Nucia Oliveira

ENSINO DE HISTÓRIA E SITES DE PESQUISA ESCOLAR
Nucia Alexandra Silva de Oliveira
UDESC


Considerações iniciais
Qual o conteúdo de história do Brasil tem sido publicado em sites de pesquisa escolar? Foi esta a pergunta motivadora do projeto de pesquisa que iniciei no ano de 2012 como parte de minhas atividades como docente na Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Mais especificamente esta pesquisa cujo título é “www.história.com: uma investigação sobre marcos históricos brasileiros tematizados em sítios eletrônicos”  tem sido desenvolvida junto ao Laboratório de Ensino de História – LEH, onde professores e acadêmicos do curso de História se dedicam a estudos sobre a área do Ensino de História.

Para dar conta de tal reflexão, partimos de alguns questionamentos e pressupostos [Escrevo no plural para dividir as reflexões da pesquisa com os bolsista de Iniciação Cientifica que nela têm trabalho (Matheus Silveira entre 2012 e 2013 e Bárbara Donini em 2014 e 2015) e com os colegas do LEH que também participam do processo de pesquisa]. Por um lado, assumimos a importância da internet como ferramenta de pesquisa e sociabilidades e por outro, indagamos que tipo de conteúdo tem sido apresentado, bem como refletimos sobre os modos pelos quais ela pode ser mobilizada no ensino. Não há dúvidas de que hoje a internet representa uma transformação singular nas formas de comunicação e também no modo de lidar com a informação. Diferentes pesquisas, incluindo investigações da área de educação têm apontado para tal fenômeno relatando questões diversas como o tempo gasto pelos internautas para “navegar” na rede, ou ainda a dificuldade desses mesmos em estabelecer críticas aos conteúdos. Como professora de estágio supervisionado e acompanhando as atividades de meus alunos junto a estudantes da educação básica pude perceber tal movimento – os sites de pesquisa escolar aparecem de fato como um dos principais recursos de investigação no processo de aprendizado de crianças e jovens. Eles ajudam portanto a formar a cultura histórica (RÜSEN, s/d) desse público e como tal precisam ser investigados e mobilizados para o processo de desenvolvimento do aprendizado histórico (RÜSEN, 2012). Nesse sentido, vislumbramos a necessidade de dar visibilidade e problematizar que narrativas têm sido dadas à leitura daqueles/as que pesquisam em tais sites e dialogamos portanto com as perspectivas da Didática da História (RUSEN, 2010. BERGAMANN, 1989).Por outro lado, entendemos também ser importante trazer reflexões sobre o fenômeno representado pela internet para o trabalhos dos/das historiadores/as. Tal questão, a propósito tem sido observada em diversos textos nos últimos tempos e em sua maioria tais debates entendem e propõem que mais seja dada mais atenção à  textualidade eletrônica. Roger Chartier que é um dos maiores referenciais em História da Leitura lembra que o surgimento da internet acarretou em novas modalidades de construção, publicação e recepção dos discursos históricos. Além do que também transformou a maneira de organizar as argumentações e os critérios de aceite ou rejeição dos leitores (CHARTIER, 2010). Dentro desta perspectiva estamos considerando que a publicação dos conteúdos em sites de pesquisa escolar é um outro modo de trazer saberes históricos para jovens e de, portanto estabelecer influência no desenvolvimento do pensamento históricos desses estudantes.

Este texto pretende trilhar tais caminhos oferecendo portanto possibilidades de debates que relacionam ensino de história, didática da história e a internet como elemento constituinte da cultura histórica e como fonte de pesquisa para a reflexão historiográfica. Informo que para dar conta dessa discussão apresento alguns dos dados da pesquisa que temos realizado, bem como aponto algumas de nossas reflexões sobre eles, depois coloco em questão breves reflexões relacionadas as implicações que as narrativas apresentadas pelos sites podem exercer sobre o aprendizado histórico e por fim lanço questões para o debate sobre tais temas.

Considerações sobre a pesquisa: metodologia, sites pesquisados e dados investigados
Para desenvolver esta pesquisa estamos construindo uma metodologia onde um novo tipo de documento (sites de pesquisa escolar) é dado a ler e desse modo nossas estratégias de investigação têm sido permeadas por constantes debates sobre os modos como devemos escolher e analisar os dados coletados. Começamos o trabalho de investigação com uma grande “sondagem” do material a ser pesquisando, ou seja, navegamos pela rede através da palavra chave: história do Brasil. A partir deste primeiro “enter” foi realizada a sistematização de 15 endereços eletrônicos para uma consulta mais detalhada e posterior coleta dos dados. Desse modo realizamos a leitura desses sites e optamos por eliminar alguns deles do corpus investigativas ficando apenas com 8 deles  para a realização da coleta de dados. São eles:

