Rodrigo Scama

CONSCIÊNCIA HISTÓRICA, NARRATIVA HISTÓRICA E ENSINO
 Rodrigo Otávio dos Santos
[Rodrigo Scama]
OPET


O presente artigo pretende ser uma breve introdução a alguns conceitos formulados por Jörn Rüsen e demais pesquisadores que de alguma forma se debruçaram sobre a questão da História em nosso cotidiano. Esperamos que este texto não seja usado apenas por pesquisadores e historiadores, mas também por entusiastas leigos da história e também aqueles que jamais se interessaram em pesquisar o tema. Tentamos dissertar, de forma deveras branda, sobre dois conceitos apresentados por Rüsen e Koselleck e que são caros aos historiadores. Estes conceitos, porém, serão apresentados de forma simples, para que não se restrinja apenas ao círculo de historiadores e que, esperamos, possam se utilizar deste artigo alunos em seus primeiros meses de academia, tentando elucidar e explicar de forma tranquila consciência histórica e narrativa. Ao final do texto, tentaremos mostrar como ambas formulações ajudam no desenvolvimento do professor e, principalmente, no entendimento do aluno em sala de aula acerca da história e do mundo que o rodeia.

Consciência Histórica

Afinal, qual é a razão de estudarmos história? Gostaríamos de começar com as ideias de Jörn Rüsen, pensador e historiador alemão. Sua principal contribuição para a teoria da História e mesmo para a pesquisa histórica é o conceito de “consciência histórica”. A partir deste conceito Rüsen define como e por que devemos estudar coisas que ocorreram no passado dos seres humanos. Qual a razão de estudarmos metodologicamente os feitos já acontecidos? Lembrando que sempre pode-se voltar ao passado por meio de memórias de pessoas conhecidas, relatos e até mesmo fofocas. Por que, então, estudar isso com o caráter de ciência?

Há, nos estudos de Rüsen, uma matriz conceitual que é primordial para o estudo da história e para a discussão da relação entre o saber histórico e a vida prática. Para o pensador alemão, não há como dissociar a História da vida prática. Quando este erro é cometido, descola-se a História do interesse dos indivíduos. Marc Bloch, notório historiador francês que foi fundador da escola dos Annales já informava que a História deveria ser, mais do que útil, divertida e motivadora. Do contrário, não restariam pesquisadores. A curiosidade deve estar sempre aflorada, e esta surge sempre relacionada a algo presente no cotidiano do pesquisador.

A matriz que Rüsen desenvolve procura entender a noção da consciência histórica, que é a forma como “utilizamos” a História para entendermos nosso mundo atual e tentamos forjar um melhor para o dia seguinte:




Pela matriz aqui posta, percebemos que há uma divisão clara entre a ciência especializada – que é feita por profissionais historiadores – e a vida prática – que é vivenciada por todas as pessoas, historiadoras ou não. Com esta divisão, Rüsen explicita que a história é uma ciência que escapa do “laboratório” ou dos entusiastas e afeta todos os homens em todos os tempos. A consciência histórica parece ser inerente, portanto, a todos os seres humanos.

A consciência histórica é um elemento chave na orientação individual, dando à vida prática uma matriz temporal, um marco, uma concepção da passagem do tempo, necessária e fundamental à vida, já que perpassa todos os assuntos na vida cotidiana. A ideia de Rüsen é uma operação intelectual para tentar apreender todo o contexto que o cerca, já que a História é um nexo significativo entre passado, presente e futuro, entre o ontem, o hoje e o amanhã. A partir da consciência histórica o “ser” e o “dever” humanos são misturados e adquirem significado. É com ela que forja-se a parte prática da História, que dirige os homens, que os move nesta ou naquela direção. A consciência histórica de Rüsen deve ser utilizada para aprender o passado, compreender o presente e tentar moldar o futuro.

