cemitério como lugar de memória promove o desenvolvimento
de conjunto de saberes, estabelecendo novas fronteiras no social, cultural e
histórico.
Fig. 01 Local da experiência: Cemitério Católico de Rio Grande
Foto da aluna Thais
Nesse
espaço público urbano, destinado ao sepultamento dos entes queridos,
encontramos obras de arte, história local e um museu a céu aberto, que permitiu
aos alunos um olhar diferenciado para o espaço cemitério. Como indica Michel Foucault:
O cemitério é certamente um lugar diferente em relação aos espaços culturais habituais, é um espaço que está, no entanto, em ligação com o conjunto de todos os posicionamentos da cidade ou da sociedade ou do campo, já que cada indivíduo, cada família tem parentes no cemitério. (FOUCAULT, 2001, p. 417)
Permite
pensar nas possibilidades de uma aula ser realizada em um local urbano
invisível, no qual o adolescente conhece sua existência, mas não reconhecem sua
visibilidade. Esse desafio contribui para investigar a relação aluno/ambiente
como um diferencial na aprendizagem, e verificar se a saída da sala de aula
pode auxiliar na captação do conhecimento e auxiliar para uma compreensão
efetiva da realidade, utilizando esse conhecimento para a vida.
Brandão em
seu livro “O que é educação?” nos
convida a refletir que educação não acontece apenas na escola, os espaços
educacionais são ofertados de forma generosa, por todo o espaço urbano, basta
um olhar atento para perceber onde existe algo para ensinar e aprender. Estamos
interligados pelo aprender e a todo o momento as conexões são realizadas.
Trocas de conhecimento podem ser efetuadas em qualquer ambiente.
Fig. 02 Imagem em túmulo
Foto realizada pela autora
Ressaltando
a escultura funerária no espaço cemitério (fig. 02), museu a céu aberto, como
objeto de estudo, priorizando a observação e a contextualização do espaço
urbano, a abertura para percorrer novos caminhos foi instaurada de forma a
permitir liberdade para os alunos expressarem sua admiração pelo local.
A
experiência na sala de aula proporciona oportunidade de observar o contexto
escolar, as dificuldades, a aprendizagem e como o ensino se apresenta na rotina
da escola pontuando desafios a serem superados. Iniciamos questionando a função
educativa do museu, o que originou debate entre os alunos. O que é, como se
configura atualmente, quem já visitou museu, partindo desses diálogos,
entrecruzou-se reflexões sobre o conhecimento de lugares, de espaços que
guardam e protegem objetos de arte, história, memórias, até chegar ao espaço
urbano cemitério, suscitando abertura para outras etapas da proposta. A
convivência com os alunos mostrou-se reveladora, muitos assuntos abordados durante
as aulas eram quase inexplorados e desconhecidos, o que gerou impacto e
interesse.
Philippe
Perrenoud, autor do livro Novas
competências para ensinar (2000, p.70), sugere que a maioria das pessoas
interessa-se, em alguns momentos, pelo jogo de aprendizagem, se lhes oferecem
situações abertas, estimulantes, interessantes. O autor continua expondo que
existem maneiras mais lúdicas que outras de propor a mesma tarefa cognitiva.
Pode-se aprender rindo, brincando, tendo prazer. Seguindo essa linha de
pensamento buscamos organizar um plano de aula capaz de criar situações
problemas, encorajando o aluno a enfrentar suas dificuldades. De
acordo com Philippe Perrenoud:
É, sobretudo, despender energia e tempo e dispor das competências profissionais necessárias para imaginar e criar outros tipos de situações de aprendizagem, que as didáticas contemporâneas encaram como situações amplas, abertas, carregadas de sentido e de regulação, as quais requerem um método de pesquisa, de identificação e de resolução de problemas”. (PERRENOUD, 2000, p. 25)
Os temas e o lugar permitiram abordagem de vários
questionamentos, o que originou debates entre os alunos. A convivência com os
alunos nesse espaço mortuário mostrou-se reveladora.
