Zuleide Maria Matulle

OBJETOS ANTIGOS NO ENSINO DE HISTÓRIA: CONTRIBUIÇÕES PARA FORMAÇÃO DO PENSAMENTO HISTÓRICO DOS ESTUDANTES
Zuleide Maria Matulle
UNESPAR


O presente texto é uma reflexão sobre o ensino de História a partir das discussões sobre Educação História, corrente que se propõem a entender como ocorre o desenvolvimento do pensamento histórico e a formação da consciência histórica de crianças e jovens. Para tanto, nos orientamos através das investigações realizadas pelos cursos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná, relacionados ao LAPEDUH, Laboratório de Investigação em Educação Histórica, que investiga as ideias históricas de crianças e jovens. Nessa linha de raciocínio sobre o ensino de História vemos a necessidade de realizar uma intervenção adequada, utilizando-se de fontes históricas, da análise e produção de narrativas históricas, “[...] tendo como objetivo uma progressão do saber histórico nos jovens e nas crianças, à luz do conhecimento científico e articulado as necessidades de compreensão da realidade social” (SCHMIDT; BARCA, 2009, p. 12).
     
Em contato com materiais construídos pelas pesquisadoras dessa corrente como, por exemplo, Maria Auxiliadora Schmidt, Isabel Barca e Marlene Cainelli, percebemos que o ensino de História não pode ser desvinculado da teoria da História. É primordial que os estudantes compreendam como o conhecimento do passado chega até nós. Eles precisam ter uma noção dos métodos, dos procedimentos que o historiador utiliza para produzir o conhecimento histórico. Esses autores apontam a necessidade de se trabalhar no sentido de ajudar nossos estudantes a pensarem o mundo historicamente. Quer dizer, entender um mundo plural, além de si e de seu tempo, bem como o entendimento de que a História não está pronta, ela é produzida, aperfeiçoada, reformulada constantemente com base em evidências históricas e métodos específicos.    

No cotidiano da sala de aula verificamos que é comum os estudantes do Ensino Fundamental terem dificuldades em compreender, por exemplo, como o passado chega até nós, como se dá a escrita da História. Acredito que ainda estejamos sofrendo com os resquícios de um ensino linear dos acontecimentos, de uma visão eurocêntrica da história, da informação ao invés do conhecimento, e principalmente, da ideia de que o conhecimento do passado é algo fixo - que não muda nunca. A história, muitas vezes, é ensinada e entendida pelos estudantes como um evento estanque e distante do sujeito que aprende, sendo que o que precisa ser considerado é a noção de processo, de múltiplas interpretações. É importante destacar que professores e estudantes discutem uma história “polida”, uma história que é produzida pelos historiadores, o passado não muda, mas o conhecimento sobre o passado é alterado constantemente.

Para um ensino que favoreça o pensamento histórico dos estudantes é necessário fugir das simplificações. Analisando o desenvolvimento do pensamento histórico dos estudantes Marlene Cainelli, por exemplo, argumenta sobre a “[...] existência de uma cognição histórica que seria a possibilidade de a criança ser capaz de desenvolver raciocínios de forma elaborada, no momento em que são criadas condições de aprendizagem significativas, em relação com suas vivências prévias” (CAINELLI, 2008, p. 99). Assim, entendemos que é importante criar situações significativas de aprendizagem aos nossos estudantes, situações desafiadoras que contribuam para o desenvolvimento do pensar historicamente, ao invés da quantidade de informações soltas, muitas vezes sem sentido.

Assim, resolvemos pensar sobre a utilização de objetos antigos como instrumentos para contribuir com o desenvolvimento do pensamento histórico dos estudantes do ensino Fundamental. Nossa proposta é estabelecer um diálogo sobre a necessidade de oportunizar aos estudantes experiências que relacionem o passado e o presente, que possibilitem novas leituras sobre o passado, leituras plurais. Mais que isso, que sirvam para orientar a vida prática, como destaca Rüsen (2001), quando explica que a História tem uma função didática, ou seja, ela deve orientar a vida prática, ajudar os sujeitos a se relacionar com o passado de forma a dar sentido as suas vidas no presente e perspectivar o futuro.  

É nosso objetivo pensar: de que forma podemos contribuir para que o estudante aprenda a ler historicamente o mundo que o rodeia? De que forma podemos ajudar na formação da consciência histórica dos estudantes? Como colaborar na transformação de informações em conhecimentos significativos para a vida? Nesse sentido, é interessante a perspectiva de Marlene Cainelli (2006) quando destaca que é urgente que o professor do “[...] ensino fundamental pare de tentar levar o aluno para o passado, como se fosse possível embarcar em uma máquina do tempo”. A autora entende que “[...] cabe ao professor demonstrar aos alunos que conhecer o passado só é possível se conseguimos distinguir seus rostos, falas e sentimentos no presente”, ou seja, os estudantes, assim como os historiadores, estão no presente, estudar o passado pelo passado não tem sentido. É importante que os estudantes façam conexões entre o passado e o presente, que manipulem e interpretem evidências históricas, que o conhecimento possa orientar os sujeitos no presente.

