A
HISTÓRIA NOS FILMES DE FICÇÃO E SEU USO EM SALA DE AULA
Maytê
Vieira
UEPG
Cada filme é um primeiro rascunho. Levanta questões e inspira os estudantes a aprenderem mais. (Oliver Stone)
Oliver Stone é um renomado
cineasta norte-americano, responsável pela direção de sucessos como Platoon
(1986); Nascido em 4 de julho (1989); JFK – A pergunta que não quer calar
(1991); Alexandre, o Grande (2004) entre outros. O próprio Oliver já disse em
diversas ocasiões que tem prazer em fazer filmes históricos e muitas vezes já
foi criticado por suas escolhas e pela forma como descreve os personagens e
suas narrativas. Muitos diretores usam as narrativas históricas para fazer
filmes. Tanto quanto a literatura, a História é uma fonte de inspiração
constante, principalmente para Hollywood, de seus estúdios saem inúmeros filmes
históricos desde que se iniciou o cinema de ficção.
Mas qual a influência e
importância do cinema, como estes filmes históricos que representam fatos e
pessoas podem ser utilizados pelo ensino de História e como sair do lugar comum
de usá-los somente para apontar o que não corresponde aos fatos? Esta é a
intenção do debate inicial que propomos neste texto utilizando as ideias de
alguns filmes e discutindo com alguns autores.
No século XIX quando a história
se afirma como disciplina acadêmica, as fontes consideradas confiáveis se
restringiam aos documentos escritos, visto que, de acordo com Janotti (2005. p.
11), permitiam a reconstituição da história em suas relações de causa e efeito.
A partir da década de 1930, a chamada École des Annales, pregou a
interdisciplinaridade e, contestando os estudos históricos que privilegiavam
somente o político, os historiadores passaram a rever o que consideravam fonte
para a história. Em 1949 é publicado Apologia
da História ou O ofício do
historiador, no qual Marc Bloch diz o que entende por história e documento
histórico:
Como primeira característica, [do conhecimento histórico] o conhecimento de todos os fatos humanos no passado, da maior parte deles no presente, deve ser, segundo a feliz expressão de François Simiand, um conhecimento através de vestígios. Quer se trate das ossadas emparedadas nas muralhas da Síria, de uma palavra cuja forma ou emprego revele um costume, de um relato escrito pela testemunha de uma cena antiga ou recente, o que entendemos efetivamente por documentos senão um "vestígio" quer dizer, a marca, perceptível aos sentidos, deixada por um fenômeno em si mesmo impossível de captar? (BLOCH, 2002. p. 73)
Décadas depois para Foucault
(2000. p. 7-8) o documento não poderia mais ser visto pela história como
“matéria inerte através da qual ela tenta reconstituir o que os homens fizeram
ou disseram, o que é passado e o que deixa apenas rastros”; a história deveria
entender o documento como algo construído pelos homens que o deixaram apontando
“formas de permanências, quer espontâneas, quer organizadas”. Ou seja, o
documento não poderia mais ser visto como algo objetivo.
“[...] o historiador tomou consciência de que o documento é um monumento, dotado de seu próprio sentido, a que não pode recorrer sem precaução. Cumpre então restituí-lo ao contexto, apreender o propósito consciente ou inconsciente mediante o qual for produzido diante de outros textos e localizar seus modos de transmissão, seu destino, suas sucessivas interpretações, graças à lingüística, à psicologia, à sociologia...” (DUMOULIN, 1993. p. 244)
Em 1974, Jacques Le Goff e Pierre
Nora – historiadores que já faziam parte do quadro da revista dos Annales – lançam uma obra, em três
volumes, intitulada Faire de l'Historie,
que no Brasil foi denominada História:
Novos problemas; Novas abordagens; Novos objetos. O volume dedicado aos
novos objetos relacionou uma série de vestígios – nas palavras de Bloch – que
poderiam ser usados como fontes de análise das mais variadas naturezas, entre
eles as imagens, que “são
representações de ideais, sonhos, medos e crenças de uma época.” (SILVA; SILVA,
2006. p. 199).
Para Chartier (1993), a imagem,
que era considerada material de análise somente para a história da arte ou
especialistas nela é, há alguns anos, fonte para o historiador independente de
seu campo, pois ela tanto pode ser usada para doutrinar, para convencer, quanto
para expor idéias e modos de pensar compartilhados por determinados grupos ou
culturas. Entretanto, de acordo com Meneses (2003), as disciplinas afins da
História lidam com as imagens de forma muito mais completa;
[...] estamos ainda longe do patamar já atingido na Sociologia e na Antropologia: o objetivo prioritário que os autores propõem (como, aliás, no tradicional comentário de texto à francesa) é iluminar as imagens com informação histórica externa a elas, e não produzir conhecimento histórico novo a partir dessas mesmas fontes visuais. [...]
Corroborando isto Cardoso e
Vainfas (1997. p. 378) dizem que qualquer
vestígio deixado pelo homem se reverte em trabalho para o historiador decifrar
e buscar compreender os “discursos que exprimem ou contêm a história [...]”.
Com estas novas concepções, o cinema foi incorporado no conjunto de
documentos utilizados pelo historiador através
de filmes “mudos, sonoros e coloridos, plantas de salas de exibição de
filmes, letreiros, legendas, técnicas de filmagem, filmes de propaganda
política [...].” (JANOTTI, 2005. p. 15). Na opinião de Napolitano (2005), os
filmes, quando representam um momento
ou um ambiente histórico em seus cenários, figurinos ou ornamentos, passam a
impressão de realidade, como se fossem uma representação fiel do passado. Para
analisarmos um filme, temos que “entender o porquê das adaptações, omissões,
falsificações que são apresentadas [...].” (NAPOLITANO, 2005. p. 237).