A consciência histórica age para melhorar nosso modo de orientação em situações reais da vida presente e cotidiana. É por meio deste conceito que buscamos compreender o que aconteceu para entender o que está acontecendo neste momento e tentar modificar, melhorar, o que acontecerá daqui a instantes. Além disso, a face palpável da consciência histórica, que é a narrativa que nos fala Paul Ricoeur (e que veremos a seguir), tem o poder de ensinar os elementos básicos dos acontecimentos não apenas para o leitor, aquele que lê ou ouve a narração, mas também para o escritor, para o criador desta. O senso histórico como orientação espacial une o passado ao presente para que consigamos compreender o que está acontecendo no momento em que fazemos este exercício mental. Mas também implica na própria referência ao tempo futuro, já que pensamos nas nossas maneiras de atuar em relação àquilo que ainda não chegou, possivelmente facilitando as decisões vindouras.

Rüsen fala que “a história é o espelho da realidade passada, na qual o presente aponta para aprender algo sobre seu futuro” (RÜSEN, 2011 p. 56). A consciência histórica trata o passado como experiência, e a história tem uma função tão significativa que consegue abranger ao mesmo tempo presente, passado e futuro. A história, não nos enganemos, é uma tradução do passado. E como tradução, possui, além de um tradutor com nome e sobrenome, uma intenção, uma forma de olhar e abordar o passado com vistas sempre para o futuro.

Ao fazermos história, estamos traduzindo um passado com o olhar direcionado para a nossa própria vida e, mais do que isso, com o olhar direcionado para o nosso futuro. Nenhuma narrativa histórica – em verdade, nenhuma narrativa, de nenhuma forma – é isenta. Não existe historiador, matemático, bombeiro, médico ou qualquer tipo de profissional ou ser humano isento. Todos desejam um futuro melhor e mais auspicioso. Por isso mesmo a consciência histórica deve fazer o presente decifrável e conferir uma perspectiva de melhoria em relação ao futuro. Esta intencionalidade da ação é uma das principais funções da consciência histórica, já que ela proporciona uma direção temporal, uma orientação para intencionalmente guiar a ação. E esta orientação tem lugar em duas esferas da vida: a vida prática e a subjetividade interna dos atores.

A dimensão temporal da vida prática, cotidiana, é o aspecto externo da orientação histórica, já que se consegue perceber a atividade humana ao longo do tempo. Já o aspecto interno diz respeito à subjetividade humana, ou seja, a autocompreensão e conhecimento das características que acabam por formar a identidade histórica, ou, como diz Rüsen (2011, p. 58), “a consistência constitutiva das dimensões temporais da personalidade humana”.

Com isso, o homem consegue ampliar seu limite temporal para além da sua vida, além dos anos em que passa no planeta Terra e da sua própria mortalidade. Por meio da consciência histórica, o indivíduo faz parte de um todo maior do que sua própria vida.

Narrativa Histórica

A forma com a qual a História se apresenta ao seu “consumidor” é a narração. A consciência histórica se manifesta por meio do relato de uma história. Koselleck e Dosse explicam que a disciplina História pode ser encarada como uma sequência de fatos ao mesmo tempo que pode ser vista como a narrativa destes fatos. Ao mesmo tempo que a história é o que ocorreu, também é a forma como este acontecimento foi narrado. Apoiando-se em Bakhtin, podemos dizer que sempre há o dialogismo na escrita, assim, ao mesmo tempo que o historiador escreve, ele também está lendo e re-lendo suas fontes e estudos prévios, bem como o leitor, que também está, no momento da leitura, forjando conexões entre suas leituras prévias, seu contexto e seu cabedal anterior de informações e vivências. E, aumentando o conceito dialógico, podemos constatar, ainda apoiados em Bakhtin, que tanto escritor quanto leitor (sejam eles historiadores ou não) estão cerceados pela sociedade, que de certa forma coloca algumas imposições na leitura e na escrita, como já informou Foucault.