Uma proposta de investigação: trabalhar com objetos antigos para contribuir no desenvolvimento do pensamento histórico dos estudantes

Diante do quadro teórico que esboçamos, ainda que rápida e superficialmente, fica evidente a necessidade de desenhar experiências educativas concretas para os nossos estudantes. Entendemos que trabalhar com objetos antigos em sala de aula pode ser uma forma interessante de contribuir para ampliar os horizontes no ensino de História, optando pela investigação e desenvolvimento do pensamento histórico dos nossos jovens, pois esses materiais, ou melhor, essas evidências históricas são fruto das ações dos seres humanos no tempo e no espaço.

Lembremos rapidamente da clássica obra de Marc Bloch “Apologia a História ou O Ofício de Historiador”, publicado pela primeira vez em 1949. O autor destaca que o objeto da História é por natureza o homem, melhor dizendo, as pessoas, e suas ações no tempo. Para o autor, por detrás das paisagens, dos utensílios ou das máquinas e dos documentos escritos são exatamente os homens que a história pretende apreender. Assim, entendemos que objetos são importantes ferramentas de investigação da história na sala de aula, pois nos informam sobre o modo de vida das pessoas no passado e no presente. 

Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p. 12) destacam que cada objeto traz em si uma multiplicidade de aspectos e significados. Os objetos mais comuns de uso doméstico ou cotidiano podem oferecer uma gama de informações “[...] a respeito de seu contexto histórico-temporal, da sociedade que o criou, usou e o transformou, dos gostos, valores, preferências de um grupo social, do seu nível tecnológico e artesanal, de seus hábitos, da complexa rede de relações sociais”. De acordo com os autores a observação, manipulação e a investigação de objetos podem revelar informações que permitem aos estudantes fazer conexões entre o passado e o presente, compreendendo com maior profundidade o mundo em que vivemos.

Uma opção é organizar uma aula de campo em um museu, cujo potencial de aprendizagem é significativo. No museu temos, entre outras, a oportunidade de empreender uma investigação histórica a partir dos objetos, ou seja, explorar um museu para além dos dados cronológicos e seu conteúdo temático. Helena Pinto (2009, p. 282), utilizando as ideia de Uzzell (1999) e Nakou (2001), destaca que os museus contribuem para o aprendizado em todas as idades, pois “[...] alimentam a curiosidade, reforçam a motivação e avivam o sentido de identificação do indivíduo com o lugar e o passado”. Isso é bastante significativo para determinadas áreas do conhecimento como, por exemplo, a História, pois “[...] o pensamento histórico dos alunos é estimulado, uma vez que se rodeiam de evidencias materiais da vida de uma comunidade humana no passado”.

Os objetos dos museus, utilizados de forma adequada, estimulam a interpretação histórica. Mas, que tal levar objetos antigos para a sala de aula, promovendo sua utilização como documento histórico? Para Bittencourt (2009, p. 355), objetos como mesas, vasos de cerâmica, roupas, tapetes, cadeiras, automóveis ou locomotivas, armas e moedas, podem ser transformados de simples objetos da vida cotidiana, em documentos ou em material didático, dotados de sentido, que servirão como fonte de análise, de interpretação e de crítica por parte dos estudantes.

Sendo assim, como conduzir uma atividade de interpretação de objetos antigos? Certamente a atividade precisa ser planejada de acordo com as características de cada turma. Os professores devem observar o contexto escolar e organizar a atividade de forma que os objetivos sejam alcançados. Inicialmente, o professor pode levar um objeto antigo para a sala de aula, que podemos chamar de objeto gerador. Um objeto, de preferência, que não seja familiar aos estudantes e que possibilite refletir sobre questões do cotidiano de quem o utilizava, no passado, e suas semelhanças com os objetos dos dias de hoje.

Uma boa sugestão é formar um circulo com os estudantes, colocar o objeto no centro do circulo para que todos o observem e pedir que respondam algumas questões sobre o referido objeto. Importante destacar que nessa perspectiva de pensar o ensino de História, entendemos que a pessoa em situação de aprendizagem tem uma bagagem cultural, conhecimentos específicos, que devem ser utilizados pelo professor. Muitas vezes esses conhecimentos podem ser baseados no senso comum, baseado nas suas experiências, do seu ambiente cultural, e o que os estudantes precisam é saber que há outras ideias.

A historiadora portuguesa Isabel Barca, pesquisadora da Educação Histórica, em entrevista a revista Nova Escola, em março de 2013, aposta na utilização de objetos antigos em aulas de História. Ela explica que o professor deve “[...] propor uma observação cuidadosa do objeto. Depois disso, ele tem de fazer perguntas para os alunos sobre o passado”. No trabalho com objetos é importante convidar os estudantes a imaginar a vida das pessoas a quem ele pertencia. Podemos investigar o objeto questionando: que é esse objeto? De que material é feito? Como foi feito (técnica artesanal ou fabril)? Qual a sua finalidade? De que maneira era usado? Quem utilizou esses objetos (homens, mulheres, crianças)? Que idade tem esse objeto? Ainda é utilizado? Para a autora a análise dessas respostas ajuda a entender “[...] até que ponto as crianças ultrapassam a simples materialidade dos exemplares, se os relacionam com uma comunidade e um estilo de vida e de que forma o fazem” (BARCA, 2013). Para a autora é o início de um pensamento histórico.   