Em escala menor e também reproduzindo o que ocorre em escala internacional, o cinema, seja documental, seja de ficção, é um segundo domínio que vem crescendo na atenção dos historiadores, embora com material mais disperso (o vídeo ainda está num patamar imediatamente anterior). Mas a reflexão sobre as relações entre o cinema e a História tem-se multiplicado sensivelmente em seminários, mostras, cursos, coletâneas, monografias. (MENESES, 2003. p. 20-22)
Os estudos referentes ao cinema
estão avançando ao considerá-lo como uma legítima fonte histórica, embora na
opinião de Meneses (2003, p. 28) os trabalhos existentes sejam um tanto
superficiais, precisando aprofundar ainda mais as perspectivas de análise
histórica. A imagem deve ser tratada como instrumento e a sociedade como objeto
das pesquisas que devem partir sempre da
“formulação de problemas históricos, para serem encaminhados e
resolvidos por intermédio de fontes visuais, associadas a quaisquer
outras fontes pertinentes.” (MENESES, 2003. p. 28).
Pesquisas pioneiras envolvendo o
cinema foram feitas pelo historiador
Marc Ferro, que publicou um dos artigos que constituem a obra História: novos objetos (1974).
Intitulado “O filme: uma contra-análise
da sociedade?” [original de 1971], o artigo discute a importância da
película fílmica como fonte e as formas como pode ser tratada e analisada pelos
historiadores.
Contudo, a história ainda tem um longo caminho a percorrer até
conseguir desenvolver os estudos com as imagens em todas as suas
possibilidades. Prova disto são as atuais contestações à metodologia de Ferro.
Conforme Napolitano (2005), sua visão privilegia o documentário como fonte de análise,
argumentando que sofre menos manipulação em sua produção, enquanto
pesquisadores como Pierre Sorlin (sociologia) e Eduardo Morettin (história)
defendem que isto pouco importa: o que importa é o discurso do filme e a
análise de sua narrativa.
Quando foi apresentado pelos irmãos Lumiere no final do século XIX, o
filme era considerado divertimento de feira, produto de quermesse, atrativo
somente para os iletrados, miseráveis, populacho inculto. A primeira intenção deles
era filmar a vida, numa correspondência entre a imagem animada e o real posto
que a imagem tem um efeito marcante sobre a memória e o filme, por sua vez, tem
um efeito de guardar os momentos para a posteridade. De acordo com Le Goff
(2003) a memória tem a função de conservar informações para atualizá-las e às impressões
do passado que representa. Sendo assim, o cinema, como a música, faz parte da
memória involuntária que suscita sentimentos e lembranças, momentos e
acontecimentos, “experiências fixadas que, no entanto, não estão estáticas, mas
sempre relidas no presente.” (PEREIRA, 2007. p. 158-169). O cinema pode ser
utilizado como lugar de memória, como o local que transmite as memórias
ocultadas e sua capacidade de demonstrar, através das imagens, os relatos e os
sentimentos que não são tão óbvios no documento escrito. A análise das
manipulações que são feitas nas narrativas e imagens cinematográficas pode
demonstrar a fragilidade das certezas e seus limites.
[...] o cinema é fonte de história, não somente ao construir representações da realidade, específicas e datadas, mais fazendo emergir maneiras de ver, de pensar, de fazer e de sentir. Ele é fonte para a história, ainda que como documento histórico, o filme não produza, nem proponha nunca um "reflexo" direto da sociedade, mais uma versão mediada por razões que dizer respeito à sua função. Entretanto ele é fonte sobre a história, tal qual ela se constitui, na medida em que existem processos de escrita cinematográfica comparáveis àqueles da história mesma. (LAGNY, 2009. p. 105-106)
Em seu início, o cinema era desprezado pelos intelectuais e pela elite
que se proclamava culta, sendo até 1960, desprezado também pela academia, mas
as mudanças no conceito de fonte histórica mudaram esta visão e “hoje, o
filme tem direito de cidadania, tantos nos arquivos, quanto nas pesquisas.”
(FERRO, 2010. p. 9).
Sendo assim o cinema, mais que
fonte ou objeto, é também agente da História, haja vista as possibilidades de
compreensão da sociedade que produz e recepciona os filmes, no entendimento das
mudanças sociais. Cada época entende de forma diferente o mesmo filme e o que
produz significado para uns, não representa nada para outros. E a leitura
histórica do filme e a leitura cinematográfica da História permitem atingir pontos
nem sempre claros nas análises históricas.
Pertencente ao campo de estudos
da História Cultural, as imagens – parte da composição de um filme – são
representações dos homens sobre si próprios e sua época, seus valores, sonhos,
medos, estando repletos de conteúdos simbólicos nem sempre óbvios que são
entendidos de forma diferente em cada sociedade. “Da pintura ao cinema, da
história em quadrinhos à fotografia, do desenho à televisão, tais imagens
povoam a vida a vida e a representam, oferecendo um campo enorme às pesquisas
dos historiadores.” (PESAVENTO, 2005. p. 89).
Na esteira do trabalho de Ferro, surgiram inúmeros outros que discutem
as relações entre a história e o cinema visto que, o filme, imagem em
movimento, tem o poder de transportar o público para outra realidade, por
passar a impressão de as imagens terem sido capturadas do acontecimento, do
real. Por este prisma o cinema é, por excelência, uma fonte histórica de
importância inquestionável na história contemporânea por sua capacidade de atingir
a todos, de moldar mentalidades, sentimentos e emoções além de alcançar, com
grande facilidade, parcelas variadas de todas as camadas sociais e culturais.
Entretanto, como qualquer outro documento, ele só se torna fonte quando
é utilizado por um historiador na busca por uma resposta, por um sentido para
sua existência e sua importância. Sem um objetivo para sua busca o documento,
seja ele textual ou imagético, perde seu sentido e torna-se apenas um vestígio
de outro período.
São muitas as possibilidades de interpretação de um filme, como
qualquer documento histórico, o cinema é influenciado pelo seu tempo, pelo meio
onde está inserido, evidenciando a marca de seus produtores - estes também
impregnados dos conceitos, acontecimentos e modo de ver a vida de sua época.