O local escolhido para a
experiência pedagógica permite pensar a morte. Philippe Ariès (2003, p. 290) declara:
“No ritmo que vão as coisas, certamente tudo se passa como se esquecêssemos
como se morria há apenas trinta anos”. Os posicionamentos dos adolescentes em
relação ao processo de morrer evidencia desconhecimento das tradições não tão
antigas.
A morte apresenta-se naquele ambiente ensolarado, em um dia
perfeito de céu azul, em meio ás esculturas de uma forma sossegada e serena. Nos
olhares atentos dos adolescentes, refletindo questionamentos inerentes ao ser
humano. De onde viemos? Para onde vamos? Perguntas que acompanham o processo
civilizatório. Importante ressaltar que o adolescente questiona sobre a morte e
percebe que a sociedade afasta a ideia de morte e falar de morte se configura
atualmente um tabu.
Falar em morte é rever a vida, o respeito e revelar aspectos
da sociedade afastados do cotidiano do aluno. Norbert Elias (2001) nos ajuda a
refletir sobre o afastamento dos assuntos da morte na contemporaneidade.
Fig 03 Aluna desenhando a imagem
Foto produzida pela autora
Considerações Finais
Desde muito tempo o ser humano preocupa-se com os
rituais da passagem da vida para a morte, mas os procedimentos para sepultar os
mortos e assuntos sobre a morte, nunca estiveram tão afastados do cotidiano dos
alunos. Conforme Elias:
E o constrangimento social, o véu de desconforto que frequentemente cerca a esfera da morte em nossos dias é de pouca ajuda. Talvez devêssemos falar mais abertamente e claramente sobre a morte, mesmo que seja deixado de apresenta-la como um mistério. (ELIAS, 2001. p. 77)
A partir
da observação da história de dentro, ou seja, provocar o olhar adolescente foi
possível aproxima-lo do conhecimento que rodeia os mistérios da morte e do
processo de morrer. O local da experiência, o cemitério, aqui apresentado como
museu a céu aberto, abarcou a busca para compreender os sentidos das tradições
de sepultamento dando conta com seus atributos carregados de tabus profanos e
sagrados.
A visita
ao cemitério provocou admiração, curiosidade e medo. Desconstruir a ideia do
imaginário e tentar invalidar o tabu da morte pode auxiliar na compreensão de
algo bem maior, perceber a mensagem que deve ser considerada. Uma mensagem
preenchida de aspectos simbólicos, a perpetuação do corpo e a lembrança do ente
querido.
Os
fragmentos aqui apresentados fazem parte da pesquisa do PPGH-Programa de
Mestrado em História da universidade federal do Rio Grande FURG.
A partir
dessa análise inicial permite interpretar e compreender os comportamentos
diante da morte na família e no ambiente familiar. O silêncio sobre os assuntos
envolvendo o processo de morrer parece habitar a área do senso comum. Abordar
temas associados aos eventos fúnebres e direcionar para uma atividade
educacional, parece apropriada quando comparada com nossas próprias vivências,
conduz ao exercício da afetividade e da solidariedade. Podemos avançar no
sentido de procurar desdobramentos em relação ao tema.
REFERÊNCIAS
ARIÉS, Phillippe. História da morte no Ocidente: Da
Idade Média aos Nossos Dias. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.
ELIAS,
Norbert, 1997-1990 A solidão dos moribundos, seguido de, Envelhecer e
morrer/ Norberto Elias; tradução: Plínio Dentzlen Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2001.
FOUCAULT,
Michel. Outros Espaços. In: (Org.:). MOTTA, Manoel Barros Michel
Foucault. Estética: Literatura e Pintura, Música e Cinema. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2001.
PERRENOUD,
Philippe. Dez novas competências para ensinar: convite à viagem. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
PINSKY,
Carla Bassanezi. Novos temas nas aulas
de história. São Paulo- Contexto, 2009.
Cara Maria Cristina. Na cidade em que trabalho (General Carneiro - PR), também realizamos aulas de campo nos cemitérios. Infelizmente, o que percebi é que o Poder Público municipal não tem nenhuma política de preservação desse patrimônio histórico, delegando somente às famílias este cuidado, o que, muitas vezes resulta na destruição de túmulos antigos com a "modernização arquitetônica" dos cemitérios. Gostaria que você falasse sobre a preservação desses espaços em sua cidade e de que forma nós, em sala de aula, podemos despertar em nossos alunos e alunas a necessidade de preservação desse patrimônio.