Julgamos importante que o professor extraia vida desses objetos. Devemos situar o objeto no tempo e no espaço a qual pertence. É fundamental estabelecer pontes com o presente, ou seja, que se discuta as mudanças e permanências a partir do objeto em observação, sempre pontuando a ação das pessoas na movimentação e na escrita da História. Se for possível, é interessante utilizar o objeto com os estudantes para que eles percebam o seu funcionamento e possam fazer comparações com os objetos de hoje em dia, nossas formas de viver atualmente, bem como a compreensão do que significava esse objeto para as pessoas que o utilizaram.

Depois, cada aluno pode ser convidado a trazer um objeto que pertenceu a sua família - juntamente com uma pequena pesquisa sobre o referido objeto. Na sala de aula, cada aluno expõe seu objeto e socializa com a turma a sua história. Nesse momento, é importante o diálogo entre professores e estudantes, para que haja aprendizado significativo. Assim, “[...] fazer perguntas, ouvir respostas, completar informações expressa a relação necessária para a descoberta e a interpretação dos objetos” (BITTENCOURT, 2009, p. 360). 

Essa é uma atividade que tem a promessa de ser muito produtiva, pois a diversidade das peças reunidas pelos estudantes permite colocar em apreciação outros tempos. Quando falamos em tempos na História, estamos fazendo uso de Bloch (2001), quando afirma que o tempo da História é, por natureza, contínuo e em perpétua mudança, trata-se de um tempo aberto. Além disso, o trabalho com objetos permite apreciar outras formas de viver e múltiplas vozes, ou seja, múltiplos sujeitos e suas experiências numa perspectiva de diversidade.

Assim, trata-se de uma abordagem que tem a possibilidade de levar os estudantes a pensar historicamente através da investigação da história dos objetos. Entendemos que essa atividade tem a possibilidade de generalizar situações e conceitos. Muito diferente daquele ensino de História linear, pautado na valorização da história política, factual, personificada em heróis, excluindo a participação de outros sujeitos da História. Um ensino que se limitava a “[...] descrição de causas e consequências, que não problematiza a construção do processo histórico, uma vez que a História é tida como verdade a ser transmitida pelo professor e memorizada pelos alunos”, como explica as Diretrizes Curriculares de História (2008), que orientam a educação básica no estado do Paraná.

Entendemos que uma aula de campo em um museu, por exemplo, pode ser extremamente significativa. Porém, na dinâmica que propomos os estudantes investigam objetos de família. Isso possibilita que os estudantes relacionem a vida deles com a história, geral. Esses objetos, de pessoas comuns e próximas, mostram aos estudantes que na história não existem somente as versões dos reis, heróis e políticos. Essa atividade permite aos estudantes o entendimento de que todas as pessoas são sujeitos da história, todas as pessoas movimentam a história.           

Concluído esse processo, é possível, por exemplo, dar continuidade a essa atividade organizando com os estudantes uma exposição de objetos antigos, na própria sala de aula, na qual eles mesmos fazem a apresentação dos objetos aos outros estudantes da escola. É interessante convidar também os familiares para prestigiar o “pequeno grande evento” realizado pelos estudantes. Nesse momento da atividade eles já são capazes de relacionar passado e presente, de identificar permanências e mudanças, bem como entrelaçar o objeto com aspectos econômicos, sociais e culturais no contexto ao qual pertence, pois trabalharam dessa forma em sala com ajuda do professor nas etapas anteriores.

É como se os estudantes se tornassem “pequenos historiadores”, entre aspas, porque não é objetivo do professor transformar estudantes em historiadores. Mas, proporcionar o entendimento de como o conhecimento do passado chega até nós, que a história que discutimos nas aulas, a partir da historiografia, que encontramos nos livros didáticos, é uma interpretação dentre várias possíveis. Observando as Diretrizes Curriculares de História (2008), percebemos que é preciso recorrer aos vestígios e fontes históricas, bem como aos métodos de trabalho do historiador, para que os estudantes compreendam como se dá a construção do conhecimento histórico.

Já realizamos algumas experiências nesse sentido com os acadêmicos do primeiro ano do curso de História da UNESPAR, campus de União da Vitória, na disciplina de Patrimônio Cultural, e foi bastante produtivo. Os acadêmicos quando chegam ao curso têm dificuldades de entender as primeiras ideias, teóricas, sobre História, uma vez que elas são abstratas. Assim, o trabalho com a materialidade, ou seja, com os objetos antigos ajuda os acadêmicos a entender esse processo.