François Dosse diz que a narrativa é a medição, e que não pode haver transmissão de conteúdo sem a presença de um “objeto” mediador. Quem faz este papel mediador do tempo passado para o tempo presente almejando o tempo futuro é a narrativa, que faz a ponte entre o espaço de experiência e o horizonte de expectativas, que são duas categorias muito bem descritas por Reinhard Koselleck. Este autor diz que Espaço de Experiência e Horizonte de Expectativas são equivalentes ao Espaço e o Tempo, tamanha sua importância e sua cumplicidade. Não há espaço de experiência sem horizonte de expectativas e vice-versa.

A experiência é o passado atual, que o indivíduo consegue se lembrar e cujos acontecimentos foram incorporados. Nesta categoria mesclam-se tanto as elucubrações racionais, quanto os pensamentos inconscientes, que não estão efetivamente postos no conhecimento. Além disso, na experiência de cada ser humano, transmitida por instituições e gerações, sempre permanecem as experiências alheias, que constituem cabedal de conhecimento ao indivíduo.

Já a expectativa é – ao mesmo tempo – ligada à pessoa e ao interpessoal, mas com suas vistas apontadas para o futuro próximo, a expectativa do que se realiza no hoje, mas que de fato ainda não ocorreu e que pode apenas ser previsto. Por isso podemos, em conjunto com Koselleck, dizer que pertencem a esta categoria a esperança e o medo, a inquietude, a vontade e os desejos, mas também as análises racionais, a visão receptiva e a curiosidade.

Apoiados pela expectativa e pela experiência, pessoas escrevem, diariamente, suas histórias e histórias de outrem. A história é a narração de uma ação. Por isso podemos caracterizar a competência específica e essencial da consciência histórica como “competência narrativa”, ou seja, a capacidade de utilizar procedimentos que dão sentido ao passado, relacionando-o ao presente por meio da recordação do que já aconteceu. Com isso, dá-se sentido ao passado.

Para dar sentido ao passado, são necessárias, de acordo com Rüsen, três elementos da narrativa histórica: forma, conteúdo e função. Em relação ao conteúdo, podemos pensar em uma “competência para a experiência histórica”; em relação à forma, podemos falar de uma “competência para interpretação histórica”; e por último, em relação à função, uma “competência de orientação histórica”. Ou seja, experiência, interpretação e orientação.

A primeira parte, ou seja, a competência de experiência supõe uma capacidade de olhar as experiências temporais. Diz respeito a habilidade de olhar para o passado e resgatar sua qualidade temporal, mostrando-o diferente do presente. Na segunda parte, sobre a competência de interpretação, deve-se diminuir as diferenças de tempo entre presente e passado e também entre presente e futuro, almejando uma concepção de um todo temporal significativo que compreende todas as dimensões do tempo. A temporalidade da vida humana talvez seja o principal instrumento desta interpretação, que nada mais é do que a tradução de experiências da realidade passada a uma compreensão do presente e a expectativas em relação ao futuro. A terceira e última parte, ou seja, a competência de orientação, supõe ser capaz de fazer uso do todo temporal, com toda experiência adquirida com propósito de orientação da vida. Neste ponto é necessário guiar a ação por meio das noções de mudança temporal, fazendo a articulação entre o conhecimento histórico e a identidade humana, criando uma trama complexa do conhecimento histórico.

Consciência Histórica, Narrativa Histórica e Educação

Um dos pontos principais, enquanto professor de História, é fazer com que ambas as características vistas anteriormente acabem por se transformar em novas formas de enxergar o mundo, por parte dos alunos. Perceber o cotidiano que o cerca a levando em consideração a consciência histórica é algo deveras interessante tanto para o professor quanto, naturalmente, para o aluno.

A ideia da História enquanto ciência para chegar ao futuro é praticamente desconhecida de alunos no ensino médio e fundamental. Notadamente, quando o professor de História não se preocupa com as funções da sua disciplina, acaba por ter uma aula vista como modorrenta, chata ou pior: inútil.