Segundo Nova (1996), a maior parte do conteúdo de um filme, especialmente os
comerciais, é ditada pelos gostos do público que, por sua vez é influenciado
pelo filme, numa relação de troca constante. Sendo assim, podemos entender um determinado
momento através do que é passado nas narrativas dos filmes. Neste
sentido, Lagny (2009) chama atenção sobre o cuidado que se deve ter no trabalho
com o cinema como fonte histórica. Primeiro porque ele não é somente um
testemunho isolado, faz parte de um conjunto de interações sociais e
representações. Cada grupo lê o filme conforme seu conhecimento anterior e o
pesquisador deve estar atento para o fato de não considerar óbvio o que não o
é. Além disto, é fundamental saber encontrar o filme que responda suas
questões. Depois há de se saber ler e interpretar os filmes levando em
consideração todo o contexto que o envolve, para ela
Fazer do cinema uma fonte histórica determina evidentemente para começar avaliar a significação do filme no seu contexto sócio-econômico e político, localizado, muito freqüentemente, no quadro nacional, e, é claro datado. As estruturas de produção dos filmes têm sua história própria. [...] Análises precisas são, portanto, necessárias sobre a história dos próprios filmes no contexto histórico geral, para avaliar as significações possíveis da produção de um período, assim como estudar as formas de representações que eles utilizam. (LAGNY, 2009. p. 124).
O cinema no século XX tem relação com a história e a
historicidade, a idéia é que não só se use o cinema como fonte da história, mas
se faça história sob a influência do cinema e da imagem.
Se a história escrita está condicionada pelas convenções narrativas e lingüísticas, o mesmo ocorre com a história visual, ainda que neste caso sejam as próprias do gênero cinematográfico. Se aceitarmos que as narrações escritas são "ficções narrativas", então as narrações visuais devem ser consideradas "ficções visuais"; ou seja, não como espelhos do passado, mas sim como representações do mesmo. (ROSENSTONE, 1998. p.7)
Para
Rosenstone (1998), as imagens trazem à história o desafio de trabalhar o
audiovisual com o escrito e de passar a considerar a validade da história em
imagens da mesma forma que a história escrita, sendo apenas sua forma de
apresentar e representar diferente, basta para isto quebrar o cânone escrito em
razão de outras formas de apresentação da narrativa histórica. O cinema como
fonte para a história já é uma certeza, mas ainda temos que entender e superar
as dificuldades em seu uso.
Uma das dificuldades apontada por Lagny (2009) é
que o filme não é feito para ser arquivado como documento, mas para ser vendido
como entretenimento. Desta forma ele tem classificações que são especificas de
seu meio e podem causar confusão. Os historiadores tendem a dar mais ênfase aos
documentários, considerados como filmes mais próximos da realidade, que buscam
a transmissão do real, mesmo em suas montagens. Porém os filmes de ficção
também podem ser considerados como fontes por suas representações nas imagens.
Além disto, os limites entre os documentários e os filmes de ficção são
difíceis de traçar.
Toda esta discussão é mais latente em torno dos
filmes de ficção que retratam acontecimentos históricos. Esta vertente é o foco
da atenção de Rosenstone (2010) ao compará-los.
[...] o pensamento histórico envolvido nos dramas comerciais é, em grande parte, o mesmo [do documentário histórico]: indivíduos (um, dois ou um pequeno grupo) estão no centro do processo histórico. Através de seus olhos e vidas, aventuras e amores, vemos greves, invasões, revoluções, ditaduras, conflitos étnicos, experiências científicas, batalhas jurídicas, movimentos políticos, genocídios. Mas fazemos mais do que apenas ver: também sentimos. (ROSENSTONE, 2010. p. 33)
A grande dificuldade está em vermos a história como
escrita, e acreditar que esta escrita é a expressão da verdade enquanto os
filmes, como imagens construídas não tem o mesmo estatuto de verdade. O mesmo
Rosenstone (2009) faz uma análise de algumas obras do cineasta Oliver Stone e
sua visão da história dos Estados Unidos em Nascido
em 4 de julho (1989), Platoon (1986)
, JFK, a pergunta que não quer calar
(1991) como uma representação da história. Nele, eventos são inventados e
modificados, momentos chaves são retratados conforme a visão do diretor, mas
eles estão lá. A questão é que tanto o filme, quanto a escrita são manipulados.
E este é o ponto do autor, a narrativa cinematográfica, assim como a narrativa
histórica são construções, o que não tira o mérito e não invalida o uso dos
filmes como fontes para o conhecimento da história, desde que, esteja clara e o
historiador leve em conta está manipulação, analisando não somente as imagens,
mas a forma como são montadas e desencadeada a ação juntamente com o texto, os
diálogos, os sons, a narrativa cinematográfica.
Um bom exemplo destas questões é o filme O retorno de Martin Guerre (1982)
adaptado do livro da historiadora Natalie Zemon Davis que faz a análise
historiográfica do caso do camponês Martin Guerre, que em pleno século XVI,
após casar-se com a jovem e bela Bertrande de Rols fora declarado impotente,
abandonara a esposa e a aldeia, e teve o seu lugar ocupado por um impostor, que
lhe roubara o nome e a posição. A autora utilizou materiais retirados da
literatura ficcional, das narrativas populares junto com uma farta documentação
cartorial, de inventários, testamentos, cartas pessoais, listas de óbitos para
compor a narrativa. A própria Davis, menciona no prefácio, que muitos pontos da
vida de Martin Guerre e da aldeia eram obscuros e que para manter uma narrativa
concisa ela preencheu algumas lacunas de acordo com sua interpretação dos
documentos. Isto é inventar, pura e simplesmente, embora sejam raros os casos
em que os historiadores admitem este “preenchimento de lacunas”. O ponto onde
queremos chegar é que os filmes, sejam de ficção ou documentários, são tão válidos
para a história quanto os documentos escritos e em todos há manipulação para a
reconstrução do passado. Esta mais que superada a idéia de “verdade histórica”.