http://www.alunosonline.com.br/historia-do-brasil 

Após estas etapas de sondagem e escolha passamos então a uma caracterização dos sites, pois entendemos que é necessário conhecer o“lugar” onde as informações que estamos analisando estão depositadas. A ideia então foi percorrer atentamente cada um deles buscando mapear questões como a existência ou não de autoria nos textos; a definição de um público alvo, as finalidades e demais políticas apresentadas pelos mesmos. Neste sentido descobrimos que a maioria traz muitas informações sobre o modo como foram organizados. Ou seja, procuram informar como o conteúdo é construído, quem são seus autores e quem se destinam; bem como também se preocupam em apresentar quais são suas políticas de uso e de privacidade. Certamente que, no que diz respeito a tais dados alguns deles são mais completos do que outros, mas é possível dizer que uma das característica comum aos sites de pesquisa escolar é buscar legitimar o seu conteúdo. É importante dizer que tal cuidado não é uma regra e que a mesma não significa ou ainda não garante a qualidade para esses textos, nem evita outros problemas graves como plágios entre eles, e mesmo a total inexistência de referências ou ainda a citação de imagens sem qualquer indicação de quem seja o seu autor.

Vale dizer que esta legitimação não perpassa necessariamente critérios formais, como o uso de referências. Roger Chartier (2010) aponta que existe uma diluição dos elementos que atestam a veracidade em plataformas de texto não tradicionais, que, no caso da história, fogem daquele pacto de confiança autor-leitor, imerso em referências bibliográficas e citações. Portanto, essa relação autor-leitor sofre mudanças no mundo mais dinâmico da internet, mas que não deixam de ser dependentes da confiabilidade no caso em tela, visto que o conteúdo disponibilizado pelos sites é oferecido para pesquisas escolares. Aquele que acessa a textualidade eletrônica – como a dos sites escolares – está sujeito a uma nova ótica de leitura e compreensão de dados, com práticas costumeiras se adaptando ou desaparecendo.

Dito isso, acredito ser importante trazer alguns exemplos sobre como esta construção de legitimidade se dá nos sites. Observando o “www.suapesquisa.com” percebemos que este se preocupa em apresentar elementos que atestem a seriedade do site sobretudo informam sobre seus objetivos e preocupações. De acordo com eles, o site “foi criado com o propósito de divulgar conhecimentos científicos, históricos, artísticos e culturais. (...) estamos colaborando para ampliar o desenvolvimento intelectual dos brasileiros, que acessam a Internet em busca de informações de qualidade.” Em outra parte do texto, é possível ver a preocupação com a originalidade de seus textos:

Os textos são elaborados por nossa equipe, que é formada por especialistas em diversas áreas do conhecimento. Todos os nossos textos são originais e não simples cópias de enciclopédias ou de outros sites. Optamos por utilizar um design simples e agradável e uma linguagem didática para que todos possam entender corretamente as informações. (www.suapesquisa.com acesso em 10 de abril de 2013.)

Contudo ainda neste texto fica bastante explícita a função informativa dos conteúdos e que há uma preocupação em “simplificar” e tornar o texto “mais agradável” e fácil aos leitores. Fica a pergunta de por que explicitar tal preocupação? Qual a implicação deste cuidado? Os textos apresentados e que são chamados de mais “fáceis” e “agradáveis” também serão ao mesmo tempo problematizadores? Ou são apenas reprodutores de conhecimentos enciclopédicos que o próprio texto crítica? Aliás, este é um ponto que nos interessa pontuar e analisar – voltaremos a ele, mais a seguir.

Continuando a apresentação de nossa metodologia de trabalho cabe dizer que após a classificação dos sites, realizamos a etapa de coleta dos dados. Neste momento temos procedido do seguinte modo: elegemos alguns dos principais fatos históricos brasileiros e buscamos em cada um dos 8 sites relacionados para a pesquisa.Procuramos localizar o tema, sua presença dentro do site e demais links que aparecem associados a ele. Em tal busca montamos um banco de dados onde textos e imagens ficam armazenados para futuras pesquisas.  Além de selecionar o texto também realizamos a leitura desse material onde a tarefa é colocar nossas impressões sobre o mesmo. Neste sentido a intenção é classificar que tipo de informação é dada: se esta é resumida, se tem problematização ou não, se potencializa o estudo ou se simples é informativa.