Cabe ao professor, como informa Rüsen e Bloch, trazer para seus alunos uma História instigante, provocadora, que o faça refletir sobre seu futuro a partir do seu passado. Tentar fazer com que aqueles alunos percebam o passar do tempo enquanto processo no qual ele e sua comunidade fazem parte. Cabe ao docente instigar, motivar e mostrar aos alunos que a sua vida cotidiana influencia na História da “humanidade”, bem como a História até aqui vivida influenciou seu presente e influenciará seu futuro. Rüsen (2011 p.43) diz que “o aprendizado histórico pode, portanto, ser compreendido como um processo mental de construção de sentido sobre a experiência do tempo através da narrativa histórica”, e este processo mental deve ser capitaneado pelo professor durante todo o processo de ensino da disciplina. É este processo – e até mesmo sua explicitação – que deixam a aula instigante.

O processo da narrativa também ajudará o processor a transformar esta disciplina em algo interessante para o aluno. Afinal, a própria narrativa pode ser vista como aprendizado, já que com ela o aluno pode vir a perceber que a História é um fator de orientação cultural da vida prática humana, como já apontava Rüsen. Encontrar e “dar um nó” nas narrativas do passado, do presente e do futuro é o que gera a identificação do aluno com a disciplina, e o que faz com que esta deixe de ser enfadonha e passe a ser admirada, estudada e, principalmente, compreendida.

Ao promover e explicitar a consciência histórica nos alunos, o professor está possivelmente gerando cidadãos mais conscientes, e ao utilizar-se da narrativa para ambientar e fomentar o lugar no mundo de cada aluno, o professor está criando cidadãos críticos. E, a partir da consciência e da crítica, conseguimos promover reais mudanças, possivelmente alterando o status quo e as possibilidades de melhoria da sociedade vigente.

Bibliografia

BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
RÜSEN, Jörn. Jörn Rüsen e o ensino de História. Curitiba: Editora da UFPR, 2011.
RÜSEN, Jörn. Reconstrução do passado. Brasília: Editora da UNB, 2010.
RÜSEN, Jörn. Razão Histórica. Brasília: Editora da UNB, 2010.


21 comentários:

  1. Caro professor,
    Rodrigo Scama

    A grande ocorrência da consciência histórica é perspectivar futuro. Como você afirma os alunos da Educação Básica não compreende esse fenômeno, eles não imaginam e nem tem a ideia que para construir ou ter uma expectativa futura é preciso ir ao passado. Acrescento que essa informação ainda não é do toda dada a conhecer também por nós profissionais que lidamos com essas crianças e jovens em idade escolar (sem querer tornar a consciência histórica utilitária, ou como solução para todos os problemas do ensino de história). Neste sentido, acho que estamos ajudando a construir uma consciência histórica sem usufruir ao máximo de suas possibilidades, como elas são apresentadas categoricamente por Jörn Rüsen (tradicional, exemplar, crítica e genética).
    Qual caminho escolher para tornar a consciência histórica o objeto do ensino de história? Quais caminhos devem ser percorridos para que os alunos desenvolvam a sua consciência histórica de forma mais elaborada (além da narrativa)?

    Cristina Maria Pereira Martins Pina

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    1. Oi Cristina, tudo bom?
      Primeiro, obrigado pela leitura atenta do texto e pela excelente pergunta.
      Acho que a forma mais simples (sem ser simplista) de mostrar para os alunos (pessoas) mais jovens a consciência histórica é começar pela história familiar.
      Assim, você, enquanto professora, consegue fazer o menino/a perceber que o pai dele é fruto do avô, ou seja, que no passado o pai dele foi uma criança como ele, e o avô era como o pai dele. Assim, volta-se ao passado para compreender o encadeamento das coisas. Logo depois, você pergunta/afirma para o aluno que ele também será pai um dia. E que o pai dele será um avô. Essa é a forma mais básica (a hereditariedade) de consciência histórica.
      Depois disso, você pode usar a consciência histórica como norte para tudo, ou seja, "pessoal, vamos ver por que tal coisa aconteceu." e depois "E agora? Como vocês acham que vai ser quando vocês forem adultos?" Assim você vai cultivando não apenas a consciência histórica como também a visão de mundo da garotada. Sempre que possível, partir da experiência deles para depois mostrar o externo. Acredito que fica mais simples assim.