Abaixo disponibilizamos algumas imagens de “Exposições de Objetos Antigos” que realizamos nos anos letivos de 2013 e 2014. Trabalhamos no sentido de alargar o campo de visão dos acadêmicos sobre a História, bem como a importância e o potencial dessas evidências históricas nas escolas, em suas atividades enquanto professores.

Imagem 01: “Exposição de Objetos Antigos
Acadêmicas (o): Morgana Lourenço, Janaine de Kássia Dias, Anselmo Lima, Daniele Gluszczak e Welinton L. Giovanoni.
Acervo: Zuleide Maria Matulle.   


Além de contribuir para o desenvolvimento do pensamento histórico, ou seja, pensar historicamente, além de si e de seu tempo, pensar um mundo plural, esse trabalho permite, segundo Gaspari (2010, p. 38) que outras necessidades sejam contempladas como, por exemplo, a “[...] oralidade, observação, investigação, escrita, e, principalmente, a valorização da cultura material e a preservação da memória local”. Acrescentemos ainda, a essa lista, o respeito pela diversidade cultural, pois os objetos trabalhados pelos estudantes são portadores das mais diversas culturas.

Bem, para finalizar, é importante dizer que essa atividade sozinha não é capaz de produzir resultados satisfatórios. Entendemos que o trabalho com objetos antigos em sala de aula pode contribuir para ao desenvolvimento do pensamento histórico dos estudantes do ensino Fundamental. Para surtir o efeito que tanto desejamos é interessante que o professor incorpore essas ideias no cotidiano da sala de aula, ou seja, que planeje cuidadosamente tarefas que estimulem a interpretação histórica, relacionem presente e passado, orientem a vida prática dos estudantes e que dialogue com a teoria da História.

Reafirmamos que essas páginas expressam apenas algumas ideias, que podem estar equivocadas, para um ensino de História mais significativo aos nossos estudantes. O trabalho com objetos antigos tem suas fragilidades, no entanto, se essas páginas forem capazes de gerar diálogo teremos avançado no debate sobre o ensino de História, pois acreditamos que é discutindo nossas carências - nossos problemas com a comunidade acadêmica que encontraremos soluções adequadas. 

REFERÊNCIAS
 BARCA, Isabel. Ensinar História de modo linear faz com que os alunos se lembrem só de marcos cronológicos. Entrevista. In: Nova Escola. Edição 260, março de 2013.
Disponível em: http//reistaescola.abril.com/fundamental-2/isabel-barca-fala-ensino-historia-743165.shtml    Acesso em 04.04. 2015.
BITTENCOURT, Circe. Livros didáticos entre textos e imagens. O saber histórico na sala de aula. Edição São Paulo: Contexto, 2002.
_______. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2009.
BLOCH, Marc. Apologia a História ou O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.   
CAINELLI, Marlene. Educação Histórica: perspectivas de aprendizagem da história no ensino fundamental. In: Educar, Curitiba, Especial. Editora UFPR, p. 57-72, 2006.
______. A construção do pensamento histórico em aulas de História no ensino fundamental. In: Tempos Históricos. Vol. 12, p. 97-109, 2008.
GASPARI, Leni Trentim. Ensinando a história da cidade: construindo ideias e entrelaçando práticas. União da Vitória: FAFIUV, 2010.
HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, Museu Imperial, 1999. 
PARANÁ, Diretrizes Curriculares da Educação Básica – História. Secretaria de Estado da Educação do Paraná: Curitiba, 2008.
PINTO, Helena. O triangulo patrimônio-museu-escola: que relação com a Educação Histórica? In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel. Aprender História: perspectiva da educação histórica. Ijuí: Ed. Unijuí, 271-302, 2009.   
RÜSEN, Jörn. Razão histórica: teoria da história – fundamentos da ciência histórica. Tradução Estevão de Rezende Martins. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001. 
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel. Aprender história: perspectiva da educação histórica. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009.   

27 comentários:

  1. Olá sou Marine ide e concordo muito com o texto: OBJETOS ANTIGOS NO ENSINO DE HISTÓRIA: CONTRIBUIÇÕES PARA FORMAÇÃO DO PENSAMENTO HISTÓRICO DOS ESTUDANTES. De Zuleide Maria Matulle, moro em uma cidade pequena, como não temos casa de memória ou museus, faço esse resgate em sala de aula, planejado corretamente e com muitas orientações para que saia um trabalho a altura. Esse ano apesar do contra tempo em que estamos passando a Educação no Estado do Paraná, já consegui desenvolver esse trabalho com o ensino fundamenta 6ª ano, a cada ano que faço essa experiência de tornar há sala em memoria nossas aulas se torna cada vez mais agradáveis. E as brincadeiras antigas então é uma verdadeira animação, principalmente para os viciados no celular que fica na brincadeira e acaba esquecendo os celulares.
    Com certeza com o uso de brincadeiras e objetos antigos o Ensino de Historia se torna bem mais significativos para os educandos e toda sociedade.