O fato é que os filmes, as imagens são necessárias
para a criação do imaginário social, neles podemos observar os valores e
comportamentos cotidianos. A escrita da História, com seus cânones e suas
regras, sua forma de linguagem conceitual afasta o público geral dos livros,
este espaço é preenchido pelo audiovisual que, através das imagens torna a
História mais fluida e quase um divertimento, desta forma, o imaginário social
se prende ao que é visto nos filmes e toma suas representações como expressão
da verdade histórica. Isto desperta a desconfiança de grande parte dos
historiadores em relação ao audiovisual, de acordo com Hagemeyer (2012).
Isto é ainda mais evidente quando se tratam de
produções hollywoodianas, do cinema industrial e comercial. Com seu objetivo
claro de divertir e entreter, nem sempre preso a qualquer metodologia
histórica, o cinema usa personagens e
fatos históricos mesclados à narrativa ficcional e geralmente o público toma o
que vê na tela como uma expressão da verdade. É o caso de muitos filmes já
analisados por este prisma, Gladiador
(2000), Cruzada (2005), entre outros.
Filmes que utilizaram ambientes e personagens históricos e acabaram por dar a
entender que os fatos ali ocorridos foram reais ou que aquela era a história
real dos personagens. As desconfianças em relação ao cinema norte-americano são
ainda maiores
Embora criticada por sua “superficialidade”, “repetição de clichês”, bem como suas “implicações ideológicas” no amortecimento da consciência das massas, as produções hollywoodianas se mantiveram ao longo do século XX como as maiores bilheterias. [...] De qualquer forma, se aceitamos o jogo proposto no cinema clássico como válido (álias, como boa parte do cinema internacional fez ao imitar seus procedimentos), devemos reconhecer a maestria atingida pelos estúdios norte-americanos na produção de efeitos narrativos com a câmera e a maneira como através deles consegue prender nossa atenção. (HAGEMEYER, 2012. p. 85)
Apesar das críticas e reservas em relação ao cinema
hollywoodiano de grande escala, não podemos ignorar seu alcance e seu poder de
criar imaginários. Em nossa pesquisa histórica, optamos por trabalhar com dois
filmes hollywoodianos, dramas comerciais sem nenhuma intenção de ser
históricos. São eles Drácula de Bram
Stoker (1992) e Entrevista com o
vampiro (1994). Ambos tem como personagem principal um vampiro e narram sua
história, em Drácula, do ponto de
vista de terceiros, em Entrevista com o
vampiro, do ponto de vista do próprio vampiro. Entretanto o que nos chama
atenção são as várias questões históricas que fazem parte da trama e que
podemos analisar.
Partindo
de Drácula, um dos pontos diz
respeito exatamente a questão discutida anteriormente sobre a vinculação entre
ficção e história. Adaptado do romance de Bram Stoker escrito em 1897, o filme
produzido por Francis Ford Coppola criou um prólogo com a intenção de contar a
história do conde Drácula. O
filme inicia com uma introdução informando que esta se passa no ano de 1462
após a queda de Constantinopla quando os turcos otomanos tentavam dominar a
Europa através das fronteiras orientais pela Transilvânia (atual Romênia). Para
combatê-los surgiu um cavaleiro da Ordem do Dragão chamado Draculea. Saindo em
combate ele deixa à sua espera a noiva, Elisabeta. As cenas que se referem à
batalha mostram os inimigos sendo empalados, numa clara alusão à Vlad Tepes, o
Empalador, personagem histórico mencionado de forma sutil por Stoker. Vencendo
a batalha, ele se ajoelha e agradece à Deus por seu sucesso. Para se vingar da
vitória os turcos atiram uma flecha no castelo dando a falsa notícia da morte
de Drácula. Elisabeta, em desespero, se atira no rio cometendo o maior dos
sacrilégios, o suicídio.
Ao retornar ele encontra a noiva morta e é informado pelos padres
ortodoxos que sua alma não encontrará descanso, conforme os preceitos da
tradição católica ortodoxa. Drácula se revolta e crava sua espada na cruz, renunciando
a Deus e bebendo o sangue que começa a jorrar do corte feito no objeto sagrado,
assim se autocondenando às trevas. Esta seqüência de cenas faz a conexão
definitiva de Coppola entre Drácula, o vampiro e Drácula, o personagem
histórico fundindo-os em um só personagem. A vinculação feita pelo filme Drácula de Bram Stoker com Vlad Tepes criou a
idéia que a história ocorreu daquela forma abrindo questionamentos sobre a
verdadeira natureza de Drácula e sua história ao mesmo tempo que os
acontecimentos retratados na película foram tomados como uma biografia, revigorando
uma série de lendas sobre ele, inclusive lendas que dizem ser ele um
morto-vivo.
Em Entrevista com o vampiro (1994),
Louis de Pointe du Lac, o protagonista, é um vampiro solitário com cerca de 200
anos, considera-se vazio e sem propósito. Ao encontrar um repórter em um bar,
decide lhe contar sua história para reviver seu passado e refletir sobre suas
decisões. Ele inicia sua narrativa pelo ano em que foi transformado em vampiro,
1791; fala de sua existência como um morto-vivo, suas angústias e apreensões,
demonstra ser uma criatura sempre em busca de entendimento de si e do mundo a
sua volta. Foi transformado por Lestat de Liancourt, um vampiro tipicamente
literário, que não tem moral, nem qualquer preocupação, vive apenas para
satisfazer seu desejo por sangue e diversão. Em seu caminho, eles encontram
Claudia, uma órfã que transformam numa criança vampiro. Louis, Lestat e Claudia
têm finais diferentes e sua convivência se passa entre amor e ódio, frustrações
e tentativas de fazer parte do mundo passando despercebidos entre os mortais
através dos séculos, vendo a sociedade modificar-se e buscando seu espaço nela.
Nele podemos analisar através do protagonista as angústias e os medos do mundo
pós moderno, da sociedade cada vez mais individualista e solitária, em sua fala
final ao repórter ele diz ser uma criatura vazia e sem propósito.