      Espero que tenha respondido. Mas se você ficou com alguma dúvida, pode perguntar de novo ;-)

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    2. Caro professor,
      Rodrigo Scama

      Obrigada pela atenção e gentileza em responder as minhas perguntas. De fato sua resposta foi muito esclarecedora. Tenho a certeza que vou a partir de agora me preocupar de forma mais especifica com a consciência histórica dos meus alunos. Desejo a você sucesso em suas pesquisas.

      Cristina Maria Pereira Martins Pina

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  2. Olá Rodrigo, meu nome é Alexandre Silva da Silva, pesquiso sobre metodologia de ensino de História. A principio parabéns pelo texto. O questionamento que tenho é o seguinte, quando refletimos sobre os processos de desenvolvimento da CONSCIÊNCIA HISTÓRICA e sua gradual complexificação, entendo por meio de algumas leituras prévias que, os discentes em sua maioria tem dificuldades em desenvolver características funcionais, de interdependência e ressignificações dos "elementos" nos sistemas. De acordo com suas reflexões, qual a influência da fragmentação do saber (Educação), para o desenvolvimento da CONSCIÊNCIA HISTÓRICA.
    Muito Obrigado.

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    1. OI Alexandre, tudo bom?
      Respondendo (ou tentando) a sua questão, eu acredito que a fragmentação do poder fez (e ainda faz) muito mal para a compreensão do todo, da universalidade da própria vida. Nos parece óbvio que o mundo é um só, e para sobreviver é necessário ter conhecimento sobre diversas áreas do conhecimento. Não se pode saber história sem saber geografia, e não se pode saber geografia sem saber matemática e nenhuma dessas consegue chegar a algum lugar sem o conhecimento da linguagem.
      Porém, de alguma forma as pessoas têm que aprender, e a compartimentalização das disciplinas foi uma saída. Não podemos nos esquecer que esta compartimentalização vem na rasteira da invenção das fábricas, e a noção de "dividir para fazer o todo" parecia acertada na época.
      O problema é que vivemos em uma sociedade pós-industrial com um ensino ainda industrial (com sirene para entrar, cadeiras em fila indiana e tablado para indicar quem é o chefe).
      Assim, acho que a consciência histórica é muito perdida porque os demais professores (não os de história), não têm uma noção exata acerca disso, e sinceramente, pouco se importam. Afinal, como diz um grande professor de matemática: "a matemática nunca muda". O que é deveras falacioso, mas enfim, é a forma como enxergam. Ou seja, a compartimentalização do ensino prejudicou em muito a noção de consciência histórica nos nossos alunos.

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    2. Muito Obrigado pela atenção, só esclarecendo entendo o contexto do qual a fragmentação surge e concordo com sua reflexão. Acredito que seja nessessário a delimitação de grupos e escalas, no entanto sempre buscando promover a reflexão sobre qual a funcionalidade da dita parte no todo. Mais uma vez obrigado pela atenção.

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  3. Olá professor Rodrigo, bela discussão.
    Geralmente, quando realizo leituras sobre a História na sala de aula, observo que muitos autores costumam apontar o conhecimento histórico na sala de aula como distinto do saber produzido pela academia. Em certa medida compreendo que de fato um diferenciação, considerando que temos que didatizar o conhecimento, nos apropriar de linguagens que permitam ou estimulem a crítica e relações de ensino mais prazerosas para o aluno. Você considera que a atividade da utilização de linguagens como: cinema, teatro, literatura etc, podem comprometer o desenvolvimento da consciência histórica dos alunos da escola básica, já que muitos apontam que em certa medida podem simplificar e até deturpar o conhecimento histórico academicamente produzido?
    Jannaiara Barros Cavalcante