No estágio atual de nossa pesquisa já fizemos a leitura de diversos marcos históricos: Descobrimento do Brasil, Independência, Inconfidência Mineira, Movimentos sociais no período regencial, Primeiro e Segundo Reinado, Golpe Militar de 1964, entre outros. Também fizemos buscas por figuras históricas tais como Tiradentes, D. Pedro I e II, Princesa Isabel, etc. Como se vê são temas relativos a questões políticas e relacionadas a nossa história mais “tradicional” e foram selecionados com intencionalidade e buscando perceber justamente como esses temas fundantes e já muito debatidos têm sido narrados nos sites.

Na análise da temática do Descobrimento do Brasil – que aliás foi nosso primeiro tema de pesquisa – pudemos perceber importantes questões sobre os modos de narrativa da nossa história. E uma dessas questões é o modo fragmentado pelo qual as narrativas são apresentadas na estrutura do site – algo que faz parte do design desses mas que pode deixar o conteúdo literalmente “solto” para aquele que lê. Afirmo isso pois quando lançamos o tema Descobrimento do Brasil foi possível encontrar diferente links para leitura: Pedro Alvares Cabral, Carta de Caminha, Tratado de Tordesilhas. Além disso cada um desses temas era discutido em texto geralmente curtos. Devo dizer que isso não se trata de uma estrutura comum aos sites mas sim de observação geral sobre eles. Não entrarei em questões especificas de cada um dos sites para respeitar os limites dessa proposta de comunicação! Fica assim uma questão para debates posteriores, se for de interesse dos que dialogam comigo!

Como exemplo do que falei sobre o modo de tematização do Descobrimento podemos analisar o texto apresentado no site “suapesquisa”:

O Descobrimento do Brasil ocorreu no dia 22 de abril de 1500. Nesta data as caravelas da esquadra portuguesa, comandada por Pedro Alvares Cabral, chegou ao litoral sul do atual estado da Bahia. Era um local onde havia um monte, que foi batizado de Monte Pascoal. No dia 24 de abril, dois dias após a chegada, ocorreu o primeiro contato entre os indígenas brasileiros que habitavam a região e os portugueses. De acordo com os relatos da Carta de Pero Vaz de Caminha foi um encontro pacífico e de estranhamento, em função da grande diferença cultural entre estes dois povos. (suapesquisa.com. Acesso em 18 de outubro de 2012)
           

Pelo exposto é possível perceber que o site faz apenas uma sequência de fatos em intenções, sem problematizações e que se trata portanto de um grande resumo onde o estudante apenas recebe o mínimo para saber quando aconteceu o fato e quem esteve envolvido. Reforço: não há problematização! Pelo contrário: temos sim a naturalização do fato sobretudo na expressão de que se tratou de um “encontro pacífico” entre povos diferentes que apenas se “estranharam”!

Outro tema investigado: a independência do Brasil. No site suapesquisa.com o tema aparece a partir de uma grande lista sobre temas da história brasileira e clicando se clica no item – Independência – somos levados a uma série de outros links que sugerem buscas mais especificas. São eles: História da Independência do Brasil, D. Pedro I, Grito do Ipiranga, 7 de setembro, História do Brasil Império, Dia da Independência, transformações políticas, econômicas e sociais, dependência da Inglaterra no Brasil. Nesta página encontramos o quadro Independência ou Morte de Pedro Américo como uma ilustração – não há maiores informações sobre o mesmo.
O texto que introduz o assunto é o seguinte:

A independência do Brasil é um dos fatos históricos mais importantes de nosso país, pois marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política. Muitas tentativas anteriores ocorreram e muitas pessoas morreram na luta por este ideal. Podemos citar o caso mais conhecido: Tiradentes. Foi executado pela coroa portuguesa por defender a liberdade de nosso país, durante o processo da Inconfidência Mineira. (www.suapesquisa.com/independencia. Acesso em 14 de abril de 2014)

Como podemos ler, a independência é apresentada como uma ruptura do domínico português e como o início imediato da autonomia no país. Não se faz -  como no exemplo anterior do Descobrimento – maiores problematizações sobre o tema e o que é apresentado é um resumo de eventos. Além disso, é feita uma alusão igualmente não problematizada a Inconfidência Mineira e aquele que é considerado o seu mártir, Tiradentes – que no texto aparece de certa forma, heroicizado por ser sido morto por defender a “liberdade do país”.