Todas estas questões, que discutimos de maneira breve e simples, não se
esgotam. Ainda há muito a ser esclarecido e modificado no que diz respeito ao
uso de fontes audiovisuais na história, entretanto um longo caminho já foi
percorrido e a validação de estudos, como o nosso, depende da adequação às
regras metodológicas do processo de pesquisa histórico, como adverte Lagny
(2009) o filme, como qualquer outro
documento, deve responder às questões do historiador. Ser considerado e
analisado em seu contexto, trabalhado junto à outras fontes complementares que
também devem ser analisadas, como sua produção e recepção, sua narração e sua
organização para que possa produzir sentido sendo utilizado e analisado visando
questões além do campo cinematográfico, visto que, ele não é uma produção
isolada, ele é parte da cultura em que está inserido. Ele é um produto situado
num contexto cultural e ligado à imagem, à arte, à música, à literatura
principalmente, pois a maioria dos filmes são adaptações literárias.
Além
disto, para trabalhar com cinema o historiador deve ter conhecimento da
história do cinema e saber ler as imagens, da narração e suas construções, a
questão do ponto de vista abordado no filme e o que ele pretende demonstrar com
isto. Mesmo sendo uma fonte ainda com grandes dificuldades metodológicas, o
cinema é um rico documento histórico e ainda há muito a ser explorado pelos
historiadores.
Postas estas questões, nos arriscamos em propor
algumas questões e metodologias pensadas por Jorge Nóvoa (2009) o historiador
ou o professor não precisa ter um conhecimento profundo da estética, técnicas e
linguagem cinematográficas para fazer uma boa análise dos filmes, basta saber
usá-lo como documento visto que, como já dissemos anteriormente, ele é um
modelador de mentalidades, sentimentos, emoções e registro de imaginários e
ações dos homens independente de seu local geográfico.
Um gesto, as pessoas nas ruas, o estilo dos edifícios, o interior das casas, a indumentária dos personagens em um bar, a expressão de seus rostos, tudo tem a sua importância exatamente porque constituem a matéria de outra história, distinta da história narrada. [...] as crenças, as intenções, ou seja, o imaginário humano, faz parte da história. (NÓVOA, 2009. p. 30)
Para este autor uma sugestão de metodologia para o
uso em sala de aula seria realizar um planejamento prévio definindo qual e
porquê determinada temática; o que pretendemos ensinar com ela; fazer um
levantamento das películas disponíveis; estabelecer a conexão entre seu
conteúdo e a temática a ser tratada; pesquisar os processos e fatos históricos abordados
pelos filmes e o período em que a produção foi realizada; pesquisar a biografia
dos autores e as condições de produção; analisar, criticar e problematizar o
conteúdo das películas, somente assim poderemos transforma-las em fontes
documentais, independentes de seu gênero ou narrativa, se é uma ficção, um
documentário, um filme épico ou mesmo de terror como aqueles que são objeto de
nossa pesquisa. O que importa é saber utilizar e aproveitar a riqueza de
recursos que temos em mãos ao trabalhar com imagens cinematográficas.
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PERGUNTAS
O texto deixou claro que o filme deve ser analisado como documento pelo historiador. Mas na sala de aula ele é trabalhado como uma ferramenta no ensino em História? Ou apenas discutido enquanto
documento? Nome: José Luciano de A. Dias Filho.
Bom dia José,
Podemos fazer ambos, discuti-lo enquanto fonte para a História por conta de suas representações de pessoas, lugares, imaginários etc, e também podemos utiliza-los como ferramenta de ensino analisando estas mesmas representações.
Espero ter respondido,
abs, Maytê
Você acha que os professores da rede pública de ensino ( Fundamental e Médio ) estão preparados para usar esta metodologia de ensino? por Vilma da Silva Barbosa
Bom dia Vilma,
Sim, acredito que os professores da rede pública tenham sim capacidade para trabalhar com esta metodologia.
Os filmes podem ser usados para muito mais do que ilustrar conteúdos ou apontar imprecisões e erros históricos. Podemos utiliza-los como forma de entender as representações e imaginários de um determinado período.
Por exemplo: um filme popular (Hollywood) como Gladiador pode e deve ser utilizado para apontar as representações que fazemos hoje sobre a Roma Antiga e fazer com que os alunos observem como se davam as relações de poder mostradas no filme. Era possível um general tornar-se gladiador? Quem eram os gladiadores? Qual seu lugar dentro da estrutura social romana? E o imperador, quem era? Os imperadores romanos tinham realmente aquele poder e como o utilizavam?
Como se dava a hierarquia? Como funcionava a política do pão e circo? Podemos aproximar estes eventos com o mundo atual?
Uma série de perguntas pode ser feita e analisada usando os filmes.
Todo professor pode utilizar esta metodologia, trabalhar com imagens torna muito mais eficaz e prazerosa a fixação de conteúdos nas escolas.
Abs,
Maytê Vieira
Qual sua opinião quanto ao uso de programas produzidos para a TV aberta no ensino de História?
Janaina Jaskiu
Acredito que possam ser utilizados da mesma forma que os filmes para analisar as representações sociais e os imaginários que temos de nosso mundo ou de períodos anteriores.
Podemos utilizar, por exemplo, as novelas para analisar as representações e os lugares dos personagens e trazer para o mundo do aluno aquelas representações.
Como são representados os mundos sociais? Quem são os personagens? Um determinado programa ou novela traz personagens ricos e pobres, onde eles vivem? A representação de suas vidas tem relações com a realidade? Em que estão conectadas as indagações sociais?
Atualmente temos novelas apresentando relações homoeróticas, como nossos alunos entendem isto? Como a família e a sociedade se relaciona com estas questões? Isto ajuda a desfazer preconceitos? Todas estas questões podem ser utilizadas para os programas da TV aberta tanto quanto são utilizadas para os filmes, os princípios são os mesmos.
Espero ter respondido sua questão.