ResponderExcluirFico muito satisfeita em saber que estamos refletindo sobre esse espaço importante de socialização da morte e da cultura funerária. Em minha cidade Rio Grande, RS, existe um total descaso com essa importante fonte histórica. Cada vez que deslocamos os alunos da sala de aula para o espaço cemitério , um numero menor de esculturas é identificado.Algumas somente por fotografia podem ser contempladas. Possuímos um importante patrimônio cultural nas esculturas e túmulos, inclusive o do escultor Matteo Tonietti que chegou ao Brasil com 9 anos, em seu tumulo nao existe mais a parte de cima de uma escultura realizada por ele " O pensador" que foi roubada. Em conversas com a direção do cemitério, alegam que o numero de funcionários não são suficientes para atender a segurança, que na minha opinião deveria ter a mesma de museus. Estou elaborando um projeto e tentarei apoio de vereadores da cidade para pensar a preseervação, talvez surja efeito. Em relação ao despertar a necessidade de preservação nos aluno acredito que ações como as que estamos articulando, visitas, conversas, rodas de debates e ate aberturas nos espaços acadêmicos para discutir esse assunto, como esse momento, ainda são muito tímidas e precisam evoluir. No entanto percebo que o jovem estudante se sentem motivados quando lançamos a possibilidade da visita ao cemitério , mesmo com tabus e mitos, medo e ansiedade, ate mesmo tristeza, permite construir um conhecimento de si mesmo e da sociedade, alem de conhecerem regras de sepultamento entre outras questões pertinentes ao local. Em minhas aulas incentivo o aluno a perguntar, e elaboro as próximas aulas a partir dessas perguntas e interesses, dentro de um currículo apertado, você sabe disso, tentando aproximar a aula do cotidiano do aluno. Os resultados são imensuráveis, mas acredito que em algum momento da vida do aluno a gestão do conhecimento será efetivada, assim espero. Muito obrigada.
ExcluirMaria Cristina Pastore
Maria Cristina
ExcluirDe fato, temos de fazer um esforço para discutirmos essas questões em meio ao currículo apertado. Outra coisa importante a destacarmos para nossos alunos e alunas é o direito à memória, fazendo-os saber que não só o cemitério, mas outros lugares de memória são obras da coletividade, coisa que, infelizmente, o poder público responsável não faz muito esforço em divulgar. Parabéns pelo trabalho!
Seria construtivo, uma visita a outros espaços não escolares, como centros espíritas, ou ambientes que não fazem parte da realidades dos alunos, para mostrar outras visões de mundo relacionado com a vida e morte? Natania Teixeira
ResponderExcluirAcredito que sim, não é meu foco de pesquisa as religiões, pois estou direcionada para um local especifico o cemitério e um tema especifico a morte. Philippe Aries indica em seu livro A história da morte no Ocidente sugere que o historiador da morte não deve ler os documentos e direcionar sua pesquisa com os mesmas lentes que o estudioso das religiões, no entanto Norbert Elias em seu livro A solidão dos Moribundos declara que "Seria interessante fazer um levantamento de todas as crenças que as pessoas mantiveram ao longo dos seculos para habituar-se ao problema da morte e sua ameaça incessante a suas vidas; e ao mesmo tempo mostrar tudo o que fizeram umas as outras em nome de uma crença que prometia que a morte não era um fim e que os rituais adequados poderiam assegurar-lhes a vida eterna." p 12.São escolhas que o historiador deve fazer de acordo com os objetivos da pesquisa. Abraço
ExcluirMaria Cristina Pastore
No ensino de História a valorização da História Local é importante para o aluno compreender sua realidade e construir o conhecimento histórico. Nesse sentido, como valorizar a História Local utilizando metodologias adequadas para espaços não escolares como o cemitério?