Neste site também encontramos outros exemplos de “personificação” dos feitos e das decisões políticas da história do país. Ainda na pesquisa sobre o fato histórico da independência localizamos tal tendência no link que faz referência a D. Pedro I. Vejamos alguns textos:

Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I recebeu uma carta das cortes de Lisboa, exigindo seu retorno para Portugal. Há tempos os portugueses insistiam nesta ideia, pois pretendiam recolonizar o Brasil e a presença de P. Pedro impedia este ideal. Porém, D. Pedro respondeu negativamente aos chamados de Portugal e proclamou “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”. (www.suapesquisa.com/independencia. Acesso em 14 de abril de 2014)

Após o Dia do Fico, D. Pedro tomou uma série de medidas que desagradaram a metrópole, pois preparavam caminho para a independência do Brasil. D. Pedro convocou uma Assembleia constituinte, organizou a Marinha de Guerra, obrigou as tropas de Portugal a voltarem para o reino. (...) Além disso, o futuro imperador do Brasil conclamava o povo a lutar pela independência. (www.suapesquisa.com/independencia. Acesso em 14 de abril de 2014)


Tais narrativas, como podemos ler, apresenta os atos políticos e administrativos como iniciativas de D. Pedro e o faz portanto protagonista do processo de independência, glorificando-o como herói dessa história. Esta abordagem fica ainda mais evidente quando acessamos o link da biografia do imperador que diz:

Desde criança apresentou forte espirito de liderança. Quando, aos 22 anos, assumiu o governo brasileiro na condição de príncipe regente, agiu como brasileiro visando os interesses do nosso povo. Também por este motivo, decidiu ficar no Brasil quando a corte portuguesa o chamou de volta a Portugal. Nessa ocasião, conhecida como Dia do Fico (9 de janeiro de 1822), ele demonstrou ter grande amor pelo Brasil, levando-o a proclamar nossa independência em 7 de setembro de 1822. (www.suapesquisa.com/independencia.  Acesso em 14 de abril de 2014)


Esta tendência à heroicização, bem como os realces aos atos de bravura e amor de tais “heróis” têm sido sistematicamente problematizada na área de ensino de história pois como se sabe, buscamos outros caminhos para trabalhar as figuras públicas relacionadas aos fatos históricos, bem como buscamos inserir outros personagens em tais estudos. Contudo ao perceber nos sites tais narrativas notamos que é necessário enfatizar cada vez a problematização dessa história criada a partir dos feitos dos grandes heróis.

Considerações para o debate
Encerrando este texto, mas projetando os futuros debates sobre ele no simpósio, opto aqui por não fazer considerações finais, mas sim em projetar questões para discussão.

Uma das constatações de nossa pesquisa está no fato de que os sites trazem, em sua maioria, textos que pouco diferem daqueles publicados em manuais didáticos tidos como “conteúdistas”. Aliás, muitos deles se assemelham a grande enciclopédias digitais. Enfatizo que nem todos fazem tal escolha mas a característica é mesmo muito presente nos sites. Assim penso ser muito importante refletir sobre as maneiras como tais narrativas são apresentadas aos navegadores-estudantes para que sabendo que este o acesso a tais textos possamos fazer o uso dos mesmo, contudo com problematização!

Nesse sentido, cabe retornar ao conceito de cultura histórica de Jörn Rüsen entendendo que o mesmo é extremamente relevante para pensarmos os processos de educação histórica nos quais nossos estudantes estão inseridos. No entender do teórico alemão, a cultura histórica é parte essencial do aprendizado histórico e como tal precisa ser compreendida, bem como precisa mediar o processo de aprender. De acordo com ele, “A expressão ‘cultura histórica’ articula sistematicamente o aspecto cognitivo da elaboração da memória histórica, cultivado pela ciência, com o aspecto político e estético dessa mesma elaboração” (RÜSEN, 2007). Buscando a compreensão de tal conceito e relacionando-o como as formas de aprendizado podemos inferir que os sites de pesquisa escolar fazem parte desse processo de formação e elaboração histórica sobre o qual o citado autor dedica. E nesse sentido justamente encontramos espaço para reflexão. Afinal: como essas narrativas podem estar presentes no processo de aprendizado histórico dos estudantes? Como mobilizar tais narrativas e lhe dar um sentido histórico para além das datas e dos heróis? Considero muito significativo que professores e professoras de histórica articulem este conhecimento “acessado” por seus estudantes. Assim fica a proposta para pensarmos e projetarmos:  que usos podem ser feitos dos sites de pesquisa escolar? Como propor interações dos estudantes com esses textos?