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    1. Olá Marineide, obrigada pelo comentário. Sim, objeto antigo de uso doméstico e familiar, jogos com conteúdos de história, saídas a campo para pensar historicamente, brincadeiras antigas, etc, são significativos na formação dos nossos estudantes, contribui com um ensino voltado para a vida prática. Objetos antigos, por exemplo, podem contar histórias, podem nos levar a entender tempos e formas de viver, para além de si mesmo. Acredito muito nessas propostas e fico feliz em saber que têm professor@s que também acreditam nelas. Parabéns pelo trabalho com seus estudantes.

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  2. Olá Zuleide, o estudo dos objetos antigos é bem apropriado para o ensino de História, nesse caso acho que as visitas a museus torna-se uma atividade quase obrigatória, mas quando não se dispõem desse recurso ? O que fazer ? Existem possibilidades de acesso a esses museus virtualmente ? Como posso acessar ?

    Orlando Marcelo Nalin Busignani

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    1. Olá Orlando, obrigada pelo questionamento. Sim, visitas orientadas a museus são sempre significativas no ensino de História, pois os objetos lá expostos oferecem “uma gama de informações a respeito de seu contexto histórico-temporal, da sociedade que o criou, usou e o transformou, dos gostos, valores, preferências de um grupo social, do seu nível tecnológico e artesanal, de seus hábitos, da complexa rede de relações sociais”, como destacam Horta, Grumberg e Monteiro (1999). Os museus contribuem para o desenvolvimento do pensamento histórico dos estudantes. Na falta deles os professores podem fazer uso de museus virtuais, disponíveis na internet, que contemplam diversos temas. O uso desses museus virtuais com os estudantes é interessante porque conseguimos fugir um pouco da aula expositiva, conseguimos oferecer aos estudantes outras experiências de aprendizagem, ou seja, outras formas de aprender. É importante conhecer bem essas ferramentas para preparar as aulas, planejar cuidadosamente abordagens e tarefas que estimulem a interpretação histórica, que relacionem presente e passado e que dialoguem com a teoria da História. Essas propostas são significativas, porém, acredito muito no trabalho com os objetos antigos em sala de aula, itens familiares, de uso cotidiano. Acredito num trabalho que envolva os estudantes na coleta desses objetos, na pesquisa de sua história, na reunião desses objetos em sala de aula, na exposição aos demais estudantes, como apontamos no texto. Por ser um trabalho que envolve os estudantes, a escola e os familiares acredito que essa proposta contribui para um ensino de História mais significativo, que ensina para a valorização da cultura material, para a preservação da memória local, para a vida prática, como destaca Rüsen. Nesse link encontramos alguns museus virtuais bem interessantes:
      http://canaldoensino.com.br/blog/50-museus-virtuais-para-voce-visitar

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  3. Boa tarde, interessante seu texto. Na escola em que meu filho estuda, as professoras do jardim já utilizam essa prática desde a educação infantil. No ano passado os pais levaram fotografias de infância que se relacionavam com brincadeiras, foi feito um grande mural utilizando as fotos como fonte. Como você vê a criação de uma consciência histórica desde os anos iniciais?
    Atenciosamente
    Michele Metelski

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    1. Olá Michele, obrigada pela participação. Bem, creio que atividades que contribuam para o desenvolvimento do pensamento histórico dos estudantes são importantes desde a infância. Como destaca Marlene Cainelli (2008) existe “[...] uma cognição histórica que seria a possibilidade de a criança ser capaz de desenvolver raciocínios de forma elaborada, no momento em que são criadas condições de aprendizagem significativas, em relação com suas vivências prévias”. O que ocorre na escola onde seu filho estuda - que é a criação de condições de aprendizagem significativas, é muito bacana, não precisamos esperar a criança chegar ao ensino fundamental para trabalhar nesse sentido. Aliás, os estudantes quando chegam ao ensino fundamental têm dificuldades de entender, por exemplo, como o passado chega até nós, dificuldades de entender que a história que chega a nós a “polida” pelos historiadores, que é escrita através de fontes, que o passado não muda, mas o conhecimento sobre o passado é alterado constantemente. Claro que isso é abstrato demais para crianças, mas acredito que professores e estudantes enfrentariam menos problemas se essas discussões estivessem presentes desde cedo nas escolas, nas séries iniciais, por exemplo. Aqui, em União da Vitória e região, já trabalhamos com as professor@as das séries inicias, ministrando cursos voltados ao ensino de história local, uso de objetos antigos, saídas a campo, etc, e foi significativo para as cursistas e seus pequenos estudantes, pois conversávamos sobre teoria em sala de aula e as professor@s realizavam as práticas nas escolas. Portanto, acredito que desenvolver atividades na infância - que estimulem a compreensão do mundo que nos cerca é fundamental.

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    2. Grata pela resposta, concordo plenamente contigo! Parabéns pelo trabalho!

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  4. É importante mostrar aos alunos os objetos antigos, sua funcionalidade, bem como sua evolução ao longo do tempo, e sua utilização na atualidade, se for o caso. Como fazer essa relação do passado e do presente de modo que atraia a atenção e o interesse do aluno, visto que vivemos em um era digital?