Abs,
Maytê Vieira
Em minha monografia decidi trabalhar com fonte fílmica e acabei descobrindo uma paixão. Descobrir que o cinema apesar de em alguns lugares ser visto como algo inculto, em outros como o México até década de 30 a produção cinematográfica era intensa. Você poderia me indicar literatura sobre como trabalhar história e cinema? Iria me ajudar muito. Obrigada. por Noeli Zettel
Boa tarde Noeli,
Que bom que você decidiu trabalhar com cinema, realmente é apaixonante.
Posso te indicar várias bibliografias que utilizo:
AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas, SP: Papirus, 1993;
COSTA, Antonio. Compreender o cinema. Rio de Janeiro: Globo, 1987;NÓVOA, Jorge; BARROS, José D’Assunção. (orgs.). Cinema-história: teoria e representações sociais no cinema. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008;
HAGEMEYER, Rafael Rosa. História & audiovisual. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012;
LIPOVETSKY, Gilles. A tela global: mídias culturais e cinema na era hipermoderna. Porto Alegre: Sulina, 2009;
MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. São Paulo: Brasiliense, 2003;
NÓVOA, Jorge; FRESSATO, Soleni Biscouto; FEIGELSON, Kristian. (orgs.). Cinematógrafo: um olhar sobre a História. São Paulo: UNESP, 2009;
RAMOS, Fernão Pessoa. Teoria contemporânea do cinema. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. (Volumes I e II);
RANCIÈRE, Jacques. L’historicité du cinéma. In: BAECQUE, Antoine de; DELAGE, Christian (org.). De l’histoire au cinéma. Paris: IHTP CNRS/ Éditions Complexe, 1998;
ROSENSTONE, Robert. História em imagens, história em palavras: reflexões sobre as possibilidades de plasmar a história em imagens. In: Revista Olho da História, n. 5. 1998;
_____. A história nos filmes, os filmes na história. São Paulo: Paz e Terra: 2010;
TURNER, Graeme. Cinema como prática social. São Paulo: Summus Editorial, 1988;
VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas, SP: Papirus, 1994.
XAVIER, Ismail (org.). O cinema no século. Rio de Janeiro: Imago, 1996;
Esta é apenas uma bibliografia inicial para dar conta de uma visão geral sobre o trabalho com fontes em Cinema e História.
Obrigada e abs,
Maytê Vieira
O texto deixou claro que o filme deve ser analisado como documento pelo historiador. Mas na sala de aula ele é trabalhado como uma ferramenta no ensino em História? Ou apenas discutido enquanto
documento? Nome: José Luciano de A. Dias Filho.
Bom dia José,
Podemos fazer ambos, discuti-lo enquanto fonte para a História por conta de suas representações de pessoas, lugares, imaginários etc, e também podemos utiliza-los como ferramenta de ensino analisando estas mesmas representações.
Espero ter respondido,
abs, Maytê
Você acha que os professores da rede pública de ensino ( Fundamental e Médio ) estão preparados para usar esta metodologia de ensino? por Vilma da Silva Barbosa
Bom dia Vilma,
Sim, acredito que os professores da rede pública tenham sim capacidade para trabalhar com esta metodologia.
Os filmes podem ser usados para muito mais do que ilustrar conteúdos ou apontar imprecisões e erros históricos. Podemos utiliza-los como forma de entender as representações e imaginários de um determinado período.
Por exemplo: um filme popular (Hollywood) como Gladiador pode e deve ser utilizado para apontar as representações que fazemos hoje sobre a Roma Antiga e fazer com que os alunos observem como se davam as relações de poder mostradas no filme. Era possível um general tornar-se gladiador? Quem eram os gladiadores? Qual seu lugar dentro da estrutura social romana? E o imperador, quem era? Os imperadores romanos tinham realmente aquele poder e como o utilizavam?
Como se dava a hierarquia? Como funcionava a política do pão e circo? Podemos aproximar estes eventos com o mundo atual?
Uma série de perguntas pode ser feita e analisada usando os filmes.
Todo professor pode utilizar esta metodologia, trabalhar com imagens torna muito mais eficaz e prazerosa a fixação de conteúdos nas escolas.
Abs,
Maytê Vieira
Qual sua opinião quanto ao uso de programas produzidos para a TV aberta no ensino de História?
Janaina Jaskiu
Acredito que possam ser utilizados da mesma forma que os filmes para analisar as representações sociais e os imaginários que temos de nosso mundo ou de períodos anteriores.
Podemos utilizar, por exemplo, as novelas para analisar as representações e os lugares dos personagens e trazer para o mundo do aluno aquelas representações.
Como são representados os mundos sociais? Quem são os personagens? Um determinado programa ou novela traz personagens ricos e pobres, onde eles vivem? A representação de suas vidas tem relações com a realidade? Em que estão conectadas as indagações sociais?
Atualmente temos novelas apresentando relações homoeróticas, como nossos alunos entendem isto? Como a família e a sociedade se relaciona com estas questões? Isto ajuda a desfazer preconceitos? Todas estas questões podem ser utilizadas para os programas da TV aberta tanto quanto são utilizadas para os filmes, os princípios são os mesmos.
Espero ter respondido sua questão.
Abs,
Maytê Vieira
Em minha monografia decidi trabalhar com fonte fílmica e acabei descobrindo uma paixão. Descobrir que o cinema apesar de em alguns lugares ser visto como algo inculto, em outros como o México até década de 30 a produção cinematográfica era intensa. Você poderia me indicar literatura sobre como trabalhar história e cinema? Iria me ajudar muito. Obrigada. por Noeli Zettel
Boa tarde Noeli,
Que bom que você decidiu trabalhar com cinema, realmente é apaixonante.