Como dito no início deste texto, navegar pela internet e utilizá-la para as atividades escolares são realidades postas em nosso tempo, assim os sites analisados aqui são referências para nossos estudantes. Se percebemos isso e entendemos que eles passam a compor o arsenal de saberes dos estudantes não podemos negar sua atuação no processo de aprendizado. Pelo contrário, repito: cabe como nunca, indagar que tipo de informação está sendo colocada em evidência! Lançando o espaço para o debate e a proposição retomo uma reflexão conhecida de Rüsen e que tem muito sentido para os envolvidos nesse projeto:

Somente quando a história deixar de ser aprendida como a mera absorção de blocos de conhecimentos positivos, e surgir diretamente da elaboração de respostas e perguntas que se façam ao acervo de conhecimentos acumulados, é que poderá ela ser apropriada produtivamente pelo aprendizado e se tornar fator de determinação da vida prática humana” (RÜSEN, 2010. P.44)


Referências
BERGMANN, Klauss. A História na reflexão didática. Dossie História em quadro-negro: escola, ensino e aprendizagem. Revista Brasileira de História. São Paulo: vol. 9, no. 19, p. 29-42.
CHARTIER, Roger. A história na era digital. In: A história ou a leitura do tempo. 2ª ed. Autêntica: Belo Horizonte, 2010. P. 59-68
RÜSEN, Jörn. Que és la cultura histórica?: reflexiones sobre una nueva manera de abordar la historia. Tradução de F. Sanchez Costa e Ib Schumacher. Disponível em: 
RÜSEN, Jörn. História Viva: Teoria da História III: formas e funções do conhecimento histórico. Brasilia: UNB, 2007.
RÜSEN, Jörn. Aprendizado histórico. In: Jörn Rüsen e o ensino de História. Curitiba: UFPR; Braga:  Uminho, 2010.


39 comentários:

  1. Prezados ,
    Entendendo ser o tema desta comunicação extremamente relevante por constatar a textualidade fragmentada, vazia, superficial, quase jornalística, com que os temas históricos são apresentados aos alunos -internautas nos sites de ensino de História,gostaria de contribuir perguntando, até que ponto temos professores atentos e engajados com a problematização dos conteúdos levados aos alunos, em suas salas de aula,estimulando consultas a fontes diversificadas em suas pesquisas,para a elaboração de um estudo comparativo das mesmas, construindo à partir desses resultados , um entendimento melhor contextualizado das temporalidades,momentos os ou personagens históricos estudados?Obrigada, Denise Maria C. G. Porto

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    1. Denise, acredito que temos muitos professores que buscam diversificar em suas propostas de pesquisas e nesse sentido estimulam muito os estudantes para outros entendimentos a respeito dos documentos, temporalidades, personagens, etc. Mas sempre é possível aumentar o envolvimento nesse tipo de trabalho pois ele é fundamental para o aprendizado. Então, concordo com vc....precisamos de mais professores atentos a esta questão!

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  2. ees sites pesquisados não servem para pesquisa escolar??? mesmo que não tenha uma criticidade em relação a teoria da historia.

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    1. Acredito que servem sim...mas não como única proposta do aprendizado. Como todo texto precisa de problematização para um aprofundamento das questões. Meu entendimento é que podemos usar os textos como narrativas iniciais do processo de aprendizagem que será desenvolvido a partir das analises feitas por professores e estudantes.

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  3. Fabiano Santos de Sousa11 de maio de 2015 às 06:28

    Hoje com essa geração que já nasce antenada com as mídias digitais, fica muito fácil tal proposta, curricular, mas na minha opinião isso prejudica um pouco a questão da reflexão, pois quando acessamos um site, o que vemos são respostas prontas o que, no que por um lado é bom o aluno ja tem um texto pronto, o que não impede em nada de apenas copiar e se basear no que esta dito, como levar ao aluno a fazer uma reflexão maior acerca do conteúdo explanado.
    Att
    Fabiano Santos de Sousa

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  4. O que seria melhor para nossos alunos em relação a pesquisa de ensino de história uma boa enciclopédia para a leitura, ou um saíte que facilitaria a pesquisa ?E qual na sua opinião os alunos se sentiria mais a vontade ?Porque? melania presa da silva

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    1. Não penso que um texto seja melhor que o outro...livros, enciclopédias, sites, etc. O suporte digital facilita muito a pesquisa e talvez nesse tipo de estrutura os estudantes se sintam "mais a vontade" pela facilidade, costume de uso. Hoje não vejo mais estudantes pesquisando em "barsas", por exemplo. Assim para pensar qual o melhor para o estudo eu teria que dizer que é fazer boas perguntas e propostas desafiadores aos estudantes para daí partir para a pesquisa, seja em livros ou sites. Depois com as respostas trazidas por eles é desenvolver o trabalho de reflexão!