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  5. É importante mostrar aos alunos os objetos antigos, sua funcionalidade, bem como sua evolução ao longo do tempo, e sua utilização na atualidade, se for o caso. Como fazer essa relação do passado e do presente de modo que atraia a atenção e o interesse do aluno, visto que vivemos em um era digital?
    Daniela Aparecida Da Silva.

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    1. Olá Daniela, obrigada pela participação. Bem, creio que podemos (e devemos) utilizar o fato de que vivemos em uma era digital, onde as mensagens, as notícias, as informações são instantâneas, estão a um clique, para fazer essa relação presente/passado que é tão importante para os estudantes. Hoje, por exemplo, praticamente todos os estudantes têm aparelhos de celular, computador, internet e os utilizam diariamente. Mas, me pergunto: os nossos estudantes compreendem como as pessoas se comunicavam no passado, ou seja, eles compreendem como chegamos até aqui? Nossas super tecnologias são frutos de um processo que os estudantes precisam compreender. Essa abordagem é interessante porque partimos dos nossos problemas, do nosso presente e levamos os estudantes a compreender situações complexas em outros tempos, entender um processo. Acredito que isso já atrai o interesse do estudante, ou seja, partir de algo próximo a ele, que faz parte do seu dia-a-dia, como o celular, por exemplo. A partir disso, é possível mostrar instrumentos antigos de comunicação: o telégrafo, uma espécie de avô do sms (responsável por mandar mensagens a todas as localidades, a ponto da profissão de telegrafista ser sinônimo de status social, isso num passado próximo), as máquinas de datilografia, os mimeógrafos das escolas em contraste com as impressoras (que hoje imprimem em 3D), podemos falar das pessoas como meios de comunicação, vide o exemplo dos tropeiros - que eram portadores de notícia, que levavam mensagens de uma cidade para outras enquanto levavam o gado do sul para o sudeste, nas feiras de Sorocaba, etc. Quer dizer, esse mundo tecnológico, que mal conseguimos acompanhar, por si só, já chama atenção, pois faz parte da vida do estudante, só precisamos de uma abordagem correta, planejar o que queremos fazer, traçar nossos objetivos e nos deliciar com uma aula que foge aos padrões tradicionais, que ensina para a vida prática.

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  6. Márcia Aparecida Orsi13 de maio de 2015 às 06:13

    È importante que os alunos participam não só de aulas teóricas ,mas também das praticas nos museus passeios culturais,desde que o professor tenha conhecimento do assunto.
    .Márcia Aparecida Orsi

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    1. Olá Márcia, obrigada pela participação. Sim, todas essas abordagens precisam ser bem planejadas, com objetivos e procedimentos bem definidos. conhecimento é fundamental, aqui, em União da Vitória e região, já trabalhamos com as professor@as das séries inicias, ministrando cursos voltados ao ensino de história local, uso de objetos antigos, saídas a campo, etc, e foi significativo para as cursistas e seus pequenos estudantes, pois conversávamos sobre teoria em sala de aula e as professor@s realizavam as práticas nas escolas. Foi a forma que encontramos para instrumentalizar as professoras que já atuam nas escolas, nas séries iniciais, principalmente. Mais que isso, entendo que o professor é sempre um pesquisador, nunca pode parar de estudar, de se aperfeiçoar e pode procurar os caminhos para uma prática renovadora em sala de aula.

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  7. Como utilizar sites de Museus para instigar os alunos de cidades pequenas? Visto que não temos o espaço físico para apresentar ao aluno.
    Aline Beatriz Barbosa de Melo

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    1. Olá Aline, obrigada pela participação. Os museus contribuem para o desenvolvimento do pensamento histórico dos estudantes e é triste pensar que muitas cidades não possuem uma casa de memória, um museu. Na falta deles os professores podem fazer uso de museus virtuais, disponíveis na internet, que contemplam diversos temas. É certo que esses museus limitam a experiência material e simbólica com o patrimônio histórico, é um campo ainda aberto para discussão, mas o uso desses museus virtuais com os estudantes é interessante porque conseguimos fugir um pouco da aula expositiva, conseguimos oferecer aos estudantes outras experiências de aprendizagem, ou seja, outras formas de aprender. Acho que não existe uma receita para isso, justamente por ser um campo novo para o ensino de história. Acredito que é importante conhecer bem essas ferramentas para preparar as aulas, planejar cuidadosamente abordagens e tarefas que estimulem a interpretação histórica, que relacionem presente e passado e que dialoguem com a teoria da História. É importante acessar as galerias de imagens, vídeos e se possível, faça o tour virtual oferecido pelo site, para que possa desenvolver planos de aula significativos. Nesse link encontramos alguns museus virtuais bem interessantes: http://canaldoensino.com.br/blog/50-museus-virtuais-para-voce-visitar
      No entanto, na falta museus uma possibilidade é justamente o trabalho com objetos antigos em sala de aula. É possível criar um pequeno museu na escola com os estudantes, no qual toda a escola é beneficiada.

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  8. Ola professora.Tudo bem?
    Muito obrigado pelo excelente texto,uma abordagem muito util.Certamente irei usar essa metodologia em aula.