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    1. OI Jannaiara, tudo bom?
      Eu sou um dos maiores adeptos do uso de outras linguagens em sala de aula. No meu ponto de vista, todas as linguagens (cinema, teatro, quadrinhos etc) se apropriam da História e então contam sua visão. Mas qual linguagem não o faz? A própria escrita da História está cheia de apropriações e até mesmo de equívocos.
      O que não se pode fazer é passar um filme na sala de aula sem discuti-lo. Nesse caso o professor presta um desserviço. Mas um filme bem contextualizado, explicando para os alunos que esta é a visão contemporânea de uma coisa antiga é mais do que bem vinda.

      Muito obrigado pela pergunta e um abraço!

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  4. Professor,

    Vejo também paralelo ao Ensino de História, as ações que a Educação Patrimonial pode apresentar como mediadora desse despertar da "consciência histórica", tendo em vista que ela trabalha com três elementos que são pilares nesse desenvolvimento "memória, identidade e cidadania". Embora a passos miúdos, consigo visualizar uma transformação na sala de aula, principalmente com o apoio da História Oral, que tem dado suporte na relação de aproximação da História Ensinada com a realidade do aluno, as suas experiências, as suas memórias.
    Seu texto é bastante claro, didático, gostei muito da leitura!

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  5. Boa tarde,Rodrigo.Tudo bem?

    Excelente texto,muito ,muito,muito educativo.
    Devo dizer que aprendi muito ,pois apenas estou iniciando meus estudos de Historia.Sou aluno do 1 ano de Historia na cidade de Bauru-SP.
    Estou gostando muito,mas ainda não conheço os importantes autores e historiadores formadores de opinião nesta tão importante ciência,como o caso do citado Rusen .(já encomendei os livros dele e irei ler).

    Seu texto me fez refletir:
    A ligação entre passado e presente faz sentido para mim (reafirmo que meus conhecimentos ainda são limitados),mas fazer ligação com o futuro seria possível?
    Seria o caso de se faz uma possível interpretação do futuro tendo como base os fatos históricos envolvidos?Uma forma de predizer o futuro?

    Espero estar sendo coerente e ter entendido o texto.Poderia auxiliar-me?

    Muito obrigado.Irei reler seu instrutivo texto muitas vezes.
    Grato,

    Wander Alexandre Araujo Miranda . Baru-SP

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    1. Oi Wander, tudo bom?
      Primeiramente, parabéns pelo empenho. É muito bom ver o entusiasmo dos calouros!
      A questão do futuro, é que toda interpretação que é focada no passado (ou mesmo no fugaz presente) é inútil. Porque o presente já é passado quando pensei nele, e o passado é imutável.
      O que podemos mudar então? O futuro. Assim, o conhecimento histórico ajuda a melhorar o futuro. A moldá-lo com mais coerência, competência e conhecimento.

      Entendeu?
      Se não entendeu, pode perguntar de novo que eu tento esclarecer mais!

      abraços

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  6. hoje a curiosidade do aluno vai alem do aprendizado do pro professor o que fazer para suprir essa curiosidade?
    Maria Aparecida Rodrigues Terra

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    1. OI Maria, tudo bom?
      Eu acho que quanto mais curiosidade melhor. Acho também que os professores tem mais é que estimular esta curiosidade. Fazer o aluno sentir vontade, gosto pela história. E deixar claro para ele que o professor não é o dono do saber, e que há muito mais a ser explorado fora da sala de aula! E o que ele encontrar de legal, de estimulante, que traga para a aula, que compartilhe com os colegas. Daí nós, professores, damos um nó e fechamos a questão em conjunto com os alunos.