ResponderExcluirCristiana Dionizio Teixeira
Ola Cristiana
ExcluirO cemitério é um espaço repleto de contexto histórico. O estudo desse espaço permite conhecer a sociedade em diversas épocas. Também nos mostra a desigualdade social, Dentro desse universo o aluno poderá realizar pesquisa sobre os nomes nas lapides. Aqui na minha cidade foi possível através da pergunta do aluno sobre uma lapide onde estava escrito SENHOR DAS ARMAS, sugerir que ele pesquisasse na Biblioteca da cidade quem era esse cidadão. Ao apresentarem o trabalho de pesquisa descobriram a historia local de uma forma reveladora e interessante, sem a pressão de decorar nomes e datas. Entender o processo do seculo passado possibilitou para alguns alunos a concepção de presente.Permita que as perguntas surjam dos alunos na observação do espaço cemitério. Minha pesquisa é nesse sentido, que narrativas esses alunos produzem a partir da visita ao cemitério.
Abraço
Maria Cristina Pastore
Muito agradecida pelo exemplo. É prazeroso ouvir seus relatos. Essas experiências contribuem para minha formação docente.
ExcluirPrezada Maria Cristina.
ResponderExcluirSinto -me satisfeitíssimo e muito honrado em começar minha participação neste Simpósio,lendo seu texto.
Muito bom,explicativo ,envolvente e inspirador.Devo dizer que nunca pensei em fazer uso de cemitérios para ministrar aulas .
Abriu meus horizontes.Agradeço muitíssimo.
Como estudante de Historia,agora vejo as reais possibilidades de fazer um bom uso deste método.
Gostaria de lhe perguntar:
Quando você propôs dar aula no cemitério,houve um preparatório antes?Foi dialogadocom os alunos o por que de se fazer tal aula inusitada?
Mesmo lendo on bons resultados desta aula,o que mais foi ensinado aos alunos participantes?
Por exemplo,como estudante de Historia da Arte, vejo inúmeras possibilidades em se chamar atenção as estatuas e diferentes lapides com inscrições diversas,assim como sobrenomes de pessoas que podem ser o mesmo que de algum aluno,ou de famílias bem conceituadas no local,na cidade.
Foi proposto algo relacionado a arte ou mesmo genealogias???
Wander Alexandre Araújo Miranda.Bauru-SP
Ola Wander
ExcluirEu que agradeço por suas palavras de incentivo, porque muitas vezes pensei em desistir devido ao estranhamento das pessoas sobre o local e o tema. Mas foi esse estranhamento que proporcionou ir alem do senso comum: cemitério é lugar de tristeza e esquecimento? Ou lugar de memória? Ao tentar responder essas perguntas a pesquisa me levou por caminhos não explorados, assim empiricamente fui testando alternativas. Uma delas foi uma pesquisa semiestruturada na qual continha perguntas como: O que é museu? Quais os tipos de museu que você conhece? O cemitério poderia ser um museu? Você já foi ao cemitério? O que você pensa sobre esse espaço o cemitério?No momento que lanço para a turma a visita ao cemitério como atividade acontece algo impactante. O interesse deles é intenso e percebo que houve estranhamento e interesse. Na visita foi solicitado que os alunos realizassem fotos, escrevessem perguntas, observassem e anotassem as particularidades do lugar e discutimos em sala de aula. Em sala de aula volto com a pergunta O que você pensa sobre o cemitério e as respostas surpreendem. Toda essas analises estarão na dissertação de mestrado que defendo ainda esse ano. Um dos objetivos é reconhecer esse espaço como lugar de memória, refletindo sobre a preservação e o sentido e a percepção da morte.
O cemitério é um lugar repleto de alternativas educacionais. Os alunos não sabiam que haviam valores de sepultamento e ficaram surpresos. Em outra oportunidade explorei o desenho das esculturas com os alunos, e depois criamos esculturas com a técnica Papel Machê inspiradas no Anjo do Juizo Final e outras que estão no cemitério refletindo sobre os artistas e o processo escultórico. As genealogias podem ser trabalhadas para aproximar as famílias, tentando buscar as referencias nos antepassados, embora nessa temática precisássemos ter cautela devido as diferentes origens das famílias, para não constranger o aluno.