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  5. O que seria melhor para nossos alunos em relação a pesquisa de ensino de História, uma boa enciclopédia para a leitura ou site que facilitaria a pesquisa? e qual na sua opinião os alunos se sentiria mais a vontade? Porque Melânia Presa da Silva

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  6. o que seria melhor para o nossos alunos em relação a pesquisa no ensino da historia, uma boa enciclopédia para a leitura ou um site que facilitaria a pesquisa? e qual na sua opinião os alunos se sentiria mais a vontade? e porque ? Melânia Presa da silva

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  7. Ao trabalhar a pesquisa em sala de aula o professor poderia propor a pesquisa nos sites e em livros e fazer os alunos confrontarem as informações. Esse debate seria válido para o ensino aprendizagem no seu ponto de vista?

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    1. Com certeza seria válida, e muito! As narrativas de livros, sites, revistas servem como ponto de partida para a discussão. A partir deles existem muitos caminho e os professores podem e devem, no meu entendimento provocar tais comparações para que os estudantes possam perceber as diferenças, as intenções nos textos.

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  8. Ao trabalhar a pesquisa em sala de aula o professor poderia propor a pesquisa nos sites e em livros e fazer os alunos confrontarem as informações. Esse debate seria válido para o ensino aprendizagem no seu ponto de vista? Noeli.

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  9. Em relação a Pesquisa no ensino de Historia como incentivar o aluno a fazer Leitura e Buscas em livro?como fazer pra que ele volte a ter interesse nesses materiais e não apenas na internet?
    Marilys Iris de Almeida

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    1. Não sei se tenho uma resposta para essa pergunta pois a questão é muito complexa e envolve mesmo o processo de formação de um leitor. Apenas para dar um caminho, penso que tudo reside na construção de propostas a longo prazo e em conjunto. Os estudantes precisam se estimular a buscar outros suportes de leitura e estudo em diferentes disciplinas e em diferentes momento do processo escolar.

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  12. EDNA RIBEIRO BELINE11 de maio de 2015 às 19:31

    No Ensino de História, é possível observar que as tecnologias oferecem várias possibilidades de trabalho tanto para o aluno quanto para o professor. Os sites de pesquisa são exemplos de um trabalho diferenciado. Além desses sites analisado por vocês (pesquisadores), quais outros sites de pesquisa podem ser confrontados, quanto a veracidade do conteúdo? E como o professor pode proceder na análise do conteúdo desses sites de pesquisa?

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  13. "navegar pela internet e utilizá-la para as atividades escolares são realidades postas em nosso tempo". Preocupa-me o "copiar/colar" sem interagir com a história, sem se quer ler o conteúdo. Quando antigamente tomávamos uma enciclopédia para pesquisa, precisávamos no mínimo ler o que se copiava. trabalha-se a melhor forma de conscientizar discentes, de forma a aproveitarem a facilidade de cópia, mas também a preocupação em assimilar o conteúdo?

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    1. Gisele, penso que tanto a copia da enciclopédia quanto o copiar/colar são ineficazes para o aprendizado...mas do que "assimilar" o conteudo, os estudantes precisam refletir sobre o que estão estudando e isso pode ser feito de diferentes modos, incentivados pelas ações discente no debate/processo de ensino/aprendizagem.

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  14. Tenho uma grande preocupação pelo uso destes sites de pesquisa na internet. Pergunto a pesquisadora se não seria possível haver uma seleção, feita por professores, para a indicação de determinados sites de pesquisa.
    Alguns sites além de facilitar a vida do aluno, prestam um desserviço, com informações incompletas e mesmo erradas.

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    1. Acredito que os professores podem sim dar alguns endereços de sites para os seus estudantes buscarem informações mas também é preciso deixar espaço para que esses busquem outros sites e daí seja feito um debate sobre eles e os dados que apresentam, afinal o estudante precisa aprender a buscar também.

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  15. Acredito que um fator relevante para considerar-se nesse caso, é atual conjuntura social em que nossos estudantes estão inseridos. Um desafio que nos é posto saber lidar com essa nova realidade, pois dado o avanço da influência da internet em nossas vidas, aqueles que insistirem e resistirem a essa nova forma de se chegar ao conhecimento, no mínimo terá grandes dificuldades em lidar com as novas gerações. O processo de aprimoramento das formas de pesquisa está evoluindo. Não podemos ficar estagnados, ao mesmo tempo que também não podemos nos submeter.

    Ótima iniciativa da pesquisa, visto que é um problema que perpassa as diversas áreas do conhecimento!

    André Luiz Sales de Souza
    Bacharel em Humanidades - Universidade Federal da Bahia
    Graduando em Direito – Pontifícia Universidade Católica de Goiás
    assouza1990@gmail.com

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  16. Boa tarde Professora Nucia! Gostaria de saber sua opinião sobre os Blogs de diversos professores que trabalham as temáticas históricas, tais como, http://www.historiadigital.org/ ou https://historiablog.wordpress.com/? Obrigado pela atenção e sucesso!