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  7. todos desejam um futuro melhor como fazer então para que nossas origem não ficam esquecidas?
    Mera Lucia Braga

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  8. como desassociar a história da vida pratica se ela está tão distorcida ?
    Belarmina Ribeiro de Sousa

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    1. Oi Belarmina, tudo bom?
      Não devemos dissociar a vida prática da história não! A vida prática É história!! Obviamente a história não é apenas a vida prática, mas também é ela. Tudo tem história, e tudo é história, como já dizia Marc Bloch. Não dissocie não. Tente fazer os alunos entenderem que eles estão - dia a dia - fazendo história. Vai ser bem legal!

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  9. olá Roddrigo,
    Seu tema é muito interessante, e me chamou atenção.
    A consciência Histórica leva o individuo a se reconhecer na sua própria história e a se tornar personagem dela, e assim poder construir o seu futuro.
    Rusen fala que " a história é o espelho da realidade passada, na qual o presente aponta para aprender algo sobre o futuro".
    assim é preciso desenvolver essa consciência desde de muito cedo! qual seria a melhor idade para se trabalhar esse conceito?
    sabe-se que a educação infantil e o ensino fundamental 1 trabalha muito diretamente com a história familiar da criança, como esses professores poderiam direcionar o seu trabalho para dar inicio no desenvolvimento dessa consciência?
    Muito obrigado!
    Sidneia de Oliveira Trivillin

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    1. Oi Sidneia.
      Acho que desde cedo a história pode acompanhar o aluno. Mesmo com 2, 3 aninhos, as primeiras noções básicas de presente/passado/futuro já podem ser dadas. Naturalmente ele não vai conseguir compreender o encadeamento das coisas ainda, mas já vai ficando na cabecinha da criança.
      Acredito que a noção de "o hoje é apenas o amanhã de ontem" deve ser dada quando já há uma maturidade um pouco maior, e principalmente depois que eles já estão alfabetizados, porque daí eles podem pegar mais informações e debatê-las com um pouco mais de profundidade. Mas as noções básicas podem ser dadas quando são bem novinhos. E a melhor forma é mesmo a família.
      Como eu respondi para a Cristina, Assim, você, enquanto professora, consegue fazer o menino/a perceber que o pai dele é fruto do avô, ou seja, que no passado o pai dele foi uma criança como ele, e o avô era como o pai dele. Assim, volta-se ao passado para compreender o encadeamento das coisas. Logo depois, você pergunta/afirma para o aluno que ele também será pai um dia. E que o pai dele será um avô. Essa é a forma mais básica (a hereditariedade) de consciência histórica.
      abraços

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  10. Valter Guimarães Soares14 de maio de 2015 às 13:50

    Caro Rodrigo,
    O tema proposto é a um só tempo instigante e necessário. Tenho me familiarizado com as leituras sobe a didática da história e considero que ela, a didática, é uma possibilidade de se projetar uma finalidade para a história, em especial na parte que toca ao ensino na educação básica. De certa maneira, fui desenvolvendo, seja a partir do Bloch, seja da Déa Fenelon, a ideia-força de que a história escolar deve se prestar à orientação para a vida cotidiana, ou para a vida prática. Todavia, tenho encontrado poucas discussões acerca do currículo praticado nas escolas, sobre a seleção e organização de conteúdos. Nas suas "prescrições" da parte final do texto, você deixa alguns indícios de que trabalhar reelaborações da consciência histórica (reelaboração porque todos os sujeitos são dotados de) implica em recortes de conteúdos (ou temáticas), ênfase, talvez, à dimensão temporal presente, atenção às experiências dos sujeitos envolvidos no processo educativo, e assim por diante. Gostaria que discutisse um pouco mais isso, a partir da seguinte pergunta: do ponto de vista de uma didática da história não seria a História Temática (através de temas) a forma mais adequada ou produtiva de recortar e organizar conteúdos para a história escolar?

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  11. Rafael Moura Roberti15 de maio de 2015 às 06:37

    Parabéns pelo trabalho, a narrativa histórica não é história narrativa. Obrigado por nos lembrar disso

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