Abraço
Maria Cristina Pastore
https://www.nea-edicoes.com/catalog/details//store/pt/book/978-3-639-74237-4/a-cidade-dos-mortos-e-a-cidade-dos-vivos
ExcluirEsse é um livro que trata do plano de aula e os desdobramentos.
Abraço
Cristina
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ExcluirOlá, Maria Cristina. No seu texto, podemos perceber a importância de atividades educativas, fora do espaço formal da sala de aula, para o ensino de história, aliando um debate teórico, proporcionado e realizado em sala, com uma aula em um museu a céu aberto, no caso, o cemitério.
ResponderExcluirNa realização das aulas, você, pode perceber se @s alun@s compreenderam a importância do estudo do cemitério para a história?
No planejamento das aulas, quais eram os resultados esperados e, eles foram alcançados?
Alexandre Felipe Barra
Ola Alexandre
ResponderExcluirNa pesquisa atual que apresentarei os resultado no final desse ano no mestrado em Historia, percebi nas narrativas dos alunos, uma preocupação mais antropológica e filosófica nas questões da morte, pois meu objetivo está voltado para as analises da percepção da morte. No entanto em investigações anteriores percebi que os alunos saem do cemitério com outra ideia e curiosos pela historia local, fazem perguntas sobre quem eram as pessoas que estão na rua principal, percebem que existe diferença social ate na morte, pois túmulos da rua principal em nosso cemitério possuem características diferentes. Nesse sentido os resultados foram os esperados, provocamos o interesse na historia local através de um local de invisibilidade urbana.
Obrigada
Maria Cristina Pastore
O cemitério tem uma implicação de memória pessoal (para as famílias) construída em espaço público. Não creio que isso faça dele, um espaço de memória coletiva.Por favor, peço considerações sobre minha afirmação.
ResponderExcluirOla Rafael
ResponderExcluirConcordo com a sua colocação que são memorias pessoais, no entanto essas memórias pertencem ao espaço coletivo, desta forma, em minha opinião, a sociedade está representada nos rituais, praticas fúnebres e na forma como essa sociedade trata seus mortos. O cemitério assim como a casa, os caminhos percorridos, as ruas, condicionam a atividade dos homens (SANTOS, 1982) e comandam a pratica social. O cemitério é compreendido em minha pesquisa como espaço compartilhado. Poderíamos perguntar do porque realizar uma atividade educativa em um ambiente mortuário, é importante ressaltar que a comunidade não se apropriada do espaço cemitério como espaço de historia, no entanto todos tem parentes no cemitério. Para Foucault o cemitério é a outra cidade, então podemos pensar em um posicionamento coletivo. Pense nisso...
abraço
Cristina
Ola Cristina,tudo bem?
ResponderExcluirLi com muito entusiasmo a sua resposta e devo dizer que você deve sim continuar com o tema.
Hoje mesmo,falei com uma amiga sobre o seu uso de cemitério e de inicio ela ficou com os olhos arregalados.Depois,usando o seu texto como base,expliquei a temática e ela mudou de opinião e ,pasmem,apreciou muito a ideia e iniciativa.
No jornal aqui de minha cidade saiu um artigo,anos atras,sobre os simbolos diversos encontrados em cemiterios daqui.Tentarei recuperar esse artigo,pois ja faz anos que foi publicado.Teria interesse em ler?
Muito obrigado e continue em frente.
Usarei a sua ideia e certamente incluirei cemiterios em minha aulas.