Posso te indicar várias bibliografias que utilizo:
AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas, SP: Papirus, 1993;
COSTA, Antonio. Compreender o cinema. Rio de Janeiro: Globo, 1987;NÓVOA, Jorge; BARROS, José D’Assunção. (orgs.). Cinema-história: teoria e representações sociais no cinema. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008;
HAGEMEYER, Rafael Rosa. História & audiovisual. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012;
LIPOVETSKY, Gilles. A tela global: mídias culturais e cinema na era hipermoderna. Porto Alegre: Sulina, 2009;
MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. São Paulo: Brasiliense, 2003;
NÓVOA, Jorge; FRESSATO, Soleni Biscouto; FEIGELSON, Kristian. (orgs.). Cinematógrafo: um olhar sobre a História. São Paulo: UNESP, 2009;
RAMOS, Fernão Pessoa. Teoria contemporânea do cinema. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. (Volumes I e II);
RANCIÈRE, Jacques. L’historicité du cinéma. In: BAECQUE, Antoine de; DELAGE, Christian (org.). De l’histoire au cinéma. Paris: IHTP CNRS/ Éditions Complexe, 1998;
ROSENSTONE, Robert. História em imagens, história em palavras: reflexões sobre as possibilidades de plasmar a história em imagens. In: Revista Olho da História, n. 5. 1998;
_____. A história nos filmes, os filmes na história. São Paulo: Paz e Terra: 2010;
TURNER, Graeme. Cinema como prática social. São Paulo: Summus Editorial, 1988;
VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas, SP: Papirus, 1994.
XAVIER, Ismail (org.). O cinema no século. Rio de Janeiro: Imago, 1996;
Esta é apenas uma bibliografia inicial para dar conta de uma visão geral sobre o trabalho com fontes em Cinema e História.
Obrigada e abs,
Maytê Vieira
Em minha monografia decidi trabalhar com fonte fílmica e acabei descobrindo uma paixão. Descobrir que o cinema apesar de em alguns lugares ser visto como algo inculto, em outros como o México até década de 30 a produção cinematográfica era intensa. Você poderia me indicar literatura sobre como trabalhar história e cinema? Iria me ajudar muito. Obrigada. Noeli.
ResponderExcluirBoa tarde Noeli, já respondi sua pergunta acima, inclusive elecando uma série de bibliografias que eu uso como sugestão para você. Abs,
ExcluirVocê acha que os professores da rede pública de ensino ( Fundamental e Médio ) estão preparados para usar esta metodologia de ensino?
ResponderExcluirBoa tarde Vilma, a resposta a sua pergunta está publicada acima, logo após o texto. Abs,
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOla professora Maytê,
ExcluirObrigado pela resposta referente a minha pergunta.
Parabéns pelo texto.
abs.
Vilma da Silva Barbosa
Frequentemente somos questionados sobre o uso de filmes em sala de aula, vivemos em uma cultura de que o professor que se utiliza de tal recurso é o professor "enrolador", que apenas quer ganhar tempo em suas aula, vc na sua experiência, como desmitificar tal situação.
ResponderExcluirAtt
Fabiano Santos de Sousa
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirBoa tarde, Fabiano, nós devemos problematizar o filme. Esta ideia equivocada se estabeleceu por conta do uso indiscriminado de mídias sem a problematização correta. O que eu quero dizer com isto? Quando pretendemos usar um filme para o ensino devemos ter claros os objetivos que intentamos atingir e informá-lo aos alunos. Claro que o tipo de filme e a forma como será trabalhado depende da série trabalhada.
ExcluirEu uso como metodologia a indicação do prof. Jorge Nóvoa que me parece bem pertinente e está descrita no texto publicado.
Além disto, devemos pedir atividades aos alunos baseadas no filme apresentado, deixando bem claro para eles a importância dela, somente assim, conseguiremos derrubar esta ideia de que "passar filme e enrolar e matar horário". Espero que tenha ajudado. Abs,
Como podemos passar uma filme em sala de aula e desenvolver uma historia real do filme.
ResponderExcluirAluna Marcia Aparecida Orsi
Oi Marcia, desculpe mas não ficou clara sua questão vou tentar responder como entendi. Podemos fazer comparações, de forma alguma usar o filme somente como "apontador dos erros históricos", mas sim, como uma maneira de entender a representação da História no filme. Gosto muito de trabalhar com o cinema de Hollywood por conta do imaginário que ele cria e difunde no mundo todo com seu alcance, então vou usar um conhecido "clássico" como exemplo que já foi analisado por vários autores e acredito que a grande maioria das pessoas já assistiu ou já ouviu falar: ... E o vento levou (1939). O filme apresenta a Guerra de Secessão entre o Norte e o Sul que desencadeou, entre outras coisas, a abolição nos Estados Unidos.Porém a convivência apresentada entre os escravos e os senhores no Sul (perdedor da guerra e que defendia a escravidão) mostra uma relações de afeição e ameniza as condições sociais dos primeiros. Podemos aproximar com a realidade, inclusive brasileira e discutir a real configuração destas representações e o porquê desta manipulação da realidade pelo cinema. Espero ter respondido, abs
ExcluirAo utilizar um determinado filme para trabalhar um conteúdo de história é preciso que o professor faça a leitura e interpretação minuciosa da trama proposta. O filme apresentado deve ser analisa no seu contexto e entendido segundo Turner(1993) como a representação da prática social. Em sua opinião, é possível fazer essa análise, bem como perceber a ideologia proposta na história, trabalhando apenas com recortes?
ResponderExcluirJuraci Alves Miranda
Oi Juraci, é possível sim. Entretanto para que isto funcione você deve ter bem claro qual o contexto que quer expor, discutir e debater para poder fazer os recortes corretos. O ideal é aprender a utilizar você mesma um programa de edição de vídeo (simples, como o Windows Movie Maker) para que você faça do jeito que planeja ao invés de pegar recortes prontos que nem sempre contemplam o conteúdo que você quer. Espero ter respondido corretamente, dúvidas, faça novas perguntas, responderei com prazer! Abs,
ExcluirPosso me utilizar dos filmes em sala de aula como objeto de estudo, dimensionar assuntos através dele. Mas poderia utilizar alguns comentários extra-filme para relatar o que há de fato nos livros históricos, ou isso descaracterizará o filme?