    Tendo em vista a problemática de estarmos afastados de objetos referentes a Historia,como por exemplo objetos citados na historia antiga,o fato de se fazer uso de objetos que esta ao redor de nos como fonte histórica foi por demais de acertada.
    Por favor,permita perguntar:

    Os objetos estudados poderia ser muitos,tais como roupas,acessorios,relogios ,calendários de épocas,livros antigos ,etc....
    Mas e o que dizer de se comparar esses objetos antigos diversos com seus correspondentes modernos??Seria possível ensinar as permanências e as mudanças ocorridas?

    Muito obrigado.

    Wander Alexandre Araújo Miranda . Bauru-SP

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    1. Olá Wander, eu que agradeço pela sua participação, fico feliz em saber que minha proposta vai gerar resultados. Bem, trabalhar com objetos antigos em sala de aula, aqueles que os alunos têm em casa, que fazem parte da história familiar, etc, é muito interessante justamente porque a variedade dos objetos é muito grande. Nas exposições de objetos antigos que realizamos com o primeiro ano do curso de História, aqui na UNESPAR-FAIUV, a variedade de objetos foi imensa: relógios de parede, instrumentos de trabalho, louças, armas (pois vivemos em uma cidade pequena - do interior e é comum os pais ter armas antigas como herança de família), roupas, ferros de passar antigos, moedas, dinheiro, máquinas utilizadas nas cozinhas, aparelhos de rádio, revistas, livros, ferramentas, lampiões a querosene, máquinas de costura, etc, etc. Quanto a questão de discutir as permanências e as mudanças através dos objetos eu acho fundamental. Hoje vivemos em um mundo super tecnológico, as informações, a comunicação está a um clique de nós.... mas, me pergunto se nossos estudantes entendem como chegamos aqui, eles compreendem essa noção de processo, por exemplo. Nesse sentido, entendo que é possível e muito útil discutir as permanências e mudanças manipulando objetos antigos e modernos, para entender essa noção de processo. Vide o exemplo das mensagens instantâneas de celular e e-mail - que fazem parte do cotidiano de praticamente todos os nossos estudantes, com formas de comunicação no passado, cartas, telegrafia, das pessoas como meio de comunicação, como os tropeiros, por exemplo, que levavam mensagens e notícias de uma cidade para outra quando transportavam gado do sul do Brasil às feiras de Sorocaba... Mais que isso, é importante entrelaçar os objetos com aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais... sempre atrelando pessoas aos objetos, pois o interesse da história são as pessoas no tempo(s). Assim, acredito que é possível oportunizar aos estudantes a abordagem de situações complexas, de investigação histórica e não o simples repasse de informações.

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  9. pergunta do dia 12 que não apareceu quando publiquei. Cada historiador tem um modo de pensar sobre os filmes,e nossos alunos em sala de aula como seria para eles uma ótima fonte de pesquisa para o ensino de historia, ou apenas uma representação de um documento histórico?

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  10. pergunta do dia 12 que não apareceu quando publiquei. Cada historiador tem um modo de pensar sobre os filmes,e nossos alunos em sala de aula como seria para eles uma ótima fonte de pesquisa para o ensino de historia, ou apenas uma representação de um documento histórico? melania presa da silva

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  11. Segundo Helena Pinto,os museus contribuem para o aprendizado em todas as idades,pois alimenta curiosidade e motivaçãopara o ensino-aprendizagem.Sendo assim,gostaria de saber como proceder para conseguir um espaço e organizar juntamente com alunos e comunidade um museu histórico na minha cidade.
    Marli Aparecida Sturion

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    1. Olá Marli, obrigada pela participação. Acho louvável sua iniciativa de criar um museu em sua cidade - e certamente envolver os estudantes nesse processo é importante e muito contribui para a formação deles. Mas, a criação de museus foge da minha competência, pouco posso te ajudar nesse sentido. Entendo que você deve articular isso na câmara de vereadores da sua cidade, pois é necessário um projeto, que ele passe por votação pelos pares e se estabeleça uma lei de criação... a partir daí um museu poderá existir. Com seus alunos você pode criar um projeto, mostrando a importância de um museu em sua cidade e levar aos vereadores para os encaminhamentos legais. Nos link abaixo poderá encontrar algumas informações:

      http://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/09/manual-subsidio-para-criacao-de-museu.pdf

      http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11904.htm

      Instituto Brasileiro de Museus: www.museus.gov.br.

      http://www.cosem.cultura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=22

      Aqui, poderá ter algumas informações para iniciar, boa sorte.

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  12. Como a construção de noções modifica a maneira como o aluno compreende os elementos do mundo e as relações que esses elementos estabelecem entre si, na medida em que o ensino de História lhe possibilita construir noções, proporcionando mudanças no seu modo de entender a si mesmo, entender os outros, as relações sociais e a própria História.