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    1. Oi Anselmo, gosto muito da ideia dos blogs docentes porque trazem experiência, material selecionado e usados pelos professores, além de ser um ótimo espaço para debate entre estudantes e professores e entre colegas de profissão. Muitas vezes, no mundo real as trocas acabam ficam para outro dia, não é? Mas o blog pode ser um ponto de partida para outras interações e para a formação de redes de apoio entre os professores.

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  17. presados,
    Já penso um pouco diferente, se o professor não tiver total domínio sobre a informática, os alunos podem é perder o interesse pela aula....

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  18. Não seria papel do educador mediar o conhecimento apreendido pelo aluno, nos conteúdos dos sites, e o conhecimento reflexivo que o aluno deve obter através das problematizações? Rubiamara

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    1. Sim Rubiamara...esse é também o nosso entendimento: os professores precisam participar como mediadores entre o que os alunos buscam no site e o aprendizado. Não se trata de negar a pesquisa virtual mas sim potencializa-la!

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  19. Como despertar o interesse do aluno pela leitura e estudo da história, se ele pode entrar em sites de pesquisas e apenas copiar e colar os conteúdos?
    Daniela Aparecida da Silva

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    1. Essa é uma questão complexa não é Daniela? Antes de qualquer coisa penso que precisamos ajudar a compreensão dos estudantes sobre o que é aprender...Penso que precisamos desafia-los...a responsta pronta não deve bastar e eles precisam aprender isso desde muito pequenos. E isso é uma conquista diária e a longo prazo.

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  20. Ola professora Nucia.Tudo bem?
    Li com muito interesse o seu texto e fiquei surpreso com as considerações positivas em relação aos sites pesquisados por vocês.
    Na universidade que estudo ,nos fazemos muito uso de sites de pesquisas.Somos orientados a fazer as pesquisas e em sala de aula ,confrontamos as pesquisas por meio de perguntas feitas pelo professor.Entao se faz um arremat e final,filtrando se as informações e construindo os argumentos sobre o assunto estudado.

    Acredita que essa seja uma boa metodologia a ser usar com relação aos sites???

    Muitissimo obrigado pelo excelente texto.


    Wander Alexandre Araújo Miranda... Bauru-SP

    Wander

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    1. Wander, agradeço sua leitura atenta e gentil. Eu penso que hoje, nós professores não podemos abrir mão dos recursos que nossos estudantes trazem e gostam - esse é o caso dos sites de pesquisa. Eles não são o ideal de texto - nem sei se existe mesmo um texto ideial, não é? Então acredito que precisamo ver os melhores usos possíveis dos sites para usa-los em nossas aulas e ai propor o debate. Entre outras coisas importante também precisamos ajudar os estudantes a ler, selecionar e usar os textos que leem. Ab,

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  21. Olá professora Nucia.
    Gostei muito do texto, trata de um assunto que nós, estudantes de licenciatura recém-formados, nos deparamos e questionamos bastante. Talvez pela falta de experiência ainda em sala de aula, é uma grande preocupação conseguir fazer uma aula interessante (sair da mesmice das aulas tradicionais de história), usando os recursos mais modernos, que fazem parte do cotidiano desses alunos, e ao mesmo tempo com qualidade, levando em consideração que em casa, se eles tem duvidas, buscam logo nesses sites.
    Assim, acredito que um primeiro momento, temos que saber apresentar aos alunos como ler os conteúdos e como estudar história: questionando as fontes de conhecimento que tem em mãos. Isso acredito é um trabalho que tem que ser sempre desenvolvido em sala, pois assim os alunos vão aos poucos entendendo e internalizando essa prática.
    Outra forma é que nós professores também desenvolvamos ferramentas na internet, como um grupo ou página do facebook, ou um blog, para irmos, paralelamente à aula, publicando informações interessantes, principalmente relacionadas ao conteúdo em sala. Assim, essas ferramentas acabam sendo referência para a qualidade do conteúdo, e baseiam como verão os conteúdos desses outros sites. Que outras ferramentas/formas voce indica para conseguirmos utilizar essas ferramentas tecnologicas em nossas aulas, de forma qualitativa?
    Luiza Moretti

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  22. Concordo com a Daniela, infelizmente temos professores que ainda aceita trabalhos copiados da Internet sem que o aluno faça a menor reflexão, somente copia e cola, e nas Bibliotecas estão esquecidas, um espaço pouco usado em termos de pesquisas na escola, por isso continuo com a tese se o educador não tiver domínio em informática os alunos irão é perder o interesse que já é pouco pelas aulas, e levar tudo em brincadeira.
    Marlene Gomes de Oliveira