Wander Alexandre Araujo Miranda. Bauru-SP
Ola Wander
ExcluirA reação inicial é assim mesmo. Os alunos também reagem dessa forma e depois (através dos relatos antes e depois) mudam de ideia, o medo se transforma em curiosidade. Gostaria muito de ler esse artigo, e suas analises quando levar os alunos ao cemitério. Passo meu contato: crisrgs2000@yahoo,com.br abraço e obrigada pela oportunidade das trocas de experiências. Maria Cristina Pastore
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ResponderExcluirUm excelente texto, realmente, o cemitério possui uma grande simbologia, entre o profano e o sagrado, é um espaço não escolar que deve ser explorado pela História, e pela escola, pois é possível deste espaço e das relações que nele acontece desenvolver diferentes aprendizado. Fiz um curso sobre as Religiões e Religiosidades, (UEM_EAD) a algum tempo e foi explorados o tema cemitério, a partir dai levei o tema para sala de aula, com fotos, não fiz ainda a experiencia de leva-los ao local, temo em uma resistência e talvez uma incompreensão dos familiares, mais sei que isso depende muito da minha argumentação, no entanto é um tema que interessa muito e como você destaca o cemitério é realmente um museu ao céu, com uma infinidade de conhecimento a ser explorado, que vai da religião local e chega nas questões sociais. Pergunto você teve alguma objeção, escola, alunos, famílias, ao explorar o cemitério em loco?
ResponderExcluirOla Mazilda
ResponderExcluirEm relação as escolas que atuei como professora ou que pude levar esse projeto não houve resistência, muito pelo contrario, estão abertas ao dialogo e esperando com ansiedade projetos que auxiliem aos processos de aprendizagem. No entanto o que me surpreendeu foi a resistência de alguns pais, um numero pequeno mas que despertou a curiosidade do motivos da negação. Nesse sentido pesquisei em outra oportunidade os motivos do afastamento da criança dos assuntos relacionado ao morrer e a morte. Philippe Aries e Norbert Elias contribuíram com a pesquisa e deram um norte, alem de entrevistas com os pais o que indicou fatores como crenças e tabus. Foi revelador. Perceba que a proposta é impactante, e é para ser assim mesmo. Não havia um aluno que pelos corredores não perguntasse: Quando vamos ao cemitério? O argumento que usei foi um olhar diferenciado, estávamos visitando um museu. Penso que a partir desse momento nova concepções sobre o local, e os assuntos que por ali perpassam façam parte do conhecimento adquirido para a vida. E que em algum momento esse aprendizado possa ajudar a compreender a dor de uma perda, sem medo, e perceber a morte como condição humana. De maneira nenhuma é preparar para a morte, pois a perda tem significado unico e particular, mas instrumentalizar o adolescente para compreender a morte muito alem dos conceitos biológicos. Acho que me estendi e me empolguei na resposta...abraço
Maria Cristina Pastore
Obrigada pela resposta, realmente um museu a céu aberto é um bom começo, para explorar este não lugar.
ExcluirA sua empolgação é contagiante! Sinto a sua a alegria na explicação. Sou acadêmica do 4º ano de História da Unespar/Campus Campo Mourão e fiquei animada em desenvolver algo para o futuro com essa temática. Além do livro indicado teria mais biografias sobre tema? poderia me informar se existe algum grupo de pesquisa sobre o tema?
ResponderExcluirOla Cristiana
ExcluirEu que fico agradecida por poder trocar conhecimentos nesse evento. A tese do Prof. Dr.Mauro Dillmann http://biblioteca.asav.org.br/vinculos/000009/0000090D.pdf é muito interessante pode ajudar nas escolhas teóricas e metodológicas
o site de estudos cemiteriais http://abecbrasil.blogspot.com.br/
Caso você nao encontre grupos de pesquise, organize e trocamos informações.
Abraço
Maria Cristina Pastore
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ResponderExcluirBoa Noite,
ResponderExcluirMaria Cristina Pastore.
Seu trabalho é fantástico, Parabéns! Fiquei encantado com esse diferenciado olhar sobre o cemitério. Sempre gostei muito deles, lugar maravilhoso para ler e compor poesias e nunca imaginei que alguém assim como eu o observa-se também de outra maneira que não fosse entrelaçada ao Luto, dor e desespero. Agora tentarei aplicar essa temática com meus alunos.
Muito fantástico. Parabéns.
Olá Maria Cristina.
ResponderExcluirPrimeiramente quero parabenizar pelo texto e principalmente pela intervenção.
As discussões sobre memória no Ensino de História apontam para uma ação importante, sobretudo na intenção de desenvolvimento da criticidade em relação a presente realidade. Como os alunos deixaram em evidência o “tabu” em relação à morte? Após a experiência, foi possível identificar traços de mudanças sobre o pensamento dos estudantes em relação ao cemitério local? Como eles perceberam está experiência?