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    1. Olá Ana Maria, obrigada pela participação. Concordo com você, o modo como ensinamos história pode contribuir para o pensar além de si e de seu tempo. Acredito muito nessa proposta de relacionar presente e passado, atrelar teoria da história a prática em sala de aula, ou seja, proporcionar aos estudantes situações complexas de aprendizado. Acho que tudo isso contribui para desenvolver no aluno formas mais concretas de ler o mundo que o rodeia.

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  13. Rafael Moura Roberti15 de maio de 2015 às 06:41

    Excelente experiência. Como se deu o pós experimento com os alunos, foram trabalhados os conceitos?!

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    1. Olá Rafael, obrigada pela participação. Bem, todos os conceitos, as discussões necessárias ao desenvolvimento da atividade foram colocadas em prática antes da exposição, pois é justamente esse início mais problemático - os estudantes têm dificuldades de compreender que os objetos são portadores de significados, falam sobre a modo de vida das pessoas, em diferentes tempos e espaços, etc. Após a exposição falamos sobre a experiência e a utilização em sala de aula, ou seja, como utilizar essa dinâmica nas escolas com os estudantes do ensino fundamental e médio. Considero que essas discussões são fundamentais visto que nosso curso de História é voltado para a licenciatura.

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  14. Se a nossa história deixa a desejar, porque não buscar em suas origens os elementos que estão faltando para completa-lá?
    Belarmina Ribeiro de Sousa

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  15. Valeria Taborda de Almeida15 de maio de 2015 às 17:38

    Acho muito interessante essa questão de levar um pouco do que se chama de passado para o presente do aluno e de quem quer aprender um pouco sobre a história. E gostaria de saber como trabalhar com esses elementos em sala de aula? Essa pesquisa de campo seria fundamentada em alguma teoria ou metodologia específica? No seu texto você também cita que é interessante interagir com o senso comum dos alunos, deixando-os usar de seus argumentos cotidianos para explicar o que é esse passado histórico, mas até que ponto pode-se deixar descrever certos conceitos com o senso comum? O professor deve se opor a ideia do aluno corrigindo-o ou deve deixá-lo imaginar como seu conhecimento comum o faz pensar?
    Valeria Taborda de Almeida

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  16. Olá Valéria, obrigada pela participação. Seus questionamentos são pertinentes. Bem, o presente texto foi norteado pelas discussões sobre Educação Histórica, principalmente do diálogo apresentado por professores do LAPEDUH, Laboratório de Investigação em Educação Histórica, que investiga as ideias históricas de crianças e jovens. Nessa linha de raciocínio sobre o ensino de História vemos a necessidade de realizar uma intervenção adequada, utilizando-se de fontes históricas, da análise e produção de narrativas históricas, “[...] tendo como objetivo uma progressão do saber histórico nos jovens e nas crianças, à luz do conhecimento científico e articulado as necessidades de compreensão da realidade social” (SCHMIDT; BARCA, 2009, p. 12). Trata-se de discussões que procuram verificar como crianças e jovens aprendem história e desenvolvem abordagens adequadas nesse campo. Acredito que relacionar passado e presente é fundamental para que o estudante compreendam a noção de processo na história, os estudantes precisam compreender como chegamos até aqui, por exemplo. Uma boa proposta para relacionar presente e passado é partir de algo próximo do estudante, que faz parte de seu cotidiano, que lhe desperte interesse. Praticamente todos os conteúdos de história podem ser iniciados pelo presente, por exemplo, se vamos estudar escravidão no Brasil, podemos estabelecer um diálogo sobre o trabalho escravo atual, sobre o racismo - problemas atuais. Rüsen, um historiador alemão que muito vem influenciando o ensino de história nos últimos anos, fala um pouco dessa proposta de partir de algo próximo do estudante, pois estamos no presente, temos carências de orientação, que vamos compreender buscando respostas no passado. Assim, o ensino de história faz sentido para os estudantes. Quanto a questão do senso comum, acredito que nossos estudante trazem uma bagagem cultural, que pode ser baseada no senso comum, e o professor pode se utilizar disso, não consigo aceitar os estudantes em sala de aula totalmente em silêncio e somente ouvindo professor falar. É preciso investigar que ideias os estudantes têm sobre determinado tema, mapear que terreno estamos pisando, e essas ideias baseadas no senso comum, não estão "erradas", é a ideia que ele possui através do seu contexto sociocultural - o que os estudantes precisam é compreender que existem outras ideias. Veja, promovendo situações de aprendizagem adequadas, significativas, que permitam relacionar presente passado, que estejam fervilhando de pessoas, que apresente outras ideias aos estudantes, que amplie seu campo de visão sobre a sociedade, ele mesmo terá condições de reformular suas ideias, baseadas no senso comum. É interessante investigar as ideias dos estudantes no início de um conteúdo e depois verificar o que mudou no discurso deles, quer dizer, houve aprendizado significativo, o aluno conseguiu ampliar seus conhecimentos? Houve uma progressão no seu discurso? Agora ele fala com base no senso comum ou tem argumentos históricos em seu discurso, compreensão da realidade. Acredito que é importante interagir com as ideias dos estudantes e trabalhar para ampliar essas ideias.

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