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  23. Juraci Alves Miranda14 de maio de 2015 às 11:25

    Gostei da forma que você conduziu o uso da internet na sala de aula como fonte de pesquisa. Concordo com você quando diz que: “...navegar pela internet e utilizá-la para as atividades escolares são realidades postas em nosso tempo...”. Acredito que a maioria dos professores tem buscado metodologias diferenciadas utilizando este recurso para o ensino de História.Porém nem sempre é possível utilizá-lo pois, encontramos alguns desafios para o uso desta ferramenta na sala de aula, dentre eles, a formação que os professores tem em relação ao uso da tecnologias, a péssima condição dos laboratórios de informática, o grande número de alunos em sala de aula. Apesar desses contratempos e contando com a sua experiencia após a elaboração deste trabalho, com que frequência você acha que o professor poderá utilizar esta metodologia de forma a contemplar os conteúdos propostos no decorrer do ano letivo?

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    1. Oi Juraci. Não penso que exista um minimo/maximo de vezes para esse uso dos sites, como não há para o livro dtidático, para outros recursos. Entendo que tudo vai depender muito do conteúdo, da turma e do que o/a professor/a deseja desenvolver.

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  24. A pesquisa escolar através dos sites é um outro modo de ocorrer aprendizagem para os jovens e desenvolver o pensamento desalienante por meio dos conteúdos de História dispostos, contudo na maioria das vezes, é a pesquisa pela pesquisa, cópia pela cópia, com tendência à heroicização, desprovida de problematização e opinião/reflexão do jovem leitor, ficando explícita a função informativa, “simplificatória”, “mais agradável” e “mais fácil”. Será que custa muito o professor preparar o aluno para a pesquisa, colocando as problematizações desejadas e pertinentes antecipadamente e discutindo pontos que gostaria de desmontar a sequência de fatos sem intenções? Prof. Cristina M. Barili Teixeira – Campo Mourão – PR.

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    1. Oi Cristina, não vamos colocar a culpa "apenas" nos professores...penso que a grande maioria trabalha para preparar os seus estudantes para as atividades, de pesquisa inclusive. Mas nossa cultura escolar construiu modelos de aprendizagem que muitas vezes não contribui para a autonomia reflexiva dos estudantes...entendo que precisamos avançar nisso e nesse sentido o investimento na formação docente é algo bastante importante. Se cada vez mais tivermos professores que entendem o processo de ensino e aprendizagem para além da memorização...daremos passos firmes em direção a mudanças nesses processo!

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  25. Rafael Moura Roberti15 de maio de 2015 às 06:18

    Os sites de busca nos trazem de volta o problema das fontes. Porque não utilizá-los? Não nos esqueçamos que por vezes são professores de história que editam o conteúdo do site Wikipédia e eu encontrei esse simpósio navegando no Google. Os historiadores já decapitaram o conceito de 'Verdade'. Tudo é fonte histórica porque tudo é história. Cabe ao professor saber trabalhar as fontes e mostrar aos alunos como usar toda e qualquer informação como ferramenta.

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  26. Vicente Moreira da Silva15 de maio de 2015 às 10:23

    Muito claras e objetivas as abordagens apresentadas nessa discussão. Considero importante destacar a relevância de alguns aspectos de que trata o texto: há de se fazer com que o aluno-leitor, o aluno-navegador tenha o acesso a sites que sejam de qualidade acadêmica, pois, como nos é apresentado nas discussões, tem que haver o cuidado com a disponibilidade desses conteúdos na internet, qual seja, quanto à qualidade e seriedade com a proposta (o que considero que deveria ser, regra geral). Como destacado, para além da narrativas históricas, tem que possibilitar a reflexão, colocando em evidência outras abordagens e outros sujeitos, esquecidos na História e não-relatados e lembrados em muito materiais didáticos, que não são on-line. Como via de regra e, considerando aí uma preocupação pedagógica e de formação de conceitos relevantes para o processo de aprendizagens, a questão de se possibilitar que as reflexões sejam vistas além da sequência de fatos, temporalidade histórica e entendimento de que a História foi construídas por heróis/mártires - concepção esta que permeou a formação de muitos professores, durante algum tempo e que hoje, em si, se não já superado, busca outras abordagens que dêem conta de atender a esse desafio. De tudo isso, enfatizo a necessidade de que haja uma postura não tão somente do aluno-navegador, mas que se entenda como um aluno-pesquisador. Penso que a partir desse entendimento, estaremos caminhando para a superação de alguns fatores apresentados nessa proposta de discussão.

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