Atenciosamente:
João Pedro P. Rocha
Ola João Pedro
ResponderExcluirTenho realizado esse estudo desde 2012 em varias escolas em minha cidade, estou analisando o material recolhido nesse período que apresentarei na defesa do mestrado. Posso adiantar que com as leituras preliminares das narrativas e do comportamento, houve mudanças sim. Bem diferente da chegada, timidos, com receio, ao terminar a aula/visita ao cemitério era evidente pelos relatos orais que os receios estavam no minimo amenizados.Ao despertar a curiosidade no educando, incentivar a reflexão sobre o local e sua representação na sociedade e na vida tem permitido observar a quebra de tabu no grupo pesquisado. "Pensar certo significa procurar descobrir e entender o que se acha mais escondido nas coisas e nos fatos que nós observamos e analisamos"(FREIRE) Acredito que a ingenuidade sobre os assuntos mortes deve ser superada para que aconteça o desenvolvimento da criticidade e auxilie o jovem a compreender essa condição humana inevitável. Obrigada Maria Cristina Pastore
Interessante seu texto, pois a questão da morte para muitos ainda é um tabu, para nossos alunos é de muita valia, pois esse assunto não é muito trabalho, principalmente no campo da história, onde vemos mais sobre os acontecimentos dos agentes sociais vivos, em vários países essa questão é bastante diversificada, pois cada cultura a trata conforme seus costumes, assim aprofundar esse assunto com nossos alunos, poderia levá-los a conhecer o outro lado da morte, abriria mais questionamento entre eles e assim tornando-os mais cientes de que a morte não é o fim.
ResponderExcluirLuciana Chagas Madeira
Ola Luciana
ExcluirDevemos ficar atentos para nao envolver nossas emoções, nossas escolhas pessoais, principalmente quando o assunto é complexo como crenças. Embora não seja meu foco de pesquisa, tenho a preocupação na sala de aula respeitar todas as crenças.Nesse sentido na sua colocação "assim tornando-os mais cientes de que a morte não é o fim" para alguns alunos a morte é o fim, para outros não, pois depende da doutrina religiosa que podem seguir. Pense nisso...Abraço
Maria Cristina PAstore
seria uma boa ideia dar aula em um cemitério por terem muitos túmulos antigos e com obras de arte contemporânea,assim muitos alunos aprenderiam como eram construídos este túmulos antigos ,e também sobre a história de várias família tradicional da épocas.Simone Rita Castagna.
ResponderExcluirOBS: esta questão foi posta dia 11/05/2015 devido o problema no sistema,não foi publicada então segue a postagem novamente. obrigada.
Ola Simone
ResponderExcluirTodo o planejamento de uma aula deve ser direcionada para que o educando seja capaz de refletir, construir conhecimento a partir das escolhas dos professores. Quem sabe alteramos essa ordem? Provocamos o aluno sem um texto pre estabelecido, investimos nas perguntas deles, o que os alunos querem saber quando estão em um lugar como cemitério? Pense nisso...abraço
Maria Cristina Pastore
Olá Maria, cheguei tarde no debate, mas fiquei completamente contente por sua proposta, assim como percebo também em minha cidade problemas como os colegas já destacaram. Interessante lembrar que o ensino de história não precisa, alías, nem deve ser fechado como se fossem pertencentes apenas em determinado contexto histórico, por exemplo, o trato com os mortos e a relação sociedade e morte na atualidade, como muito bem você apontou, o cemitério apresenta muitas caracteriscas interessantes ao ensino de história, assim como o dialogo com outras temporalidades, exemplo disso a relação mortos, saúde publica, higienização social, festas como as observações de Reis em A morte é uma Festa, hierarquias sociais, dentre várias outras observações. Outra questão interessante, é sobre "novos" campos da história ainda pouco explorados, como os sentimentos, sejam eles amor, tristeza, dentre outros, fazem partes de construções sociais que também podem ser questionadas. Parabéns pelo trabalho. JORGE LUIZ ZALUSKI - UNICENTRO
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