ResponderExcluirAdriana Oliveira Centurion
Oi Adriana, não vejo como poderia descaracterizar. Você pode, como sugestão, apresentar estes comentários comparando o filme com os fatos históricos, não com a intenção de apontar imprecisões, mas para mostrar as manipulações e ideologias que fazem com que os produtores modifiquem a história de acordo com suas ideias a respeito dela. Abs,
ExcluirNo texto, você deixou claro que é possível trabalhar filmes de ficção em sala de aula fazendo uma análise histórica sobre ele e que para isso seria necessário um questionário antes do filme com as informações necessárias para a análise do mesmo. Você acredita ser interessante um professor levar seus alunos a um cinema para fazer a análise de filmes atuais? Ou seria melhor a análise apenas de filmes mais antigos e em sala de aula? E o questionário seria feito em que momento, antes ou depois da exibição do filme?
ResponderExcluirRebeca de Melo Araújo.
Sabemos o quanto é interessante se trabalhar história tanto com filmes de ficção como de história verídicas, isso enrriquece a aula, se o professor tiver um bom conhecimento sobre o filme a aula fica muito interessante
ExcluirCom certeza fica muito interessante, temos muitas discussões a respeito da metodologia em sala de aula e nem sempre usamos tudo que podemos, mas é, como você comentou, fundamental que o professor tenha conhecimento do filme e do conteúdo e bem claro o que deseja, caso contrário, ficará a impressão de uma atividade para "matar tempo" e "enrolar" aula. Abs e obrigada pelo complemento.
ExcluirOi Rebeca, ambas as opções são válidas. Não vejo porquê usar somente filmes antigos, afinal, os atuais demonstram nosso contexto social do momento, por exemplo, minha pesquisa gira em torno do imaginário sobre os vampiros, neste caso os filmes antigos retratam monstros, criaturas animalescas que só se interessam em caçar sua presa. Os mais atuais foram humanizando-os, trazendo-os cada vez mais perto de problemas, sentimentos e situações humanas de convivência social, até mesmo nos filmes e séries mais recentes eles são apresentados como adolescentes com os mesmos problemas, frustrações e reações de qualquer outro adolescente. A questão é entender como isto mudou? O que se transformou e permitiu a aceitação deste novo formato, desta nova representação do monstro, que já não é mais monstro, é somente mais um de nós? Isto é possível ver em filmes novos.
ExcluirQuanto a levar os alunos ao cinema é uma boa ideia, entretanto dependendo das idades traz outros problemas que cabe a você avaliar a possibilidade desta atividade extra classe. E em relação ao questionário, debate ou atividade o ideal seria após o filme e, claro, você deve ter bem preparado e embasado o que quer que eles (os alunos) percebam. Espero ter respondido, abs.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEstá sendo um prazer participar e responder a todas estas questões, fiquem à vontade para fazer mais ou tirar dúvidas se em algum momento eu respondi de forma incompleta.
ResponderExcluirObrigada a todos, abs,
Como utilizar os filmes em sala de aula como material de conhecimento, se para muitos ele é visto apenas como entretenimento?
ResponderExcluirAline Beatriz Barbosa de Melo
Oi Aline, nós devemos problematizar o filme. Quando pretendemos usar um filme para o ensino devemos ter claros os objetivos que intentamos atingir e informá-lo aos alunos. Claro que o tipo de filme e a forma como será trabalhado depende da série trabalhada.
ExcluirEu uso como metodologia a indicação do prof. Jorge Nóvoa que me parece bem pertinente e está descrita no texto publicado.
Além disto, devemos pedir atividades aos alunos baseadas no filme apresentado, deixando bem claro para eles a importância dela, somente assim, conseguiremos derrubar esta ideia de que "passar filme é enrolar e matar horário". Espero que tenha ajudado. Abs,
Ao utilizar um determinado filme para trabalhar um conteúdo de história é preciso que o professor faça a leitura e interpretação minuciosa da trama proposta. O filme apresentado deve ser analisa no seu contexto e entendido segundo Turner(1993) como a representação da prática social. Em sua opinião, é possível fazer essa análise, bem como perceber a ideologia proposta na história, trabalhando apenas com recortes?
ResponderExcluirJuraci Alves Miranda
Gostaria de parabeniza-la pela produção voltada à inovação das práticas em sala de aula e as oportunidades de analisar as interpretações dessa escolha. As produções cinematográficas recentes tem se preocupado com uma exibição bastante voltada ao impacto visual que as cenas podem causar no público, sem serem cuidadosos com os anacronismos. Recomenda uma análise desses aspectos mais voltados à percepção dos alunos do Ensino Médio ou acredita que seriam percepções mais acadêmicas? Anna Paula Silveira - estudante Licenciatura História - UNOPAR
ResponderExcluirComo citado no texto muitas são as possibilidades de interpretação de um filme e o que importa segundo Sorlim e Morettin é o discurso do filme e a análise de sua narrativa. Acredito que essa tarefa seja do professor em mediar e conduzir as reflexões e adequações do filme ao conteúdo. O que acredito não ser possível mais é utilizar o filme sem um propósito didático como muito se fez. Rubiamara
ResponderExcluirComo os filmes, enquanto meios de ensino, têm sido utilizado na sala de aula.
ResponderExcluirJá fiz essa pergunta em outros textos deste simpósio mas quero repeti-la: como levar a eles os filmes que eles não assistem?!
ResponderExcluirA questão de passar filmes em sala de aula é complicado, na maioria das vezes dependendo do filme, quase nenhum dos alunos se interessa, ou falta interesse dos professores na escolha do titulo dos filmes. Qual a melhor maneira de trabalhar os filmes em salas de aula.
ResponderExcluirGilmar da Silva Lima
As transformações ocorridas na sociedade contemporânea, bem como as novas perspectivas historiográficas, tem estimulado o debate sobre a necessidade de novos metodologias no ensino de História e o uso de filmes é uma prática interessante, por desafiar o aluno na construção de uma prática pedagógica reflexiva e dinâmica, além de ser capaz de levar o aluno a aprender e apreender de uma forma significativa. Os filmes podem levar o aluno a se identificar com a realidade e se reconhecer como um sujeito da História e da produção do conhecimento histórico.
ResponderExcluirValdenice Gonçalves de Souza
valdenice904@gmail.com